Pete estava sentado diante da pequena escrivaninha na sala de estar dos aposentos dourados, que compartilhava com Vegas, quando ele subiu após o jantar. Pete levantou a cabeça e explicou que estava escrevendo para a família, em Saengthan's. Ele presumiu que o marido incluía no termo "família" as crianças órfãs, a tia e provavelmente também a preceptora e seu filho, e quase com certeza ainda a governanta feroz, o rapaz com problemas mentais e todos os outros estranhos criados dos quais ele se cercara.
Vegas não se espantaria em saber que ele também mandava cumprimentos acalorados ao vira- lata. Ele se sentou em uma poltrona funda e ficou observando-o enquanto considerava a ideia de descer para pegar um livro, mas logo a afastou. Não estava acostumado com o ócio.
KIM tinha um compromisso para o jantar. Pete subira ao fim da refeição e deixara o marido tomando vinho do Porto com os irmãos, mas Alleyne partira logo depois para uma visita ao White's Club, onde se encontraria com alguns amigos antes de seguirem para um baile. Kinn iria sair mais tarde para algum destino não informado – a casa da amante, suspeitava Vegas. Ele também poderia ter saído. Poderia ter ido ao clube com Alleyne. Sem dúvida encontraria vários conhecidos lá, com quem poderia passar uma ou duas horas agradáveis.
Mas tinha um marido que insistira em permanecer em Pathaya para o bem dele, mesmo que ele não a quisesse ali e ele mesmo não desejasse estar ali. E é claro que Pete não poderia sair para lugar nenhum, exceto talvez o teatro, até ter sido apresentado à sociedade. Vegas tamborilou com os dedos nos braços da poltrona enquanto o marido secava a tinta da carta, dobrava a folha e a colocava de lado. Então Pete atravessou a sala até um sofá e pegou um bordado em uma bolsa que estava ao lado – tudo sem sequer olhar para ele.
– O coronel me deixa nervoso – disse Pete, depois de alguns minutos bordando.
– Deixo? – Ele parou de tamborilar com os dedos e franziu o cenho em direção ao topo da cabeça baixada do marido. – Por quê?
– É tão silencioso – falou Pete. – E fica me encarando.
Silencioso? Só ele? Pete redigia uma carta na hora que ele entrou na sala, de costas para a poltrona que ele ocupou. O que esperava, que ele ficasse tagarelando enquanto ele escrevia? E o marido não falara uma palavra desde que terminara a carta... até aquele momento.
– Perdão... – disse Vegas. Foi a vez de o marido franzir o cenho, erguendo os olhos para ele.
– O senhor sorri em algum momento? – perguntou ele. Que diabo de pergunta era aquela? É claro que ele sorria. Mas devia ficar rindo, gargalhando, o tempo todo, sem motivo? – Nunca o vi sorrir – observou Pete. – Nem uma vez sequer.
– Parece que não tive muito motivo – retrucou ele.
– Lamento por isso – falou ele, voltando a se debruçar sobre o trabalho. - Maldição! Agora ele pensaria que ele estava se referindo ao casamento deles e à companhia de Pete. Mas havia ficado em casa com ele, não é mesmo? Tanto na noite da véspera quanto naquela.
– Sou um assassino – disse Vegas de súbito. – Mato para ganhar a vida. Não há nada muito divertido a esse respeito. - Pete levantou os olhos para ele, a agulha suspensa sobre o bordado. Vegas franziu o cenho. Por que diabos dissera aquilo? Não pensava conscientemente daquela forma fazia anos. Nunca falara com ninguém sobre esses pensamentos, menos ainda com um ômega.
– É assim que se vê? – perguntou Pete. – Como um assassino?
– Dizem que toda mulher é apaixonada por um uniforme – falou Vegas. – No momento, acredito que toda a Tailândia, homens, mulheres e ômegas, ama um uniforme, desde que seja Tailandês, Lãs ou Taiwanês. Todos amam assassinos.
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AGORA CASADOS - VEGASPETE
FanfictionPete é um ômega resiliente, com um pai recém falecido, e um irmão lutando na guerra, mas um dia ele descobre que tudo irá mudar. Pete perderá as poucas coisas que têm, seus filhos adotivos, os amigos desprezados da sociedade, seu cachorro Minoi, e s...