– O que acha, meu amor? - Havia um toque de travessura e triunfo na voz de tia Mari quando a porta do quarto dela no hotel Pulteney finalmente se abrira e, apoiada em sua bengala, ela entrara na sala de estar particular que compartilhava com o sobrinho. Ela estivera no quarto desde o café da manhã, supostamente descansando da viagem longa e exaustiva da véspera, antes de se preparar para o casamento.
Pete vinha esperando impaciente que a tia reaparecesse. Não sabia ao certo quando o coronel Theerapanyakul chegaria e, por isso, terminara de se vestir bem cedo. Sentia-se elegante, embora um pouco fora de moda, em seu melhor terno cinza de passeio.
Edith, que era habilidosa com as mãos, escovara os cabelos dele, prendendo cachos bem-feitos atrás da cabeça e deixando algumas ondas pelo pescoço e a testa. As luvas negras estavam sobre a mesa perto da porta, prontas para serem calçadas quando fosse a hora de partir. Junto com as luvas estava também o casquete mais modesto de Pete – seu segundo melhor chapéu, o mesmo usado na véspera –, já que não havia sinal do casquete mais elegante, que ele estava certa de ter visto Edith entregar ao cocheiro, ainda em casa.
A própria Edith insistia, em lágrimas, que havia sim trazido a caixa de chapéus com o casquete e que provavelmente a caixa caíra da carruagem em algum fosso, onde agora os pássaros o bicavam, as raposas o rasgavam ou algum vagabundo o pegava. Talvez o chapéu tivesse sido levado por engano para o quarto de tia Mari, sugeriu Pete, tanto para acalmar Edith quanto para se convencer.
– Ah! – exclamou aliviada ao ver o casquete nas mãos da tia. – Aí está meu chapéu. Então ele se aproximou para olhar mais de perto.
Era o mesmo casquete que usara na cerimônia funerária em Chiang Mai, dois dias antes, mas estava tão diferente que era quase impossível reconhecê-lo.
Uma fita larga cor de lavanda, muito bem passada, fora presa sob a aba e arrumada de modo a formar um conjunto de laços em um dos lados. Fitas mais estreitas, combinando, desciam pelo outro lado.
– Eu tinha a fita em minha caixa de costura, em casa – explicou tia Mari, rindo como uma criança empolgada. – Estava à espera de uma ocasião especial. Decidi que a ocasião era essa, meu amor, seu casamento. Lavanda é uma cor que pode ser usada no luto, mas é muito mais alegre do que cinza.
– Mas não é um casamento de verdade. - Pete atravessou o aposento e pegou o casquete das mãos da tia.
– Como chamaria, então? – perguntou tia Mari. – É uma cerimônia que a ligará ao coronel Theerapanyakul pelo resto da sua vida. É um casamento, sim. Se eu achasse que você está fazendo isso só por mim, estaria me opondo com determinação à ideia até agora. Mas não é só por mim, portanto o que posso dizer?
– Nada. – Pete arrumou o chapéu com cuidado para não desarrumar os cachos. – O que estou fazendo é antes de mais nada por mim mesmo, tia Mari. Não consigo suportar a ideia de perder Saengthan's e minha fortuna. – Ele tentou manter o tom leve, mas não leve demais.
– Ainda está para chegar o dia – disse tia Mari, de um jeito sarcástico – Que pensará apenas em si mesmo. Você é a pessoa menos egoísta que conheço e está fazendo isso por todos, exceto por si mesmo. Mas talvez seja recompensada mesmo assim. Ele é um bom homem, um bom alfa, meu amor.
Apesar dos dedos meio retorcidos por causa do reumatismo, a tia afastou as mãos de Pete e amarrou as fitas do chapéu, puxando-as levemente para um dos lados do queixo.
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AGORA CASADOS - VEGASPETE
FanfictionPete é um ômega resiliente, com um pai recém falecido, e um irmão lutando na guerra, mas um dia ele descobre que tudo irá mudar. Pete perderá as poucas coisas que têm, seus filhos adotivos, os amigos desprezados da sociedade, seu cachorro Minoi, e s...