Vegas estava parado diante da janela da sala de estar do Solar Saengthan's, olhando para o dia cinza do lado de fora. Pela primeira vez desde que voltara à Tailândia, as nuvens estavam baixas e pesadas, ameaçando chuva. Ele havia imaginado que já estaria adiantado em seu caminho para Bangkok antes que a escuridão caísse, mas o último trecho da volta de Pathaya fora longo e Vegas acabara aceitando o convite para um chá antes de retomar a viagem. Ele levou a xícara aos lábios e bebeu todo o chá.
As senhoras estavam sentadas em um grupo atrás dele: seu esposo, a Sra. Pritchard e a preceptora, que havia sido apresentada a ele como Srta. Rice.
Parecia estranho a Vegas que a preceptora se juntasse a eles para o chá, mas a verdade era que várias coisas lhe pareciam estranhas naquela casa – como, por exemplo, o fato de todos os criados e crianças estarem reunidos na varanda quando a carruagem se aproximou, mais cedo, não em uma fila de recepção ordenada, silenciosa e respeitosa, mas em uma algazarra, todos rindo e falando ao mesmo tempo.
Enquanto isso, aquele cão infernal latia sem parar. Imaginou que a falta de controle do marido sobre seus subordinados era uma herança burguesa sua – e algo que a impelira a se casar com um estranho pelo bem deles.
Ainda assim, Vegas tinha que admitir que havia um aconchego verdadeiro naquela casa, que ele jamais encontrara em nenhum outro lugar. E não podia deixar de pensar que nenhum outro ômega teria abandonado todos na varanda para levar as crianças ao quarto deles – em vez de entregá-las aos cuidados da babá – e então passar quinze minutos lá com eles, desembrulhando os presentes. E ele não era sequer é o pai ômega deles. Vegas se perguntou subitamente se o marido desejara algum dia ter os próprios filhos. Mas agora era tarde demais para pensar nisso.
– Pete – dizia agora a Srta. Rice, interrompendo a conversa em uma voz branda – e coronel Theerapanyakul, preciso me manifestar. - Ela falava com pressa e Vegas se voltou em sua direção. – Preciso agradecer aos dois do fundo do meu coração. Em nome das crianças, que estavam apavoradas, mesmo sem entenderem bem o motivo, obrigada. Ele voltou aqui ontem, vocês sabem... estou falando do Sr. Kan Saengtham. Thankhun disse a ele que você, Pete, estava passando o dia fora com a Sra. Pritchard. Ele percorreu cada cômodo da casa, inspecionou todos os armários e gavetas. Trouxe dois criados para contarem a prataria, a porcelana, os cristais, as roupas de cama, mesa e banho, para que tudo estivesse contabilizado antes de sua partida. E fez Thankhun reunir todos no vestíbulo, antes de partir. Ele nos obrigou a formar duas fileiras, como soldados, e nos disse que amanhã deveríamos estar todos longe daqui, do contrário nos denunciaria por vadiagem e nos jogaria na cadeia. Na verdade, ele pareceu muito contente ao fazer isso.
Sim, o homem deveria estar mesmo muito contente, pensou Vegas. Era possível até imaginar a cena.
– Ah, Thelma – disse o marido dele, consternado. – Todos os cômodos? Como ele pôde? Cada armário e gaveta?
– Sim – confirmou a Srta. Rice. – Ele disse que nos dará até o meio-dia de amanhã. É quando estará de volta.
– Vou escrever para ele sem demora. - O marido de Vegas se levantou e voltou-se para olhar para ele. Parecia mais pálido agora do que na véspera, ele notou. Estava todo de cinza novamente. O chapéu com a barra em lavanda não fora usado na viagem daquele dia. – Mas me despedirei do senhor antes, coronel. Espero que a chuva não o atrase.
– Escrever? – disse Vegas. – Vai escrever para ele em vez de confrontá-lo em pessoa e ver a expressão dele quando descobrir a verdade? Ou é um covarde, nong, ou não tem o menor senso dramático. - Pete deu um meio sorriso.
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AGORA CASADOS - VEGASPETE
FanfictionPete é um ômega resiliente, com um pai recém falecido, e um irmão lutando na guerra, mas um dia ele descobre que tudo irá mudar. Pete perderá as poucas coisas que têm, seus filhos adotivos, os amigos desprezados da sociedade, seu cachorro Minoi, e s...