7 - Capítulo

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Vegas estava parado diante da janela da sala de estar do Solar Saengthan's, olhando para o dia cinza do lado de fora. Pela primeira vez desde que voltara à Tailândia, as nuvens estavam baixas e pesadas, ameaçando chuva. Ele havia imaginado que já estaria adiantado em seu caminho para Bangkok antes que a escuridão caísse, mas o último trecho da volta de Pathaya fora longo e Vegas acabara aceitando o convite para um chá antes de retomar a viagem. Ele levou a xícara aos lábios e bebeu todo o chá.

As senhoras estavam sentadas em um grupo atrás dele: seu esposo, a Sra. Pritchard e a preceptora, que havia sido apresentada a ele como Srta. Rice.

Parecia estranho a Vegas que a preceptora se juntasse a eles para o chá, mas a verdade era que várias coisas lhe pareciam estranhas naquela casa – como, por exemplo, o fato de todos os criados e crianças estarem reunidos na varanda quando a carruagem se aproximou, mais cedo, não em uma fila de recepção ordenada, silenciosa e respeitosa, mas em uma algazarra, todos rindo e falando ao mesmo tempo.

Enquanto isso, aquele cão infernal latia sem parar. Imaginou que a falta de controle do marido sobre seus subordinados era uma herança burguesa sua – e algo que a impelira a se casar com um estranho pelo bem deles.

Ainda assim, Vegas tinha que admitir que havia um aconchego verdadeiro naquela casa, que ele jamais encontrara em nenhum outro lugar. E não podia deixar de pensar que nenhum outro ômega teria abandonado todos na varanda para levar as crianças ao quarto deles – em vez de entregá-las aos cuidados da babá – e então passar quinze minutos lá com eles, desembrulhando os presentes. E ele não era sequer é o pai ômega deles. Vegas se perguntou subitamente se o marido desejara algum dia ter os próprios filhos. Mas agora era tarde demais para pensar nisso.


– Pete – dizia agora a Srta. Rice, interrompendo a conversa em uma voz branda – e coronel Theerapanyakul, preciso me manifestar. - Ela falava com pressa e Vegas se voltou em sua direção. – Preciso agradecer aos dois do fundo do meu coração. Em nome das crianças, que estavam apavoradas, mesmo sem entenderem bem o motivo, obrigada. Ele voltou aqui ontem, vocês sabem... estou falando do Sr. Kan Saengtham. Thankhun disse a ele que você, Pete, estava passando o dia fora com a Sra. Pritchard. Ele percorreu cada cômodo da casa, inspecionou todos os armários e gavetas. Trouxe dois criados para contarem a prataria, a porcelana, os cristais, as roupas de cama, mesa e banho, para que tudo estivesse contabilizado antes de sua partida. E fez Thankhun reunir todos no vestíbulo, antes de partir. Ele nos obrigou a formar duas fileiras, como soldados, e nos disse que amanhã deveríamos estar todos longe daqui, do contrário nos denunciaria por vadiagem e nos jogaria na cadeia. Na verdade, ele pareceu muito contente ao fazer isso.


Sim, o homem deveria estar mesmo muito contente, pensou Vegas. Era possível até imaginar a cena.


– Ah, Thelma – disse o marido dele, consternado. – Todos os cômodos? Como ele pôde? Cada armário e gaveta?

– Sim – confirmou a Srta. Rice. – Ele disse que nos dará até o meio-dia de amanhã. É quando estará de volta.

– Vou escrever para ele sem demora. - O marido de Vegas se levantou e voltou-se para olhar para ele. Parecia mais pálido agora do que na véspera, ele notou. Estava todo de cinza novamente. O chapéu com a barra em lavanda não fora usado na viagem daquele dia. – Mas me despedirei do senhor antes, coronel. Espero que a chuva não o atrase.

– Escrever? – disse Vegas. – Vai escrever para ele em vez de confrontá-lo em pessoa e ver a expressão dele quando descobrir a verdade? Ou é um covarde, nong, ou não tem o menor senso dramático. - Pete deu um meio sorriso.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora