19 - Capítulo

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Pete estava sentado entre Wave e Jearn na carruagem, com um braço ao redor de cada um. Não conseguia suportar a ideia de se afastar dos dois, ainda não. Wave mostrava a ele um pequeno lenço de renda cheio de tesouros – um broche com uma das pedras faltando, um brinco de prata sem par, um bracelete com o fecho quebrado –, todos dados por tia Jemima. Jearn se mantinha em silêncio.

Eles pareciam ter sido bem cuidados. Tia Jemima aparentemente os mimara e os fizera comer – principalmente bolos – em grande quantidade. Ela colocara Wave na cama todas as noites, beijara a menino e cantara canções de ninar.


– Mas senti saudade das suas histórias, tia Pete – disse o menino. – E senti saudades do senhor. E de Benjamin. E da tia Thelma, da tia Mari e da babá.

– E todos sentiram saudades de vocês dois – assegurou Pete, abraçando os meninos com força. – Senti uma falta terrível de vocês esse tempo todo passei fora. Não vou sair daqui de novo, não sem vocês. Vou ficar com a minha família. Com as minhas crianças. E ninguém vai levar vocês de férias, a menos que perguntem antes se vocês querem e que eu esteja presente para me certificar de que foram consultados. Foi muito insensato da parte do primo Ken mandar o Sr. Biddle pegá-los só porque imaginou que poderia haver homens maus por perto. Ele deve ter assustado vocês. Mas tia Jemima realmente queria vê-los.

– Ele disse que não tínhamos permissão para voltar para Saengthan's– disse Jearn, falando pela primeira vez.

– Ken estava enganado – falou Pete. – Imagino que tia Jemima não tenha dito a mesma coisa, não é? Ninguém menos do que o conde Luff, que é o magistrado aqui, acaba de declarar Saengthan's como o lar permanente de vocês e a mim como sua mãe... ou quem fará o papel da mãe de vocês – acrescentou ele com delicadeza. Sempre encorajara as crianças a se lembrarem dos pais e a falar deles. Wave fitava Vegas, que se sentara diante deles, com seus joelhos esbarrando nos de Pete de vez em quando.

– Você é o nosso novo papai? – perguntou Wave o ômega mais novo.


Ele não respondeu de imediato, e Pete sem querer ergueu os olhos para encontrar os do marido. Vegas com certeza partiria no dia seguinte, ainda mais agora que o irmão estava ali com a carruagem particular para levá-lo. Não havia razão para que ele ficasse mais tempo. Pete estava consciente disso desde o momento em que havia ganhado a custódia das crianças, o que a deixara de pernas bambas e de felicidade, uma sensação que ecoou nos aplausos com que o veredicto do conde foi recebido.

Mas também fora um momento doloroso. Vegas partiria no dia seguinte. No entanto ele sorrira para Pete. E não fora apenas a expressão nos olhos dele, como a que ele interpretara como um sorriso durante o baile na Theerapanyakul House. Dessa vez, fora um sorriso aberto, radiante, que curvara a boca de Vegas, provocara rugas nos cantos dos seus olhos e iluminara o rosto dele inteiro.

Toda a dureza, a severidade, havia desaparecido para dar lugar a um belo sorriso – iluminado, caloroso, quase uma risada. Estranhamente, aquele sorriso fora mais íntimo do que qualquer encontro sexual que tiveram. Algo profundo dentro dele, uma alegria mais brilhante do que o sol, a alcançara e a envolvera, levando-o mais para perto do marido do que até mesmo um abraço conseguiria.

Ou assim lhe parecera. Afinal, fora apenas um sorriso. Ele sorrira para Pete. Por uma eternidade. Ou talvez por dez ou quinze segundos, até Ken sair pisando fundo e tia Jemima, chorando copiosamente, se aproximar apressada de Pete para abraçar os sobrinhos e garantir que amava muito as crianças, sim, mas que estava velha e cansada demais para assumir os cuidados diários deles.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora