16 - Capítulo

137 29 1
                                    


Pete pousou o leque nas costas do sofá na sala particular deles e descalçou as luvas. Então removeu as plumas, soltando assim alguns dos cachos do alto da cabeça. O sorriso animado que estivera em seu rosto durante toda a noite fora abandonado do lado de fora da porta. Ele agora parecia exausto e pálido. Não olhou nem uma vez para ele... nem tentou se abrigar na privacidade do seu quarto de vestir.


– Você chegou muito perto de ser indiscreto – disse Vegas.

– Muito perto, talvez – concordou Pete, levando mão ao diamante em seu colo. – Mas não cheguei a ser. Não há mal nenhum em caminhar com um convidado por um jardim todo iluminado.

– E sentar-se à sombra com ele, afastados do caminho principal? – perguntou ele. – E dar a mão a ele para que a pousasse no peito? - "Como eu poderia esquecê-lo?... Ele tem sido muito bondoso". 


As palavras pareciam reverberar na cabeça de Vegas desde que ele as ouvira, fazia três ou quatro horas. Ele ainda não tivera a chance de avaliar porque exatamente ficara tão chocado, furioso e... magoado.


– Não dei a mão a ele – contestou Pete. – Ele a pegou e eu a estava puxando.

– Ah, perdoe-me. – Vegas estava de pé diante da lareira, as mãos cruzadas nas costas, olhando para a cabeça abaixada de Pete. – Você foi coagido a tudo, imagino: a dançar, a sair para a varanda e a descer para o jardim, a escolher um banco afastado, no escuro. E também a dar a mão a ele.

– Vegas... – Pete levantou os olhos, mas então pareceu descobrir que não tinha mais nada a dizer. Seus olhos estavam obscuros de tristeza.

– Quem é ele? – perguntou Vegas. – Confesso que desconheço tanto o homem quanto o sobrenome.

– O visconde IAN é filho do conde de Luff – explicou Pete. – Eles moram em Didcote Park, a pouco menos de 10 quilômetros de Saengthan's.

– Ah – disse Vegas, percebendo que se comportava como o típico marido ciumento, mas incapaz de se conter. 

Sentira-se tão encantado por ele durante a primeira hora do baile... Sentira-se... Sim, sentira-se mesmo um pouco apaixonado pelo marido. Talvez fosse mesmo bom que houvesse acontecido algo para trazê-lo de volta à realidade. Mas continuava furioso e magoado.

Pete parecia se esforçar para dizer algo mais, porém apenas balançou a cabeça e pousou os dedos nas plumas que havia colocado sobre as luvas.


– Você mentiu para mim – acusou Vegas. – Disse que não havia ninguém. Disse que não desejava se casar com outra pessoa.

– Não – retrucou ele. – Eu deixei que você fizesse essa suposição sem contradizê-lo.

– Então foi uma mentira por omissão – falou ele. – Mas uma mentira da mesma forma. Deveria ter me contado. Fui colocado injustamente na posição de vilão naquela cena comovente no jardim.

– Então você não ouviu tudo, ou nada, do que eu disse. – Pete afastou a mão das plumas e segurou com força o pendente de diamante. – Disse a ele que você salvou a mim e a todos os que dependem de mim. Disse também quanto você tem sido bondoso comigo.

Bondoso! – falou Vegas, com um tom e uma ênfase muito semelhantes aos de IAN, mais cedo. – Não sou do tipo bondoso, nong. Nunca fui acusado de ser um homem bondoso. Casei-me com você para pagar a dívida que tinha com um homem morto.

AGORA CASADOS - VEGASPETEOnde histórias criam vida. Descubra agora