Feelings

CHAPTER 9

"O QUE ESTÁ OCULTO
SEMPRE VEM A APARECER"

Josie havia acabado de sair de seu quarto, indo em direção ao café da manhã. Ao chegar no refeitório, encontrou seus amigos já reunidos, conversando animadamente sobre assuntos variados e trabalhos de algumas aulas. Ela se juntou a eles, sentando-se ao lado de MG, e começaram a falar sobre o projeto pedido pelo professor. Hope, por outro lado, parecia estar distante, com a mente em qualquer outro lugar que não fosse aquele, totalmente imersa em seu próprio mundo.

Enquanto MG explicava algumas ideias para o projeto, Josie não pôde deixar de notar o quão distraída Hope estava. Seus olhos estavam fixos em um ponto indefinido, como se não olhasse para nada, e ela mal tocava a comida no prato. Preocupada, Josie tentou chamar sua atenção.

— Hope? Ei, Hope? — Perguntou, finalmente conseguindo chamar sua atenção.

Os profundos e intensos olhos azuis de Hope encaram os da morena, como se parecesse procurar por algo, Josie apenas nota o quão lindos eles são, como se o sol realçasse ainda mais a beleza deles, era como se tivessem sua própria tonalidade, já que nunca viu um azul tão belo e hipnotizante.

— Você tá bem? Me parece um pouco... distante.

— Ah... Sim só nervosa... Sabe, lua cheia, a necessidade de virar é tão forte. — Tenta esclarecer, embora a morena não acredite totalmente nela, o problema de passar tanto tempo olhando nos olhos da garota, é Josie conseguir saber quando algo está errado. O azul sempre guarda tantos sentimentos, que quando alguém tenta observar, consegue ver claramente como Hope está se sentindo. Só naquele momento era como se eles estivessem mais perdidos e confusos, parecendo esconder alguma coisa.

Ela poderia estar mentindo ou talvez escondendo alguma coisa, mas Josie escolhe não insistir, não era do estilo dela, forçar alguém a falar. Ela esperaria o tempo que fosse preciso, para Hope ser sincera com ela. E sabia que Hope lhe contaria quando estivesse pronta.

Hope estava sendo honesta até certo ponto, já que faltavam dois dias para a lua cheia. Ela já havia contado a Josie sobre como ela não se altera da mesma maneira que os outros lobos, mas, seu corpo está sempre gritava para ela se transformar de qualquer maneira. Por mais que tivesse um certo controle sobre seu lobo, a influência da lua não desaparecia totalmente. Em vez disso, instalava um desejo dentro dela, que ficava mais forte, chamando-a para correr livre pela floresta, desejando desesperadamente que seu animal interior fosse capaz de sentir o vento e a adrenalina em seu ser.

— É justo, por isso que fico muito feliz de não ser um lobo, deve ser horrível... — MG se junta a nós com uma careta em seu rosto enquanto se imagina durante uma transformação.

— Pois é... Não é muito divertido saber que todo mês seus ossos vão quebrar em vários pedaços... ou como é pra mim, quando eu quiser, mas, até que vale a pena. — Josie conseguia sentir a verdade nas palavras vindas da ruiva, mas não era inimaginável a dor que eles sentiam para isso acontecer.

O sinal toca, indicando o fim do café da manhã e o início das aulas. As conversas que antes enchiam o refeitório continuam, mas agora misturadas com o som de cadeiras arrastando e mochilas sendo fechadas. Os alunos começam a se levantar, guardando suas coisas e limpando as mesas, enquanto se dirigem para as respectivas salas. Josie sai apressada, não querendo ser repreendida pelo professor pelo possível atraso. Rapidamente ela se senta em seu lugar habitual, tirando seus materiais da mochila, preparando-se para a aula.

Durante toda a explicação, Josie não consegue deixar de notar que Hope está distante, praticamente alheia ao que está acontecendo na aula. Assim como durante o café da manhã, parece que sua mente está a quilômetros dali. Ela sabia o quão boa a Hope era em fingir prestar atenção, para qualquer ela estava atenta e perfeitamente focada no que o professor está dizendo. No entanto, Josie consegue perceber pelos pequenos sinais: o olhar distante e a maneira como morde o lábio inferior quando está perdida em pensamentos. Josie sabia que algo estava errado.