Feelings

CHAPTER 29

"MEU CORAÇÃO QUEBRARIA MAIS SE O DELA QUEBRASSE"

Hope correu pelo corredor, seu coração batendo descontrolado e sua mente em um frenesi. Cada passo era impulsionado por uma ansiedade avassaladora, movendo-se a uma velocidade dez vezes mais rápida que seus pés. A única coisa que ela sabia com certeza era que alguém estava em perigo, e esse alguém era Josie.

Ao chegar na porta do quarto dos gêmeos, Hope não teve tempo para bater. Com um movimento rápido e decidido, acenou a mão e a porta se abriu com um estrondo, quase arrancando as dobradiças. O cenário à sua frente era desolador: Lizzie estava sentada ao lado da cama, tentando segurar a mão de Josie, que parecia estar em uma luta desesperada com o que quer que estivesse assombrando seu sono. Josie estava se contorcendo e virando, com os olhos firmemente fechados e a respiração irregular. Seu corpo estava coberto de suor, e suas roupas grudavam na pele, um testemunho do sofrimento físico que ela estava enfrentando. Ela gritava, seu corpo se sacudindo com uma força e uma urgência que faziam parecer que ela estava tentando escapar de algo invisível e aterrador.

A angústia de Josie era palpável, e Hope sentiu seus próprios olhos se transformarem em um tom dourado, um sinal de que seu lobo interior estava se agitando. Normalmente, ela controlava essa parte de si mesma com facilidade, mas desde sua morte, esse controle se tornara mais difícil. Quando suas emoções se intensificavam, seu lobo lutava para emergir, tornando-se mais próximo da superfície. Agora, enquanto a preocupação e o medo por Josie a consumiam, o controle sobre seu lobo vacilava perigosamente.

— O que está acontecendo? — Hope perguntou com urgência, sentando-se ao lado de Josie, sua voz carregada de preocupação. Cada movimento de Josie era abrupto e desesperado, como se ela estivesse lutando contra um inimigo invisível.

Lizzie, com os olhos cheios de preocupação e frustração, olhou para Hope e respondeu:

— Eu não sei. Ela simplesmente começou a gritar, de repente. Tentei falar com ela, mas parece que está tendo um pesadelo terrível novamente. Não é a primeira vez. Isso aconteceu muitas vezes antes, principalmente quando éramos crianças. Muitas vezes, era eu quem tinha esses sonhos horríveis. Sempre estávamos lá uma para a outra, tentando confortar e proteger uma à outra.

Lizzie continuou, sua voz carregada de uma tristeza compreensível:

— Isso era algo que diminuía com o tempo, mas depois dos últimos eventos, voltou a acontecer todas as noites.

Hope ouviu as palavras de Lizzie com uma sensação crescente de desespero. Sem perder tempo, ela tentou acordar Josie. A sacudiu gentilmente, mas sem sucesso. Ela sentia o medo de Josie como se fosse uma extensão de seu próprio pânico. Era como se a dor e o terror de Josie fossem transmitidos diretamente para ela.

— NÃOOO! HOPE! — Josie gritou, e Lizzie e Hope trocaram olhares de surpresa e desespero. As lágrimas de Josie escorriam pelo rosto, caindo em seus ombros e peito, finalmente se acumulando no chão.

— Josie, você precisa acordar! — Hope exclamou, as lágrimas caindo por suas próprias bochechas. Ela tentou enxugar as lágrimas, mas outras rapidamente a substituíram. Seu corpo estava tremendo, não de medo, mas de uma tristeza profunda. Era agonizante ver Josie sofrer sem poder oferecer alívio imediato. — Volte para nós, Jo!

Josie, com os olhos ainda fechados e a respiração descompassada, começou a abrir os olhos lentamente. Sua visão estava turva e desorientada, tentando entender a realidade ao seu redor. Quando viu Hope, um alívio imediato a envolveu. A visão de Hope, ali, viva e segura, foi o ancla que Josie precisava para se conectar com a realidade. O pesadelo tinha sido tão vívido que parecia ter retornado à realidade, o que só aumentou o pânico de Josie.

— H-Hope? — Josie murmurou, a voz quebrada e cheia de alívio e confusão. Hope, com o coração partido pela fraqueza na voz de Josie, sentiu uma onda de compaixão e determinação. Ela sabia como era enfrentar pesadelos e o medo. Após a perda de seus pais, ela havia lutado contra sonhos aterrorizantes e a sensação de estar perdida, e isso lhe deu uma compreensão mais profunda do que Josie estava passando.

— Estou aqui. Você está segura. Você estava apenas sonhando. — Hope falou suavemente, seus olhos voltando ao azul calmante. Ela puxou Josie para perto, movendo sua mão suavemente para cima e para baixo nas costas da namorada. A respiração de Josie começou a se acalmar lentamente, seus soluços diminuíram, e seu corpo tremia menos.

Hope não se importava com o suor que encharcava as roupas de Josie. O que importava naquele momento era confortá-la e garantir que ela se sentisse segura. Assim que o batimento cardíaco de Josie voltou a um ritmo mais calmo, Hope pulou da cama, pegou algumas roupas limpas e as trouxe para Josie. Ela ajudou a namorada a trocar de roupas, gentilmente virando-a de costas para facilitar o processo.

— Você me assustou muito. O que aconteceu? — Hope perguntou, enquanto se acomodava de volta à cama ao lado de Josie. Josie repousou a cabeça no peito de Hope, e Hope a envolveu com um braço protetor, fechando o espaço entre elas. Josie inalou profundamente, sentindo o cheiro familiar de Hope como um lembrete reconfortante de que tudo estava bem. Seus olhos se fecharam lentamente, aliviada por estar protegida.

— Você... — Hope começou, mas ao ver que Josie estava adormecendo novamente, optou por conversar com Lizzie em vez disso.

— Você acha que ela vai querer falar sobre isso? — Lizzie sussurrou, observando a cena com uma expressão de compreensão e preocupação.

— Provavelmente não agora, mas ela precisará. Se não falar sobre isso, vai engarrafar tudo e isso não acabará bem. Ela só precisa saber que estamos aqui por ela. Espero que ela já perceba isso. — Hope respondeu, tentando tranquilizar Lizzie e mostrar que estavam lá para apoiar Josie.

Lizzie concordou, ciente de que Josie sempre havia colocado as necessidades dos outros antes das suas, mas estava determinada a mudar isso. Ela estava aprendendo a ouvir e a priorizar as necessidades dos outros, especialmente de Josie.

— Só vou avisar uma vez... — Lizzie voltou para sua cama e se acomodou, seu tom brincalhão se tornando mais sério. — Se você fizer algo para machucá-la... eu te mato. Não me importa se você é tecnicamente imortal. Vou encontrar um jeito. E não me importo se somos amigas agora. Eu já a vi passar por desgostos suficientes.

Hope sorriu, tocada pela preocupação de Lizzie, sabendo que o sentimento era genuíno e profundo.

— Irmã superprotetora, eu entendo... mas, falando sério, eu nem sonharia em fazer algo que machucasse Josie. Ela significa muito para mim. — Hope respondeu com sinceridade.

— Ótimo, embora minha ameaça ainda esteja de pé. — Lizzie respondeu, com um olhar sério, antes de se acomodar novamente em sua cama.