Feelings

CHAPTER 28

"UM LUGAR SEGURO NEM SEMPRE É UM LUGAR"

Hope enxuga a única lágrima que escorreu por seu rosto, lutando contra a familiar dor silenciosa que acompanha a lembrança de seus pais. Os anos ajudaram a suavizar a dor, mas há momentos, como este, em que ela daria tudo para ouvir suas vozes novamente. Para que eles a abraçassem, lhe dessem conselhos, ou simplesmente dissessem que tudo ficaria bem. Às vezes, a falta que ela sente é tão profunda que quase a sufoca, especialmente nos momentos em que seus próprios erros parecem mais pesados do que o habitual. Mas há também uma sensação de alívio misturado, um alívio de que seus pais não estão aqui para ver seus tropeços, para se decepcionarem com as falhas que ela ainda tenta corrigir. No entanto, Hope sabe que, mesmo nos piores momentos, quando o mundo parece estar desmoronando, ela pode encontrar paz em Josie. A presença de Josie é o conforto que preenche o vazio que seus pais deixaram. Ela traz um senso de pertencimento, de segurança e de ser amada, algo que Hope nunca imaginou recuperar completamente.

Hope se vira e beija Josie. O beijo é longo, profundo e cheio de emoções não ditas. Cada movimento é uma forma de transmitir o quanto ela é grata, o quanto suas palavras tocaram sua alma de maneira que nenhuma outra poderia. Josie corresponde com igual intensidade, sentindo o peso da emoção de Hope e querendo que ela saiba que está lá, sempre estará. Mesmo quando seus lábios se separam, as duas permanecem com as testas encostadas, os olhos fechados, saboreando a proximidade e o momento perfeito que partilham. O silêncio é preenchido apenas pela respiração suave de ambas, o tipo de silêncio que não pede palavras.

— Este encontro, tudo sobre ele foi... perfeito. Obrigada, Hope. — A voz de Josie é suave, mas carregada de sinceridade. Hope balança a cabeça, um pequeno sorriso nos lábios e diz:

— Ainda não está perfeito. Ainda tem mais uma coisa que preciso fazer. — Josie ergue as sobrancelhas, curiosa.

— E o que seria?

Hope dá um pequeno passo para trás, os olhos brilhando. Ela pega a mão de Josie, entrelaçando seus dedos com cuidado, enquanto seus nervos a fazem brincar com os anéis em sua outra mão. Por um momento, a confiança habitual de Hope dá lugar a uma vulnerabilidade sincera.

— Eu estava tão nervosa esta noite — ela começa, respirando fundo. — Eu queria tanto impressionar você, fazê-la sentir-se especial, porque é isso que você é para mim, Josie. Você é tudo. — Hope faz uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. — Sei que às vezes sou péssima em expressar como me sinto, mas com você... com você, eu quero ser melhor. Porque você me faz querer ser melhor. —

Josie sente o coração acelerar, seus olhos fixos em Hope, ansiosa e ao mesmo tempo cheia de expectativa. A respiração fica mais lenta, como se todo o seu corpo estivesse pendurado na próxima palavra que Hope dissesse. Ela sabe que algo grande está por vir, algo que poderia mudar a dinâmica entre elas para sempre, e, apesar dos nervos, tudo o que Josie sente é a antecipação do que está prestes a acontecer. Cada segundo parece se estender, e seus sentimentos por Hope a preenchem completamente, à espera do momento que definirá as duas de uma maneira que ela sempre sonhou.

— Quase te perder foi um inferno — a voz de Hope vacila por um momento, seus olhos brilhando com uma mistura de emoção e nervosismo. Ela respira fundo, como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas. — E eu não consigo imaginar um futuro sem você ao meu lado, em dias que penso em ir ao lago, não consigo não pensar em ti, você sobrevoa meus pensamentos a todo instante e não há um momento que não esteja lá com esse sorriso contagiante que me faz sentir a pessoa mais sortuda de todas... — Hope solta um riso suave, nostálgico. — Eu soube que estava completamente ferrada, toda vez que estamos juntas, como naquele piquenique, ou mesmo só caminhando lado a lado, você faz o mundo parecer mais leve. Eu vejo isso nos seus olhos, no jeito que você me olha... você faz tudo valer a pena.