CHAPTER 33

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"ACEITO SUAS ESCOLHAS E TE PROTEJO"



Hope puxou Josie para seu quarto logo após o treino, com uma urgência silenciosa que fez o coração de Josie acelerar. O corredor da escola parecia ter desaparecido assim que as duas cruzaram o limiar da porta, que se fechou atrás delas com um estalo firme, quase definitivo. O quarto de Hope, normalmente um refúgio de tranquilidade e ordem, agora parecia carregado de uma tensão quase palpável. As cortinas escuras que cobriam as janelas abafavam a luz do fim de tarde, deixando a sala em uma penumbra suave, iluminada apenas pela fraca luz de um abajur no canto. Livros espalhados, anotações mágicas soltas e uma cadeira jogada de lado evidenciavam que Hope não estava se preocupando com a organização usual. Josie ficou parada por um momento, confusa, seus olhos escaneando o ambiente como se procurasse respostas para o que estava acontecendo. A atmosfera entre elas parecia diferente, mais densa. Os resquícios do treino exaustivo ainda pairavam no ar, misturados ao cheiro familiar de madeira e velas queimaradas no quarto de Hope. Foi quando Hope, sem dizer uma palavra, arregaçou lentamente a manga da blusa, revelando seu braço.

— É por causa do treino de hoje? — Josie questionou, sua voz carregada de cautela enquanto observava Hope se dirigir até a cama. Ela a seguiu, seu coração batendo acelerado com a antecipação do que estava por vir.

— Não há melhor hora para começar do que agora. Não queremos que você se machuque de novo, ou pior, certo? — Hope se sentou calmamente, seus olhos suaves, dando a Josie o tempo necessário para absorver a situação e tomar uma decisão.

Josie ficou em silêncio por um momento, suas mãos inquietas, sentindo o peso da realidade que se aproximava.

— Parece tão real de repente. Como se... eu fosse tão frágil. — A voz de Josie vacilou, quase um sussurro, enquanto suas palavras pairavam no ar entre elas, carregadas de uma vulnerabilidade que Hope raramente via. O rosto de Josie, normalmente tão confiante, agora estava pálido, seus olhos refletindo a incerteza do momento. Ela sabia o que aquilo significava, mas a realidade da situação parecia muito mais tangível agora, como se de repente a ideia da própria mortalidade estivesse batendo à sua porta. Hope reagiu imediatamente, seus olhos claros fixando-se nos de Josie com uma intensidade que misturava preocupação e determinação. Cada palavra que saía de sua boca carregava um peso, um misto de proteção e carinho que ela tentava desesperadamente transmitir.

— Você tem certeza? — Hope perguntou, sua voz baixa, mas firme, tentando ancorar Josie naquele momento. — É apenas uma precaução, eu farei tudo que puder para impedir que isso aconteça, mas... se isso te faz sentir mal, podemos parar.

Por um momento, Josie hesitou, seus olhos voltando-se para o chão enquanto processava o que estava prestes a fazer. Ela sabia que, no fundo, essa era uma decisão de vida ou morte, ou pelo menos parecia ser. Mas, mais do que isso, era um passo em direção a algo desconhecido, um caminho que ela jamais poderia ter imaginado trilhar. Inspirando profundamente, ela encontrou a força dentro de si para levantar o olhar e encarar Hope novamente.

— Ok... apenas hoje e nenhum dia a mais. — Concordou, embora a incerteza ainda estivesse presente em sua voz. A decisão parecia pesar sobre seus ombros, como uma carga que ela sabia que não poderia carregar sozinha. Hope era seu porto seguro, mas, mesmo assim, a ideia de beber sangue o sangue de Hope, fazia seu estômago se revirar.

Hope assentiu silenciosamente, aceitando a resposta de Josie. Sem dizer uma palavra, ela se virou, pegando uma pequena adaga que repousava sobre a mesinha ao lado da cama. O objeto reluzia fracamente à luz suave do quarto, e o simples ato de pegá-lo parecia carregar o ambiente com ainda mais tensão. Com uma destreza que vinha da familiaridade, Hope segurou a adaga e, com um movimento preciso, traçou um corte superficial em sua palma. A lâmina deslizou pela pele de Hope, revelando uma linha de sangue que rapidamente começou a escorrer. Josie observava com fascínio e temor enquanto o sangue vermelho vivo brotava, pulsando com uma energia que ela quase podia sentir. Mas, antes que o corte pudesse sequer se aprofundar, a pele de Hope já começava a se fechar, seu corpo se curando quase instantaneamente. A tríbrida era uma visão impressionante, mesmo nas ações mais simples. Hope, então, estendeu a mão até os lábios de Josie, o sangue fresco ainda escorrendo por sua palma. Seus olhos nunca deixaram os de Josie, e havia um tipo de comunicação silenciosa acontecendo entre elas, uma troca de confiança e medos não verbalizados. Josie hesitou por um segundo, o cheiro metálico do sangue já preenchendo suas narinas, misturando-se ao nervosismo crescente em seu peito.

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