"VINGANÇA É VINGANÇA"Alaric estava ao volante, com os olhos fixos na estrada enquanto eles seguiam o caminho traçado no mapa, o silêncio dentro do carro era denso e carregado, cada um perdido em seus próprios pensamentos. A tensão era palpável, especialmente para Hope, sentada no banco traseiro, sentia sua raiva crescer a cada quilômetro que passavam, como um vulcão prestes a entrar em erupção. Seu coração batia mais rápido, o sangue latejando em suas veias. Quem quer que eles estivessem rastreando havia matado Josie. O pensamento era como uma faca sendo torcida em seu coração, e ela se pegava desejando nada mais do que vingança, uma vingança sangrenta e brutal. Queria arrancar o coração do culpado, sentir a carne rasgar sob suas mãos. A imagem era visceral e poderosa, um reflexo das partes mais sombrias dela, aquelas que ela sabia que herdara de seu pai, partes de Klaus Mikaelson que todos temiam, que todos acreditavam que ela possuía, durante toda vida, Hope ouvira aqueles ao seu redor garantirem que ela não era como ele, que ela só tinha as melhores partes dele, mas, no fundo, sempre soubera que havia uma escuridão latente dentro dela, uma sombra que ela temia reconhecer.
Ela se lembrava das histórias de seu pai, das coisas horríveis que ele fizera e da maneira como o mundo o via: como um vilão, um monstro, Hope sabia que as pessoas esperavam o mesmo dela, que esperavam que ela caísse na mesma escuridão. E essa expectativa pesava sobre ela como uma âncora, puxando-a para baixo, tentando arrastá-la para um abismo de violência e ódio. Mas ela não queria ser essa pessoa, não queria ser definida pelos erros de seu pai ou pela escuridão que corria em suas veias.
Ela queria ser mais do que isso, ser melhor do que isso, por sua mãe, que sempre acreditou em sua bondade, por seu pai, que apesar de tudo, tentou protegê-la de seu próprio legado sombrio, e, pelo o resto de sua família, que sempre esperou que ela fosse a Mikaelson que finalmente quebraria o ciclo de violência e destruição. Então, lutava, lutava contra os pensamentos sombrios que ameaçavam dominá-la, contra a raiva que queimava em seu peito como fogo, lutava para ser mais forte, para ser alguém de quem sua família pudesse se orgulhar, lutava para provar ao mundo que os Mikaelson não eram apenas monstros, que eles tinham a capacidade de amar, de cuidar, de serem melhores. Ela sabia que a jornada não seria fácil, que haveria tentações e momentos de fraqueza, mas ela estava determinada a seguir esse caminho. Hope olhava para fora da janela do carro, observando a paisagem passar, via seu reflexo no vidro, os olhos azuis brilhando com determinação, sabia que tinha uma missão, um propósito maior do que qualquer vingança momentânea: provar ao mundo que o nome Mikaelson podia significar algo bom. Que eles podiam ser heróis, não apenas nas lendas sombrias, mas nas histórias de esperança e redenção.
Este era o legado que ela queria construir, um legado memorável, de coragem, um legado que honrasse a memória de sua mãe e a luta de seu pai para proteger a família a todo custo, e que mostrasse ao mundo que, no fundo, os Mikaelson eram muito mais do que as lendas diziam, eles eram sobrenaturais, com falhas e virtudes, e, acima de tudo, eram capazes de amor incondicional. Enquanto o carro se aproximava de seu destino, Hope respirou fundo, acalmando sua mente e fortalecendo sua resolução. Ela sabia que a batalha à frente não seria fácil, mas estava pronta para enfrentá-la. Ela lutaria para proteger aqueles que amava, para honrar o nome de sua família, e para criar um futuro onde os Mikaelson fossem lembrados não pelo medo que inspiraram, mas pelo amor que deram. Enquanto o carro desacelerava, chegando ao local marcado no mapa, Hope sentiu a paz de sua decisão, pois poderia ter a escuridão dentro de si, mas também tinha a luz.
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Eles estacionaram a menos de um km de distância do local, era a distância suficiente para manter o elemento surpresa, evitando serem vistos muito cedo, Hope pegou algumas lâminas da bolsa, segurando uma na mão e escondendo outras nas mangas de sua jaqueta. Lizzie, por sua vez, tinha sugado energia de Hope antes de sair, garantindo que teria magia suficiente para o que poderia ser uma grande luta. Eles avançaram com cuidado, pisando entre as árvores até que a floresta se abriu em uma área muito maior, à frente, um grande pedaço de concreto vazio, o que parecia ser um estacionamento abandonado, estendia-se ao lado de um armazém antigo e deteriorado.
— Um armazém velho e assustador. Por que não estou surpresa? — Lizzie comentou com um riso nervoso, era claro que ela estava tentando disfarçar seu nervosismo, Hope reconheceu isso de imediato, já que desde a morte de Josie, as duas haviam se aproximado, não apenas pela dor compartilhada, mas também pelas pequenas interações e conversas profundas que tinham tido. Hope sabia que Lizzie estava tão nervosa quanto ela, assim como Alaric e Caroline. Era impossível não estar, seus corações batiam descompassados, suor escorria de suas testas. Eles não tinham ideia do que encontrariam ali, não sabiam o que esperar, a qualquer momento, poderiam cair em uma armadilha, ou encontrar o local vazio. Era uma situação de total incerteza, ainda mais com a sensação de que havia uma barreira mágica impedindo os sentidos lupinos de Hope de detectarem o que estava dentro do armazém. A tríbrida olhou para Lizzie, pensando em suas opções, então, sem aviso, cortou o pulso com a lâmina que segurava e estendeu o braço para a loira. Lizzie inclinou a cabeça, confusa por um momento, mas rapidamente entendeu o que Hope estava oferecendo.
— É sua escolha, e você não precisa fazer isso, mas nós... nós já perdemos Josie. Não podemos perder você também — Hope disse, com sinceridade evidente em sua voz. A expressão de Lizzie suavizou ao perceber o cuidado de Hope. Mesmo em meio a circunstâncias tão terríveis, Lizzie sentiu uma conexão mais profunda com Hope. Elas haviam crescido, ultrapassado as mesquinharias dos anos de infância, e agora estavam juntas em uma missão perigosa. Lizzie assentiu e bebeu algumas gotas de sangue do pulso de Hope antes que a ferida se fechasse, ela murmurou um agradecimento, e Hope acenou com a cabeça em resposta. Lizzie sabia que não queria ser uma vampira, amaldiçoada a se alimentar de sangue para sempre, mas a perda de sua irmã havia mudado tudo.
Perder Josie foi devastador, e a ideia de seus pais também perderem Lizzie era insuportável, o sangue de Hope era uma apólice de seguro, uma garantia de que ela voltaria, custasse o que custasse. A interação silenciosa entre as duas foi interrompida por Alaric, que sussurrou para as garotas ficarem atrás dele. Lizzie revirou os olhos, mas sabia que não era o momento para discutir.
— Olhe, sem ofensa, Dr. Saltzman, mas você é humano. Acho que eu deveria ser a pessoa que diz isso — Hope murmurou. Ela sabia que Alaric muitas vezes agia como se fosse invencível, como se sua experiência fosse um escudo contra qualquer perigo.
— E você não é a primeira pessoa a me lembrar disso. Você pode ser mais poderosa do que todos nós, mas eu ainda sou o adulto — Rebateu, enquanto se aproximavam do prédio. Havia uma única entrada visível, e ele sinalizou para que as duas garotas e Caroline o seguissem. Elas trocaram um olhar e, em silêncio, concordaram. Eles entraram no armazém com o máximo de cuidado, tentando não fazer barulho. O lugar era escuro, sombrio, um verdadeiro covil de vilões saído de um livro ou filme. Hope percebeu que seria o esconderijo perfeito para alguém que não quisesse ser encontrado. De repente, em um segundo, todas as armas que carregavam, a besta de Alaric, as lâminas e qualquer outra coisa, foram arrancadas de suas mãos e lançadas para as sombras. Desarmados e em choque, Caroline, Alaric, Lizzie e Hope perceberam que precisariam contar apenas com sua magia e habilidades naturais, mesmo com seus sentidos de lobisomem, Hope mal conseguia enxergar na escuridão. Ela ouviu um movimento, o som de pés se movendo rapidamente pelo chão do armazém. Instintivamente, ela seguiu o som, deixando seus instintos a guiarem, ela se lançou na direção do barulho e agarrou alguém pelo pescoço, sentindo um cheiro forte de sangue emanando deles. Seu primeiro pensamento foi que este era o vampiro que havia ferido Josie, o mesmo que ela havia visto em algumas fotos. A promessa que ela havia feito a si mesma, de ser melhor do que seu pai, de não matar parecia distante agora. Enfrentar alguém que poderia ter machucado Josie fazia todos os seus instintos clamarem por vingança.
— Alguém está nervoso — disse a pessoa, com esforço, a voz era profunda e carregava um forte sotaque britânico. — Agora! — ele gritou de repente, em um instante, a área ao redor deles se iluminou, revelando o homem nas mãos de Hope, ele era alto e magro, e seus olhos brilharam com malícia ao ver o olhar feroz de Hope. O tempo pareceu parar enquanto eles se encaravam. Hope sentiu um fogo ardente crescer dentro dela, uma chama alimentada pela perda e pela dor. Ela estava diante de alguém que, de alguma forma, estava conectado à morte de Josie, e não havia nada que ela quisesse mais do que fazer justiça, custasse o que custasse.
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Feelings
RomanceApós emergir do misterioso poço negro, chamado Malivore, Hope Mikaelson encontra-se esquecida por todos em Mystic Falls. Ao retornar, depara-se com uma surpresa desoladora: Josie e Landon estão juntos, e uma série de eventos sobrenaturais desencadei...