Feelings

CHAPTER 39

"A CULPA TE CORRÓI AOS POUCOS"

A escola estava um verdadeiro campo de batalha, um testemunho sombrio da brutalidade que havia ocorrido, as paredes outrora majestosas agora estavam manchadas de vermelho carmesim, com sangue respingado até o teto, corpos de alunos, professores e inimigos jaziam espalhados pelo chão, sem vida, criando uma cena que parecia saída de um pesadelo, o cheiro metálico de sangue preenchia o ar, tornando cada respiração pesada. Hope vagava sem destino claro, seus passos ecoando suavemente pelos corredores desolados, as botas de couro batiam ritmicamente no chão do Grande Salão, mas o som era abafado, quase imperceptível para qualquer um que não tivesse seus sentidos aguçados, se movia mecanicamente, seus olhos fixos nas manchas de sangue que tingiam tudo ao seu redor, como se estivesse à beira de um colapso, mas se recusando a ceder.

Desde que carregou Josie para o quarto, sua mente não parava de girar, o rosto pálido de Josie, as lágrimas silenciosas, o peso da responsabilidade... tudo se misturava em sua mente, turvando seu julgamento, tentando afastar os pensamentos, Hope lançou-se a limpar o caos ao redor com feitiços, levantando os corpos e removendo as manchas, mas nada parecia trazer alívio, cada feitiço era lançado com precisão, mas seu impacto emocional parecia nulo, as imagens das últimas horas continuavam gravadas em sua mente, ela parou no centro do salão, a respiração pesada, o cansaço começando a pesar sobre seus ombros. O brilho fraco da lua entrando pelas janelas quebradas apenas acentuava a cena macabra ao redor, pressionou a palma da mão contra a têmpora, tentando afastar a sensação de sufocamento, a culpa, a dor e o medo de perder Josie, de perder todos que amava, corroíam sua alma.

O tempo parecia suspenso em um estado surreal, como se cada segundo se arrastasse por uma eternidade, mas, ao mesmo tempo, escorresse pelos dedos de Hope sem que ela conseguisse segurá-lo, as pessoas iam e vinham pelos corredores ensanguentados da escola, algumas carregando vassouras, outras desoladas, abraçando amigos que perderam ou buscavam notícias, era um caos silencioso, onde cada respiração parecia pesada com o peso da tragédia recente. A família de Hope estava lá, fazendo o que podiam para ajudar na limpeza e, ao mesmo tempo, oferecendo apoio silencioso à garota, Freya lançava olhares preocupados de vez em quando, enquanto limpava uma área próxima, mas respeitava o espaço de Hope. Rebekah há um bom tempo havia sumido com Caroline, e o tempo já não tinha a mesma significância, o relógio girava implacavelmente, mas Hope mal conseguia registrar sua passagem. Oito horas, desde que Lizzie foi morta, o pensamento voltou como uma onda fria.

O choque de ver Caitlin quebrar o pescoço de Lizzie ainda pulsava na mente de Hope, mesmo enquanto ela focava em Josie, mesmo que Lizzie fosse trazida de volta, havia uma escuridão que pairava sobre tudo isso, as perdas, a dor, os corações partidos... nada seria o mesmo. Enquanto o caos ao redor parecia dissipar-se lentamente, deixando apenas os ecos silenciosos de uma escola devastada, algo mais profundo ressoava dentro de Hope. Por mais que ela tentasse focar em Josie, em seu bem-estar, havia algo que não conseguia afastar de sua mente: Caitlin, a tríbrida sem humanidade, que ela mal conhecia, mas cujo grito havia cortado o ar de uma forma que Hope jamais esqueceria. Era um som primitivo, carregado de dor e desespero, como se o coração de Caitlin tivesse sido brutalmente arrancado de si. A imagem dela ajoelhada, chorando abraçada ao corpo sem vida de Lizzie, voltava em flashes na mente de Hope, a frieza de sua crueldade tinha desaparecido em um instante, e o que restara não era a tríbrida impiedosa que havia atacado com tanto ódio, mas uma garota quebrada, destruída por suas próprias ações, isso a deixava confusa, perturbada, como alguém sem humanidade, capaz de tamanha brutalidade, poderia voltar tão rápido a sentir tanta dor e arrependimento? E, mais importante, o que significava para todas elas?