CHAPTER 22

743 107 16
                                    


"SENTIMENTOS E FELICIDADE"


Lágrimas se acumulavam nos olhos de Hope enquanto ela olhava ao redor da sala, absorvendo cada rosto familiar. Lizzie e Josie foram as primeiras a envolvê-la em um abraço apertado. O calor humano e o afeto ao seu redor eram palpáveis, mas, mesmo assim, Hope mal conseguia se concentrar neles. Cada fibra do seu corpo, cada sentido, estava focado em outra coisa: a bolsa de sangue que Alaric segurava com hesitação.

Com um movimento sutil, Alaric se aproximou e estendeu a bolsa para Hope, sem dizer uma palavra. Ela a pegou e a observou por alguns segundos, o dilema claro em seus olhos. A realidade pesava sobre ela: ao beber esse sangue, não haveria mais volta. Só uma gota seria o suficiente para ativar sua imortalidade e transformá-la completamente. A decisão que antes parecia distante, inevitável no futuro, agora estava à sua frente. Com mãos trêmulas, Hope abriu. O cheiro metálico do sangue invadiu seus sentidos, e ela não conseguiu resistir. Aproximou o sangue dos lábios. A primeira gota tocou sua língua, e um êxtase tomou conta de seu corpo. Era como se todas as suas necessidades primárias se alinhassem de uma só vez. A secura em sua garganta, a dor em seus músculos, tudo desapareceu à medida que o sangue deslizava por sua boca. Cada gole era mais intenso, mais necessário, e ela não conseguia parar. Hope apertou a bolsa com força, desesperada para sugar até a última gota. Veias negras emergiram sob seus olhos enquanto ela se entregava à fome insaciável. Somente quando a bolsa estava completamente vazia, ela abriu os olhos, revelando um brilho dourado, o brilho tribrido, selvagem e único, como ela.

— Tia Freya? — Hope finalmente notou sua tia, ainda em sua forma astral, e sua mente começou a clarear aos poucos. Freya sorriu tristemente, sua expressão transbordando cuidado.

— Projeção astral, por enquanto. Mas a família inteira está a caminho. Precisamos vê-la pessoalmente. — Hope olhou para a bolsa vazia em sua mão, sentindo o peso do que acabara de acontecer. Ela sempre soube que esse momento chegaria, mas imaginava que seria quando estivesse mais velha, mais preparada. Não agora, não enquanto ainda se sentia tão jovem e incerta. Mas não havia arrependimento em seus olhos. Se isso significava salvar Josie, ela faria de novo. E de novo. Essa era a essência de quem ela era.

— Estava tão apavorada de que você não voltasse... — Josie sussurrou, com sua voz cheia de emoção. Hope apertou a mão dela, seus olhares se conectando profundamente, como se tudo ao redor desaparecesse.

— Eu to aqui, Jo. Eu estou bem. — Freya interrompeu o breve momento de alívio.

— Precisamos nos preparar. Ele vai voltar, Hope, ele não morreu, só fugiu. E ele sabe que, sozinho, não pode derrotar uma tríbrida totalmente ativada. Ele vai trazer aliados. — A tensão voltou a pairar na sala, a atmosfera densa enquanto todos tentavam processar o que aquilo significava. Havia uma guerra iminente. Mas, naquele momento, Hope se sentia sobrecarregada. Os sons ao redor começaram a se intensificar: batimentos cardíacos, respirações, o zumbido da escola, os sussurros distantes dos alunos em outros cômodos, até os sons de animais fora do prédio. Tudo parecia ensurdecedor. No entanto, seus olhos se fixaram em Josie, e o caos se dissipou. A presença de Josie era o único ponto de ancoragem que Hope precisava para manter o controle de si.

Breves conversas surgiram ao redor enquanto todos compartilhavam ideias sobre o que deveria ser feito. Mas para Hope, absorver tantas informações se torna uma tarefa avassaladora. Sua audição aumentada é mais intensa do que ela imaginava. Todo mundo subestima o quão sensível ela realmente é agora. Cada batimento cardíaco perto dela soa como um tambor. Cada respiração parece amplificada. Ela consegue ouvir o zumbido contínuo do aquecimento pela escola, crianças sussurrando do outro lado do prédio, portas rangendo, até o som de animais correndo pelas árvores lá fora. Tudo isso é demais. Por um momento, ela simplesmente fica quieta. O mundo à sua volta é um mar de ruídos e informações, mas seus olhos estão fixos em Josie. Hope não consegue parar de pensar em como é bom vê-la ali, segura. Essa simples constatação acalma sua mente, ajuda a silenciar o caos ao redor, a bloquear os sons que ameaçam sobrecarregá-la. Focar em Josie, em seu sorriso, em sua presença, torna tudo mais suportável.

FeelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora