Feelings

CHAPTER 32

"O DESTINO É ESCRITO NAS ESTRELAS"

Socos, chutes, bloqueios. Hope se movia com a precisão mortal de alguém que já havia travado mais batalhas do que qualquer jovem de sua idade deveria. Seus golpes eram fluidos e certeiros, conectando-se com força no oponente, mas sem machucá-lo. Ela estava demonstrando as técnicas com uma calma inquietante, seus olhos azuis cristalinos monitorando cada movimento do adversário. As técnicas que Marcel, Kol e Caroline haviam ensinado fluíam naturalmente por seu corpo, como se fossem uma extensão dela. Hope não precisou pensar; seu corpo já sabia o que fazer. Ela parecia estar em total controle de sua força, do espaço ao redor, do tempo — e, acima de tudo, de si mesma.

— Bom. Agora o resto de vocês tentem isso — Marcel anunciou, caminhando pelo campo de treinamento com a confiança de um general experiente. Ele olhou para os jovens vampiros ao redor com um olhar avaliador. — Usem seus sentidos. Com prática e foco, vocês vão perceber que fica mais fácil prever os movimentos do seu oponente. É sobre ler as intenções, não apenas os movimentos.

Os pares de vampiros se separaram, cada um tentando replicar os movimentos com a intensidade necessária, mas com um controle limitado. Era fácil perceber quem já tinha experiência e quem ainda estava se ajustando às suas novas habilidades. Marcel, Caroline e Kol se moviam por entre os alunos, corrigindo posturas, ajustando a força dos golpes, oferecendo pequenas dicas que faziam toda a diferença. Hope, por sua vez, observava tudo com calma, seus olhos passeando de um aluno a outro, avaliando-os silenciosamente.

Seu próprio parceiro de treino, ainda um vampiro jovem, parecia um tanto hesitante. Hope deu a ele um sorriso encorajador e relaxou seu próprio ritmo, permitindo que ele tentasse com mais calma. Seus movimentos tornaram-se menos agressivos, quase graciosos, como se estivesse em uma dança.

— Respira fundo. Você consegue. Não apresse o movimento, sinta-o primeiro — ela incentivou, suas palavras carregando uma autoridade suave. O parceiro tentou algumas vezes, suas tentativas eram desajeitadas, mas Hope esperou pacientemente.

Depois de várias tentativas, ele parou e pediu por um intervalo. Hope acenou, seu rosto relaxando num meio sorriso, enquanto ela pegava uma garrafa d'água. Tomando pequenos goles, ela aproveitou o momento de descanso para observar o que estava acontecendo ao redor. Decidiu, então, que era um bom momento para se juntar ao grupo de bruxas e ver como estavam indo. Enquanto caminhava em direção à área onde o treinamento das bruxas acontecia, sua mente vagou por memórias antigas. Quando era criança, Hope nunca teve muito tempo com sua família, especialmente com sua mãe. Mas quando ela tinha essa rara oportunidade de estar com eles, fazia de tudo para aprender o máximo que pudesse. Havia sempre aquele sentimento de urgência, de que o tempo estava escapando entre seus dedos. Lembrava-se de vagar pelo complexo dos Mikaelson, espiando os grimórios antigos que eram deixados para trás, escondidos em prateleiras que ninguém mais parecia olhar. Foi assim que aprendeu magia ofensiva, absorvendo cada feitiço com uma sede de conhecimento que ninguém jamais poderia compreender. Seus pais, sua família, queriam que ela tivesse uma infância normal. Mas, desde o momento em que nasceu, sua vida foi tudo menos normal. Ela era uma Mikaelson, e isso por si só já era uma responsabilidade maior do que qualquer criança deveria carregar. Então, quando ninguém estava por perto, Hope encontrava os livros de feitiços e os estudava com afinco, aprendendo o que podia para proteger aqueles que amava.

Ao se aproximar do grupo de bruxas, ela reconheceu de imediato o feitiço que estavam praticando. Era algo que ela havia aprendido sozinha aos quatorze anos, com um daqueles grimórios antigos. Um feitiço simples na teoria, mas difícil de controlar, especialmente para alguém com poder bruto como o de Hope.