CHAPTER 41

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"RESPONSABILIDADE É TUDO"

Dentro dos muros da Escola Salvatore, mais precisamente nas gaiolas que prendiam os lobisomens na lua cheia, o ar estava pesado e carregado de tensão. Hope e Josie se mantinham lado a lado, observando Lizzie com apreensão. Para a ruiva que estava presa parecia sentir ela diminuir a cada instante, Caitlin permanecia encolhida no canto, com os joelhos abraçados ao peito, o olhar voltado para o chão, evitando qualquer contato visual com Lizzie, que permanecia de pé, imóvel, observando-a com intensidade crescente.

Josie apertou a mão de Hope, seu coração batia acelerado enquanto seus olhos oscilavam entre sua irmã e a ruiva. Lizzie, embora quieta, irradiava uma instabilidade com seus novos sentidos de vampira, havia algo de novo em seu comportamento desde que despertara como vampira, talvez uma espessa frieza calculada e uma intensidade quase ameaçadora que fazia Josie se perguntar se realmente conhecia sua irmã como pensava. A vampira deu alguns passos em direção à jaula, cada movimento ressoando no ambiente silencioso, o som de suas botas batendo no chão ecoava como batidas surdas, lentas e medidas, quando ela finalmente ela parou em frente às grades, a luz fraca lançando sombras em seu rosto enquanto ela encarava a figura encolhida de Caitlin. A fúria estava estampada em cada linha de seu corpo, seu peito subindo e descendo com a respiração pesada, o silêncio da ruiva apenas a enfurecia mais.

Lizzie não conseguia entender como Caitlin podia simplesmente se encolher ali, sem dizer uma palavra, sem ao menos levantar o olhar, por mais que não quisesse aquilo a corroía, alimentando uma raiva que se misturava à dor de tudo que havia perdido. Lizzie falava com uma calma que parecia surpreender o casal, cada palavra medida com uma precisão quase assustadora, como se ela estivesse controlando cada emoção. Seus olhos, no entanto, traíam o verdadeiro turbilhão que se passava em seu interior, Hope observava a cunhada, sentindo o peso da tensão no ar, enquanto uma parte dela reconhecia o esforço imenso que Lizzie estava fazendo para se manter contida. A tríbrida sabia o quanto era difícil para ela estar ali, frente a frente com alguém que, de certa forma, traiu sua confiança, a matou e ainda carregava uma parcela da culpa por tudo o que havia acontecido.

De um segundo para o outro, a paciência de Lizzie se desfez como vidro quebrado, sua postura calma se fragmentou, e o controle que ela tanto lutava para manter foi arrastado por uma onda avassaladora de emoção. Seus punhos, que até então estavam firmemente cerrados, se abriram e fecharam de forma brusca, enquanto seus olhos se encheram de lágrimas, mas não eram lágrimas de tristeza, eram lágrimas de pura raiva. Ela tentou falar, mas as palavras ficaram presas na garganta, sufocadas pela frustração que queimava dentro dela, seus ombros tremiam enquanto ela lutava para se conter, mas era inútil. O choro veio de forma descontrolada, e com ele, a fúria, não era uma explosão de gritos, mas uma raiva que a consumia, que fazia seus músculos tensionarem e o coração bater tão forte que ela mal conseguia respirar.

O ar parecia mais denso a cada segundo que passava, Lizzie avançava com uma força quase magnética, seus olhos fixos na ruiva, exigindo algo que parecia impossível de ser dado, a sala era um misto de silêncio e tensão, quebrado apenas pela respiração pesada de Lizzie e pelos soluços silenciosos de Caitlin, que tremia no canto da jaula, encolhida como uma criança assustada. Caitlin sabia que Lizzie tinha razão, sabia que não poderia evitar isso para sempre, mas a vergonha era uma âncora, puxando-a para baixo cada vez mais, se sentia esmagada pela culpa, incapaz de encarar a verdade que Lizzie estava esfregando em sua face, mesmo assim, a loira continuava. Cada passo à frente, cada palavra, cortava como uma lâmina afiada. Lizzie se aproximava tanto que podia escutar com nitidez a respiração irregular de Caitlin.

— Me olha nos olhos! — Lizzie exigiu, sua voz vibrando de raiva e dor. — Você me deve isso. Você... me deve isso.

Seus punhos estavam cerrados com tanta força que seus nós dos dedos estavam brancos, as lágrimas ainda escorrendo pelo rosto, mesmo assim, Lizzie se recusava a fraquejar. Cada palavra que saía da sua boca era como um golpe, carregada de uma mágoa que só alguém que já esteve do outro lado da morte poderia entender, Caitlin tremia, seus olhos castanhos estavam fixos no chão, incapazes de subir para encarar Lizzie, um peso invisível a prendia no chão, e seus músculos pareciam congelados. Era mais do que medo, era o conhecimento de que ela havia destruído a pessoa que estava bem na sua frente, de que havia traído alguém que confiou nela.

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