CHAPTER 30

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"LUTAR PARA SE DEFENDER"

O treino de Hope com sua família sempre começava cedo, cedo demais para seu gosto. O sol mal havia nascido quando ela tropeçava pelo caminho até o Old Mill, os olhos ainda semicerrados, enquanto bebia da bolsa de sangue que segurava firme. A mistura dentro era cuidadosamente elaborada por sua família — predominantemente sangue animal, mas enriquecido gradualmente com sangue humano ao longo dos dias. A cada gole, sentia o poder correr por suas veias, os sentidos ficando mais apurados, mas o objetivo principal daquela dieta era mais nobre: controlar sua sede insaciável por sangue humano. Hope não podia se permitir ser dominada por esse instinto predador, não quando passaria a maior parte de sua vida cercada por pessoas normais. Esse controle era vital, tanto para a segurança deles quanto para sua própria estabilidade. E além disso, a força que o sangue proporcionava seria crucial para a batalha iminente, uma batalha da qual ela não podia fugir.

Quando chegou ao Old Mill, a brisa da manhã fria acariciou seu rosto e a neblina ainda cobria o campo. O local parecia ao mesmo tempo pacífico e carregado de tensão, a energia que precede qualquer treinamento Mikaelson. Sua família já estava lá, exatamente onde haviam prometido estar. Hope descartou a bolsa vazia no chão e respirou fundo, sentindo a adrenalina começando a correr por seu corpo. A eletricidade no ar era palpável, e ela sabia que a sessão de hoje não seria fácil.

— E lá está ela! — Kol exclamou com um sorriso satisfeito, enquanto Hope se aproximava do centro do campo.

— Graças a Deus — suspirou Rebekah, revirando os olhos em direção ao irmão. — Eu já estava farta do Kol sendo um idiota.

Ela deu um meio sorriso, rapidamente mudando de assunto, como sempre fazia para focar no que realmente importava para ela.

— Mas falando sério, esqueça isso. Quero saber tudo sobre o seu encontro com Josie!

Hope riu ao ver como o assunto mudou rapidamente para sua vida pessoal, e uma leve surpresa ainda pairava sobre seu rosto. Não era novidade que sua família, apesar de todo o poder, reputação e misticismo que envolvia os Mikaelsons, adorava fofocar. Talvez fosse uma das poucas coisas que os fazia parecer normais aos seus olhos.

— Vocês realmente não conseguem esperar, não é? — Hope respondeu, sua voz carregada de diversão. Mesmo com todo o caos em torno deles, sua família conseguia manter essa leveza, esse lado carinhosamente bobo.

— Só nos diga como foi — insistiu Freya, cruzando os braços enquanto Davina acenava em concordância, com os olhos fixos em Hope, esperando pelos detalhes.

Hope suspirou, e uma faísca de malícia brilhou em seus olhos. Ela adorava provocar sua família quando tinha a chance.

— Às vezes me esqueço de que a adolescente sou eu, e não vocês — provocou, mas sabia que, mais cedo ou mais tarde, cederia à pressão.

— Vamos, Hope! — Kol apressou-a, já impaciente. — Como foi?

Diante de tanta expectativa, Hope finalmente cedeu, decidida a prolongar o suspense o máximo que podia. Ela fez uma pequena pausa, deixando todos à sua volta presos ao fio de suas palavras.

— Tudo correu bem. Josie adorou Nova Orleans e... bem, eu a pedi em namoro.

Ela se permitiu mais uma pausa, saboreando a tensão crescente nos rostos de seus parentes. Era quase uma tortura divertida para ela, ver os olhares ávidos de curiosidade.

— E ela disse sim!

— Parabéns! — exclamou Marcel, abrindo um largo sorriso, com um orgulho evidente. Ao redor, a família explodiu em comemorações, cada um expressando sua alegria de maneiras distintas, mas sinceras. Todos sabiam o quanto aquele momento era importante para Hope, e ver sua sobrinha feliz aquecia os corações endurecidos dos Mikaelsons.

Freya, que conhecia Josie de perto, especialmente desde a viagem para Nova Orleans para restaurar as memórias de Hope, sentia uma afinidade especial por ela. Desde o começo, ela soubera que Josie era uma boa pessoa. O ato de devolver as memórias de Hope, mesmo sabendo dos riscos que aquilo representava para a vida que tinham, falava muito sobre o caráter de Josie. Freya sentia, talvez mais do que qualquer um ali, que Josie teria um papel fundamental no futuro de sua sobrinha.

— Seus pais ficariam muito orgulhosos — acrescentou Freya, com um olhar que transbordava carinho e compreensão.

Sem mais delongas, o treinamento começou, e como sempre, era brutal. Hope mal teve tempo de descansar antes de ser jogada ao centro do campo. Seus músculos ainda mornos do alongamento rapidamente foram exigidos ao máximo. A família Mikaelson não pegava leve, nem mesmo com Hope. Rebekah foi a primeira a avançar, seus olhos azuis faiscando de determinação. Cada golpe de Rebekah era preciso, e Hope tinha que usar cada grama de sua agilidade para desviar. O som de pancadas reverberava no ar, enquanto Hope bloqueava um golpe atrás do outro, sua respiração ficando mais pesada, mas seu corpo não fraquejava.

Freya, de longe, observava, preparando seus feitiços para intervir. Kol, por sua vez, avançava de maneira mais agressiva, como sempre fazia. Ele era imprevisível, mas Hope, com uma agilidade sobrenatural, evitou seus ataques. Ela o desarmou com um movimento fluido, uma manobra que arrancou risadas de Marcel, que assistia à cena com um sorriso malicioso.

— Está ficando melhor, Hope — disse Davina, com um sorriso de aprovação. Ela ergueu as mãos, lançando bolas de fogo que Hope prontamente desviou com uma precisão quase surreal, movendo-se como uma sombra no campo de batalha.

A sessão de treinamento parecia interminável, e Hope absorvia cada movimento, seus reflexos se aprimorando a cada novo ataque. Quando Kol e Rebekah decidiram se unir contra ela, Hope se concentrou, sentindo seu poder crescer. Ela canalizou suas habilidades, usando a força deles contra eles, derrubando os dois ao chão com elegância.

Enquanto o treino avançava, os músculos de Hope queimavam, mas seu corpo curava-se quase instantaneamente. A cada golpe, a cada esquiva, ela se sentia mais forte, mais rápida, e seus instintos de sobrevivência estavam em seu ápice.

Horas se passaram, e finalmente, todos estavam exaustos, caídos no chão ao redor do campo. Alguns seguravam bolsas de sangue, outros garrafas de água, desesperadamente tentando se recuperar. Hope, no entanto, estava apenas levemente ofegante. Seus músculos doíam, mas o processo de cura avançada já havia começado a aliviar a dor.

— Tenho que admitir, aprendi muitas coisas que vão ser úteis na luta que temos pela frente — disse Hope, enquanto o brilho de determinação em seus olhos crescia.

Ela se levantou de repente, como se uma ideia tivesse tomado conta dela. Sabia exatamente o que precisava fazer. E isso envolvia convencer Alaric.

Despediu-se rapidamente de sua família, já planejando os próximos passos. Ao chegar à escola, a determinação em seus passos só aumentou. Ao entrar no escritório de Alaric, sua postura era confiante, e sua voz firme quando finalmente disse:

— Precisamos conversar.

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