Feelings

CHAPTER 23

"Inspire e Expire"

Soco. Chute. Abaixe. Encantamento. Repita.

Cada ação se desdobrava como uma coreografia bem ensaiada. Josie lançava feitiços com precisão, enquanto Lizzie jogava objetos e móveis na direção do monstro. Ele desviava com uma facilidade irritante, movendo-se com uma agilidade sobrenatural. Os gêmeos tinham pego um pouco de magia de Hope, mas já estavam ficando exaustos. A cada segundo que passava, seus feitiços perdiam força, se tornando menos eficazes.

Caroline avançou em uma tentativa desesperada de se aproximar, mas foi lançada contra a parede com um movimento brutal do monstro, caindo do outro lado da sala com um baque surdo. Ela gemeu de dor, mas se levantou rapidamente, determinada. Já Alaric, com sua besta em mãos, tentava ajudar, mas as flechas mal arranhavam a pele da criatura. As que acertavam pareciam não ter efeito algum. Ele era apenas um humano, e a impotência de sua situação o corroía por dentro, mas isso não o impedia de tentar.

O monstro soltou uma gargalhada gutural, quase desdenhosa, antes de avançar para seu próximo alvo. Seus movimentos eram rápidos e calculados, como se estivesse brincando com suas presas. Ele girou violentamente, acertando um soco nas costelas de Lizzie e depois outro no rosto de MG, que cambaleou para trás, atordoado. O poder do monstro era avassalador, seus golpes tão fortes que pareciam deixar cada um deles à beira do desespero. Os feitiços de Josie se tornavam fracos, os ataques de Lizzie não tinham mais impacto, e até os movimentos de Caroline, rápidos e bem treinados, pareciam ineficazes contra a força descomunal da criatura. Mas, no meio do caos, havia Hope Mikaelson.

Seus olhos, agora brilhando com a intensidade tribrida, ardiam em tons dourados. Ela era a única a causar dano real ao monstro, cada golpe dela reverberando com uma força sobrenatural, mesmo sem ter bebido sangue naquela manhã. O ar ao redor de Hope parecia vibrar com uma energia palpável, um sinal claro do seu novo poder latente. Ela rosna, um som gutural e ameaçador, enquanto uma onda de magia explode dela, empurrando o monstro para trás por um momento. A fúria nos olhos de Hope é evidente, mas há algo mais ali – uma exasperação cômica, quase como se a situação fosse absurda. Afinal, eles estavam lutando contra um monstro... de pijama. Isso, sem dúvida, seria motivo de piada mais tarde, como sempre acontecia. Hope não perdeu tempo. Ela avançou novamente, desferindo um soco poderoso no monstro, que revidou com um golpe em seu estômago. O ar foi arrancado de seus pulmões, mas Hope se recuperou rapidamente, a dor alimentando sua raiva. Atrás dela, Josie conjurou outro feitiço, e dessa vez conseguiu tempo suficiente para que Hope atacasse com ainda mais ferocidade.

Com um grito primal, seus dedos perfuraram o peito da criatura, agarrando seu coração. Sangue quente jorrou do buraco aberto, manchando o chão. Por um breve momento, o monstro ainda tentou lutar, mas logo sua força se esvaiu. O corpo caiu inerte, e Hope jogou o coração de lado como se fosse nada. Ela limpou as mãos com um feitiço simples, removendo o sangue.

— Foi divertido. —  Hope comentou com um meio sorriso, um toque de ironia na voz. Enquanto Caroline conversava com Alaric, tentando entender o que havia acontecido e como o monstro havia escapado, Josie se aproximou de Hope, silenciosa e suave. Sem que os outros percebessem, ela se inclinou, seus lábios roçando o ouvido de Hope.

— Você fica ainda mais gostosa quando banca a heroína. — Josie sussurrou, sua voz baixa e rouca. Hope sentiu um arrepio imediato percorrer sua espinha, suas bochechas aquecendo em um rubor incontrolável. A proximidade de Josie fez com que Hope sentisse cada detalhe intensamente: o calor de sua respiração, o leve toque dos lábios no seu lóbulo da orelha. Hope quase perdeu o fôlego, cada célula do seu corpo pulsando com um desejo súbito e avassalador. Se a família de Josie não estivesse ali, se Caroline e Alaric não estivessem a poucos metros de distância, Hope sabia que já teria se inclinado para beijá-la. A tensão entre elas era quase sufocante.