Feelings

CHAPTER 19

"A ESPERANÇA É A
ÚLTIMA QUE MORRE"

Hope usou cada centímetro de velocidade que possuía, canalizando sua natureza de lobo, seus pés se moveram mais rápido do que ela conseguia se lembrar, cada fibra de seu corpo focada em parar as balas, ala avançou, empurrando a bruxa para o lado com força suficiente para jogá-la no chão, sua cabeça batendo e a deixando inconsciente. Ela continuou se movendo, para mais perto a cada segundo. Hope viu o dedo do homem apertar o gatilho e, sem hesitar, se jogou entre ele e Josie.

Os disparos ecoaram no armazém, e Hope sentiu as balas perfurarem seu corpo. Ela estava tão focada no vampiro à sua frente que mal percebeu a dor aguda se espalhando por seu peito. Em um movimento rápido, movida pela adrenalina e pelo instinto, ela arrancou a arma da mão dele e a lançou para longe, o vampiro a olhou com uma mistura de medo e frustração estampada em seu rosto, seu plano havia falhado miseravelmente. Ao invés de tirar a vida de Josie, ele havia selado o destino de Hope Andrea Mikaelson.

Ele era a razão pela qual ela se tornaria uma tríbrida completa, a criatura mais poderosa que o mundo já conhecera. O medo e o horror nos olhos do vampiro eram palpáveis; ele sabia que havia desencadeado algo que não podia ser controlado.

— Isso não acabou — Murmurou, antes de agarrar sua amiga bruxa e correr como um vampiro, desaparecendo na escuridão. Hope soltou um suspiro pesado, o peso de sua decisão e a dor em seu corpo finalmente se manifestando, cambaleou e seus joelhos fraquejando sob o peso da exaustão, do ferimento e de tudo que vinha junto. Josie, ainda acorrentada, também soltou um suspiro de alívio, apesar de sua situação precária. Reunindo o pouco de energia que restava, Hope se arrastou até Josie, a preocupação nublando seus olhos enquanto observava o sangue escorrer do ferimento no abdômen da amiga. Cada passo parecia uma eternidade, mas acabou caindo a uns passos da Saltzman.

— Você me salvou. — Disse Josie, a voz trêmula, uma mistura de surpresa e alívio, enquanto olhava para Hope que colocou as mãos no peito, sentindo a dor aguda das balas alojadas em seu corpo, e baixou o olhar para ver as palmas manchadas de sangue. Ela sabia exatamente o que isso significava, a gravidade de suas feridas, mas, de algum modo, estava em paz com o que tinha feito. Com um suspiro pesado, ela murmurou um feitiço simples de fractus, e as correntes que prendiam Josie caíram no chão com um som metálico. Tentando se levantar para alcançar Josie, acabou cambaleando, o mundo ao seu redor girando enquanto a perda de sangue começava a cobrar seu preço.

Josie ao ver a quantidade de sangue que escorria do corpo de Hope, correu até ela, o desespero pintando cada traço de seu rosto pálido. Ela se ajoelhou ao lado de Hope, segurando-a com cuidado enquanto a tríbrida caía no chão. Com mãos trêmulas, Josie colocou a cabeça de Hope em seu colo, acariciando seus cachos ruivos, tentando oferecer algum consolo.

— Hope... — Sussurrou com a voz embargada pelo medo, os olhos se enchendo de lágrimas enquanto ela olhava para a amiga. Hope tentou sorrir, apesar da dor crescente que irradiava de seus ferimentos.

— Tá tudo bem. Ei, tá tudo bem. Nós estamos bem. — Hope disse ela, tentando soar reconfortante, mas a fraqueza em sua voz era evidente. Ela sabia que precisava agir rápido. Com um movimento decidido, Hope mordeu seu próprio pulso, seus dentes perfurando a pele com facilidade, estendeu o braço para Josie, o sangue fluindo livremente da ferida. — Aqui. — Murmurou, insistindo, sua voz carregada de urgência.

— Eu não posso. Você já está fraca por causa das balas. — Protestou, a voz desesperada, enquanto lágrimas começavam a escorrer por seu rosto. Hope olhou profundamente nos olhos de Josie, sua expressão suave, mas determinada.

— Eu estou morrendo, Jo. Pelo menos me deixe fazer isso. Deixe-me ajudar você. — disse ela, sua voz firme, apesar da dor que sentia. Ela precisava que Josie entendesse que essa era sua escolha, sua última chance de fazer algo bom. Josie balançou a cabeça, as lágrimas caindo mais rapidamente agora.

— Você não está morrendo. Você não pode. Eu não vou deixar você. — Josie parou, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam cair. — Nós podemos tirar as balas... nós podemos fazer alguma coisa. — A visão de Hope começava a ficar turva, mas ela se forçou a manter o foco em Josie.

— Cada segundo que falamos, eu posso sentir as balas se movendo mais perto do meu coração. Não há como evitar isso, mas eu posso impedir que seus ferimentos piorem. Então, por favor, Josie... beba. — Hope implorou, sua voz fraca mas determinada. Josie olhou para o pulso de Hope, hesitando. A ideia de beber o sangue da Hope enquanto morria parecia errada, mas ela sabia que Hope estava certa e precisava ser forte por ambas. Não querendo discutir mais, Josie finalmente cedeu. Com os olhos cheios de lágrimas, ela se inclinou para frente e bebeu o sangue de Hope. Imediatamente, ela sentiu um calor intenso se espalhando pelo seu corpo, um alívio imediato enquanto a dor desaparecia e seus ferimentos começavam a se curar. Quando terminou, limpou os cantos dos lábios com as mãos e olhou de volta para Hope. O que viu fez seu coração afundar. A pele de Hope estava ficando mais pálida a cada segundo, os olhos pesados como se ela estivesse lutando contra o sono. A vida estava lentamente deixando seu corpo, e Josie sabia que o tempo estava se esgotando.

— Eu não posso ficar aqui sentada e ver você morrer. — Josie chorou, o desespero tomando conta dela.

— Tá tudo bem. — Hope disse suavemente, com uma serenidade que Josie não conseguia entender. — Vou estar de volta antes que você perceba, amor. — Josie balançou a cabeça, soluçando.

— Deve ter um feitiço que eu possa fazer, algo... Eu sei que você não quer isso. Não é justo. — Sua voz estava cheia de angústia e medo. Ela sabia que Hope não merecia isso. Sempre imaginou que Hope teria a escolha de ativar seu lado vampiro, não que fosse forçada a isso por causa dela. Hope deu um sorriso suave, apesar da dor.

— Ei, eu sabia que salvar você significaria me tornar uma vampira, e, estou mais do que bem com isso, Jo, eu prometo. — Seus olhos começaram a se fechar, o cansaço finalmente tomando conta. Josie, em pânico, segurou o rosto de Hope com ambas as mãos, tentando mantê-la acordada.

— Hope... ei, mantenha os olhos abertos, fica aqui, por favor, não me deixa. — Josie implorou, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto, ela queria aceitar perdê-la, não assim. Hope abriu os olhos, encontrando o olhar de Josie com uma expressão de ternura e amor. Ela levantou lentamente a mão esquerda, que parecia pesar uma tonelada, e acariciou a bochecha de Josie com o que restava de sua força.

— Nunca. — Hope sussurrou, uma risada fraca escapando de seus lábios, como se estivesse tentando aliviar a dor de Josie com uma última tentativa de conforto. Mas então, um segundo depois, a mão de Hope perdeu a força e caiu, seus olhos se fecharam pela última vez e seu coração parou de bater. O corpo de Hope ficou imóvel, e naquele instante, Josie sabia que Hope Mikaelson estava morta.

O mundo ao redor de Josie pareceu parar. A dor da perda tomou conta dela como uma onda esmagadora, deixando-a sem ar. Ela segurou o corpo de Hope mais perto, sentindo o peso da morte da amiga como uma âncora em seu peito.

— Não, não, não — ela sussurrou, quase sem voz, balançando o corpo de Hope como se pudesse de alguma forma trazê-la de volta. Josie sabia que a morte de Hope era inevitável quando ela a viu correr em direção às balas. Mas nada poderia ter preparado seu coração para a realidade brutal de ver a pessoa que ela amava morta em seus braços. A raiva e a tristeza se misturaram dentro dela, um turbilhão de emoções que ela não conseguia controlar. Ela chorou, o som ecoando no vazio do armazém, um grito de dor e perda que parecia não ter fim. As lágrimas caíam livremente pelo seu rosto, pingando no cabelo de Hope, que agora estava espalhado pelo colo de Josie. Ela não conseguia aceitar a realidade de que Hope estava morta, de que a pessoa que havia arriscado tudo para salvá-la tinha perdido a própria vida.