CHAPTER 24

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"SEMPRE E PARA SEMPRE"


Manhãs nunca foram a coisa favorita de Hope. Longe disso, na verdade, ela sempre preferiu passar algumas horas a mais deitada na cama, longe de qualquer movimento. E agora, enfrentar uma manhã cedo para lutar contra um monstro a deixava ainda mais irritada. Seu humor já sombrio piorou ainda mais quando Josie partiu, se dirigindo para suas aulas, deixando-a sozinha nos corredores vazios. Com os passos ecoando nos corredores, Hope sentia os batimentos cardíacos ressoando altos e fortes em seus ouvidos. Era o novo ritmo de sua vida, um lembrete constante de sua recém-descoberta condição. Os pensamentos a consumiam. Será que ela deveria mesmo ir ao encontro que haviam marcado para aquela noite? A dúvida a corroía, não por desinteresse, mas pelo medo. Ela era uma vampira novata, recém-transformada, mal começando a entender os novos impulsos e desejos que agora habitavam seu corpo. E se, em algum momento de descuido, ela machucasse Josie? Era um pensamento que a aterrorizava. Hope sabia que nunca, em sã consciência, desejaria causar mal à garota que amava. Mas, e se o instinto falasse mais alto? E se, no calor do momento, ela perdesse o controle?

Esses novos impulsos a assustavam mais do que qualquer monstro com o qual já tivesse lutado. Havia muitas histórias de vampiros que, recém-transformados, acabavam machucando seus entes queridos antes de aprenderem a controlar seus desejos. Hope não queria ser mais uma dessas histórias, não queria fazer parte desse legado sombrio. Ela temia que o monstro dentro dela pudesse ferir Josie de maneiras irreversíveis. Aquela voz no fundo da sua mente, sempre crítica, sempre presente, a instigava a afastar Josie. Dizia-lhe que Josie estaria mais segura longe dela, que seria melhor para ambas. Mas, ao mesmo tempo, seu coração lutava contra essa ideia, contra a voz cruel que parecia sussurrar todos os seus medos. As palavras de seu pai ecoavam em sua mente, aconselhando-a a não afastar as pessoas, a resistir ao desejo de se isolar, mesmo que o impulso parecesse incontrolável. Ignorar esse conselho seria uma traição, não apenas ao pai, mas a si mesma.

Com a mente sobrecarregada por pensamentos conflitantes, Hope buscou uma maneira de escapar, ainda que por um momento. Havia uma coisa que poderia fazer para silenciar, mesmo que temporariamente, o caos dentro dela. Ela correu em direção à cozinha, parando abruptamente ao bater contra o balcão. O impacto foi mínimo, mas levou alguns segundos para recuperar o equilíbrio. Com uma respiração pesada, ela abriu a geladeira. A brisa fria que escapou a confortou brevemente, trazendo um alívio temporário do calor de suas dúvidas. Diante dela, a bolsa de sangue animal a encarava de volta, um lembrete de sua nova realidade. A insegurança a percorreu quando agarrou o plástico frio. Esse seria o seu primeiro gosto de sangue animal, e, honestamente, Hope não estava nem um pouco empolgada. Ela já tinha ouvido as reclamações de MG, Kaleb e praticamente todos os outros vampiros sobre o sabor do sangue animal. Eles sempre diziam que não chegava nem perto do sangue humano. O calor, a energia, a vitalidade do sangue fresco, direto de uma veia, eram incomparáveis. Além disso, o sangue animal não trazia nem de longe a força total que os vampiros poderiam alcançar.

Com hesitação, ela finalmente levou a bolsa à boca. O gosto amargo invadiu sua língua, fazendo-a imediatamente se arrepender da decisão. Era muito pior do que qualquer coisa que já havia provado antes, muito pior do que havia imaginado. Não a satisfazia nem de longe como o sangue humano que ela tinha bebido para completar sua transição. Mas Hope sabia que teria que se acostumar com aquilo, se quisesse permanecer na escola, controlar seus impulsos e, principalmente, proteger aqueles que amava. Com uma expressão de nojo, ela se forçou a terminar a bolsa inteira. Cada gole era uma luta, mas, eventualmente, o líquido amargo desapareceu.

• • •

Hope troca rapidamente para suas roupas esportivas, sabendo muito bem que sua família iria levá-la ao limite naquele dia. Mesmo com todo o carinho que tem por eles, não havia dúvida de que o treino seria exaustivo. Mas ela entendia a necessidade. Controlar suas habilidades, agora que era uma vampira, seria crucial nas batalhas que se aproximavam. Ela sabia que, se não dominasse seus novos poderes, estaria colocando em risco não apenas a si mesma, mas também aqueles ao seu redor, especialmente Josie.

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