21.

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     Show me how you do it, and I promise you
I promise that I'll run away with you
I'll run away with you



Clara Pov

César, percebendo a tensão, decidiu quebrar o clima. Com um sorriso malicioso que só ele sabe dar, se aproximou de mim.

—  O gato comeu sua língua? — ele disse, com um tom descontraído. — Não vai me cumprimentar, não?

Eu tentei esconder o sorriso que estava querendo surgir, mas não consegui. A maneira como ele falou fez a tensão desaparecer instantaneamente, substituída por uma sensação de alívio.

— Desculpa, César. — eu respondi, me levantando para cumprimentá-lo. — Tava meio distraída aqui.

Ele me deu um abraço caloroso, e o cheiro másculo dele me envolveu. O abraço dele era firme, mas ao mesmo tempo gentil, e eu queria morar naquele momento, naquele abraço.

— Precisa de ajuda com as sacolas? — perguntei, tentando manter a conversa leve, mesmo com o coração ainda acelerado por causa do abraço.

— Não, não precisa. — Ele respondeu, se afastando um pouco, mas ainda mantendo o olhar fixo em mim. — Você já fez o suficiente, só de estar aqui.

Eu ri, balançando a cabeça enquanto tentava esconder o rubor que subia pelo meu rosto. Era típico dele, sempre com uma resposta pronta que me deixava sem jeito e ao mesmo tempo confortável. Ele parecia gostar de me deixar desconcertada, como se isso fosse algum tipo de jogo pessoal.

— Ah, sim, claro... Estar aqui no sofá já é um trabalho e tanto. — brinquei, tentando recuperar um pouco da minha compostura.

César soltou uma risada baixa, aproximando-se da janela e dando uma olhada rápida para fora, como se estivesse checando algo que só ele sabia. Depois se virou de volta para mim, encostando-se casualmente no parapeito, cruzando os braços.

— E como você tá?

— To bem, indo na correria, como sempre. E você? — respondi, tentando manter a conversa leve.

— Agora tô melhor. — disse, dando um passo na minha direção, seu olhar se fixando no meu. — Muito melhor agora que você está aqui.

Eu senti um frio na barriga com a proximidade e o jeito como ele estava me olhando. Tentei não sorrir demais, mas era impossível não ser afetada por ele.

— Bom saber. — respondi, flertando de volta.

Antes que César pudesse responder, ouvi Renata me chamar da cozinha.

— Clara, vem aqui um momento!

Suspirei e olhei para César com um sorriso meio constrangido.

— Claro, já vou — respondi, forçando um sorriso para César. — Parece que a realidade está chamando.

César me olhou com um sorriso compreensivo, mas seus olhos ainda estavam cheios de um desejo não satisfeito.

***

Entrei na cozinha e encontrei Renata cortando alguns legumes.

— Cheguei!— disse, tentando parecer natural. — O que precisa?

— Então, só estou finalizando a salada aqui. Você pode me ajudar a misturar os ingredientes?

— Claro, posso ajudar com isso — respondi, pegando uma colher grande para misturar os legumes.

The Last Day | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora