The Last Day | Wagner Moura

16.

Cause you're just a man
It's just what you do...

              Norman Fucking Rockwell, Lana Del Rey

— Chanel, Eu estou apaixonado por você.

As palavras de César caíram como uma bomba. Clara ficou em choque, o rosto sem expressão, enquanto tentava processar o que acabou de ouvir. Seu coração acelerou, e ela sentiu as mãos começarem a tremer levemente. A ideia de César, o pai de seu namorado, estar apaixonado por ela era algo que nunca havia passado por sua mente.

— César... — ela murmurou, tentando encontrar as palavras certas. — Eu... não sei o que dizer.

César observou Clara com uma expressão confusa, o semblante marcado pela preocupação. Ele esperava um impacto, mas a imobilidade dela o desarmou.

— Chanel, eu sei... você deve estar achando que eu sou emocionado, que talvez eu esteja confundindo as coisas... — disse ele, sua voz baixa e rouca. — Isso que eu sinto por você... não é algo passageiro.

— Sei que isso é inesperado e complicado — continuou, tentando manter a calma. — Não quero que você se sinta pressionada a reagir de uma maneira específica. Só quero que você saiba a verdade e saiba que minha intenção não era te deixar tão angustiada.

— César, — Clara finalmente conseguiu falar, a voz ainda trêmula. — Eu realmente não sei por que você achou que eu não ficaria surpresa. Nunca pensei que você pudesse sentir algo assim.

César suspirou, passando uma mão pelos cabelos, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas.

— Eu pensei que você poderia sentir o mesmo — ele disse, com um tom de tristeza na voz. — Senti que havia algo entre nós, uma conexão que talvez você também estivesse percebendo. Mas, ao ver sua reação, percebo agora que talvez eu tenha me enganado. Se eu soubesse que isso te causaria tanto desconforto, nunca teria me exposto dessa maneira.

Clara sentiu o coração apertar ainda mais. As palavras de César eram sinceras, mas isso só tornava tudo mais complicado.

Ela nunca imaginou estar nessa posição, sendo alvo de um sentimento tão intenso de alguém como César.

César olhou para Clara, com um olhar carregado de intensidade e uma dor visível nos olhos.

— Tem sido torturante para mim ver o Rafael com você — Ele pausou, como se o peso das palavras o tivesse sobrecarregado. — Isso pode parecer egoísta, mas não posso deixar de desejar estar no lugar dele, ao seu lado.

— César, você é casado, e há uma grande diferença de idade entre a gente. Eu realmente preciso entender o que você viu em mim. O que te fez sentir tudo isso?

— Eu sei que sou casado, e a diferença de idade entre nós é significativa. Mas estou com você, sinto algo que não experimentei há anos. Você me faz sentir vivo de uma maneira que eu não sentia há muito tempo. Volto a ser quem eu era antes de me deixar dominar pela rotina e pelas obrigações. Sua presença traz uma energia que eu havia perdido, e é como se eu pudesse respirar novamente.

Ele dá um suspiro profundo e continua, com um tom mais vulnerável.

— Nunca antes uma mulher me tocou tão profundamente, e não é apenas sobre a atração física. É a forma como você sorri, como você conversa, como você simplesmente está presente. Você traz uma leveza que eu não conhecia mais, e isso me faz questionar tudo o que eu tenho agora.

Clara, com uma expressão de perplexidade e preocupação, fez a pergunta que estava em sua mente há algum tempo.

— César, se você não sente mais amor pela Renata, por que continua com ela?