6.

85 3 0
                                    


But I can't control my mind
   I'm just thinkin' 'bout you

Thinkin bout you, Ariana Grande

César volta para o seu escritório, os pensamentos ainda fervilhando após a discussão com Clara. Ele caminhou até o bar no canto da sala e serviu-se de um whisky, sentindo o calor do líquido descendo pela garganta enquanto tentava se acalmar.

Ele se sentou pesadamente em sua poltrona de couro, sentindo o peso da discussão ainda sobre seus ombros. O ambiente familiar do escritório, com suas estantes de livros e diplomas emoldurados, parecia oferecer pouco conforto naquele momento.

O líquido âmbar brilhou sob a luz suave da lâmpada, e ele tomou um gole, sentindo o calor se espalhar por seu peito. Precisava se acalmar, refletir sobre o que havia acontecido.

Enquanto olhava para o copo, um sentimento de arrependimento começou a se formar. Talvez ele tivesse sido duro demais com Clara. Havia algo nela que o perturbava, uma intensidade que ele não sentia havia muito tempo. César não conseguia definir exatamente o que era, mas sabia que algo estava mudando dentro de si.

Ele deu outro gole no whisky, tentando organizar seus pensamentos. A imagem de Clara, com seus olhos cheios de lágrimas e o rosto marcado pela tristeza, não saía de sua mente. César sempre se considerou um homem racional, mas agora estava sendo confrontado por emoções que não conseguia controlar.

O que essa mulher fez comigo? — murmurou para si mesmo, sentindo uma inquietação que não conseguia explicar.

Ele sabia que precisava fazer algo a respeito, mas naquele momento, a única coisa que conseguia fazer era terminar seu whisky e esperar que a clareza viesse com o tempo.

***
Clara estava preparando-se para um evento importante. Ainda abalada com a discussão com César, seus movimentos eram automáticos, quase mecânicos, enquanto tentava afastar os pensamentos perturbadores que a assombravam.

Ela escutou uma batida na porta e, por um momento, seu coração acelerou, temendo que pudesse ser César novamente. No entanto, ao abrir a porta, viu Rafael ali, segurando um buquê de flores, com um sorriso gentil.

— Rafael... — ela murmurou, surpresa e tocada pelo gesto romântico.

— Pensei em te fazer uma surpresa — disse Rafael, entregando-lhe as flores. — Você disse que gosta de rosas, comprei pra você.

Rafael entregou o buquê a Clara e, com um olhar carinhoso, inclinou-se para lhe dar um beijo suave nos lábios.

— Obrigada, amor — ela murmurou, segurando o buquê e olhando nos olhos dele
— Você é sempre tão fofo comigo.

Rafael inclinou a cabeça, olhando-a com preocupação.

— Clara, está tudo bem? Você parece... abatida.

Clara sorriu de leve, tentando disfarçar a inquietação que ainda sentia. Segurou as flores com carinho, mas não conseguia afastar o peso que estava em seu peito.

— Rafael... — ela começou, respirando fundo. — Eu tô meio... sabe, tpm. Coisas de mulher.

Rafael franziu a testa, com um toque de preocupação no olhar, mas tentou brincar para aliviar o clima.

— Ah, então é isso? — ele disse, com um sorriso suave. — Achei que eu tinha feito algo errado.

— É... — ela insistiu, tentando soar convincente. — Só tô mais sensível hoje. Essas coisas de hormônio, sabe?

The Last Day | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora