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Por que não eu?




César dirigia, os olhos voltando-se de tempos em tempos para o banco do passageiro. Clara, exausta, havia adormecido no ombro de Rafael. A cena era quase angelical, contrastando com a tensão que pesava sobre ele.

Ela estava tão tranquila, tão vulnerável, que fazia algo dentro dele arder. Havia um desejo profundo, algo que o fazia questionar suas próprias intenções. Ele queria estar no lugar de Rafael. Não apenas pela proximidade física, mas pelo conforto, pelo papel de apoio que Rafael desempenhava ao lado de Clara.

Ele tentou focar na estrada, mas seus pensamentos estavam completamente tomados por Clara. Aquilo não era só um desejo de ajudar. Era algo maior, algo que ele não sabia como nomear. Um anseio de estar mais presente, de ter um papel maior em sua vida.

— Rafa, já estamos chegando na casa da Clara?

Rafael confirmou com um aceno.

— Sim, estamos quase lá. Faltam só alguns minutos.

Ele então deu uma leve balançada no ombro de Clara, tentando acordá-la suavemente.

— Amor, acorda, estamos chegando.

Clara piscou os olhos, espreguiçando-se antes de abrir completamente. — Hum? Ah, já chegamos?

— É, estamos pertinho. Você está bem?

Clara esfregou os olhos e tentou se recompor.

César, ao parar o carro na entrada, olhou pelo retrovisor.

— Chegamos. Vamos ajudar você a entrar e se acomodar.

Clara sorriu agradecida e saiu do carro com a ajuda de Rafael.

***

César e Rafael ajudaram Clara a levar suas coisas para dentro, e a presença dos dois oferecia um conforto essencial, apesar da tensão no ar.

Enquanto Clara estava no quarto organizando suas roupas, Rafael entrou, tentando parecer casual, mas havia um toque de nervosismo em sua postura.

— Clara, eu tava pensando... — começou ele, hesitante. — Sei que as coisas estão meio complicadas, mas queria te pedir uma coisa.

Clara, ainda dobrando suas roupas, olhou para ele curiosa.

— Pode falar, Rafa... — respondeu ela, dando atenção.

Ele respirou fundo, visivelmente tentando escolher as palavras certas.

— Eu queria que você passasse a noite lá em casa... — disse, a voz carregada de expectativa. — Acho que seria bom pra você sair um pouco daqui, se sentir mais acolhida, sabe?

Clara parou, surpresa com o pedido, e o encarou por um momento.

— Sério? Você acha que isso vai ajudar? — perguntou, tentando entender a sugestão.

Rafael sorriu, um sorriso esperançoso, mas um pouco tímido.

— Acho que sim. Você vai poder descansar melhor, se distrair um pouco... pode fazer bem pra você.

Clara refletiu sobre a proposta. O apoio de Rafael vinha sendo crucial para ela, e talvez fosse mesmo uma boa ideia.

— Tá bom, Rafa. Eu aceito. Pode ser bom sair um pouco daqui e relaxar. — disse ela, com um leve sorriso.

Rafael abriu um sorriso aliviado, claramente feliz com a resposta.

— Que ótimo! Vai ser bom demais ter você lá.

Clara, emocionada pelo gesto de carinho, se aproximou dele e o beijou suavemente, transmitindo mais sentimentos do que qualquer palavra poderia expressar.

— Obrigada por tudo, Rafa. Você é incrível. — disse ela, com a voz carregada de gratidão.

Rafael a envolveu em um abraço apertado, respondendo com ternura.

— Não precisa agradecer, amor. Só quero te ver bem.

***

Clara e Rafael estavam se preparando para partir, Rafael se voltou para César, que estava na sala do apartamento.

— Pai, só para avisar, a Clara vai passar a noite em casa. Acho que vai ser bom para ela.

César imediatamente sorriu, claramente contente com a notícia.

— Que bom, Rafa. Fico feliz que ela possa ficar conosco. Vai ser bom para ela estar mais perto e encontrar um pouco de conforto.

Com a notícia confirmada e a satisfação evidente de César, os três se prepararam para partir para a casa de Rafael, onde Clara esperava encontrar um pouco de alívio e apoio.

***

Ao chegarem na mansão, César, Rafael e Clara foram recebidos por Renata na entrada. Renata, com um sorriso acolhedor, estendeu os braços para Clara.

— Oi, Clara! Finalmente nos conhecemos. Seja muito bem-vinda!

Clara sorriu e retribuiu o abraço de Renata, sentindo-se gradualmente mais à vontade.

— Oi, Renata. Muito obrigada por me receber.

Rafael, ao lado deles, tomou a palavra para explicar a situação.

— Então Mãe, a Clara vai passar a noite aqui com a gente.

Renata, ainda sorrindo, assentiu para Rafael e depois olhou novamente para Clara.

— Clara, querida, considere-se parte da nossa família. Esta casa é sua também. Fique à vontade.

Clara se sentiu reconfortada pelas palavras de Renata e agradeceu novamente. Sentia um pouco de nervosismo por estar ali, mas o caloroso acolhimento de Renata ajudava a dissipar essas sensações.

César observava a cena com um olhar aprovador, enquanto Rafael pegava a bagagem de Clara.

Rafael pegou a bagagem de Clara e olhou para ela com um sorriso.

— Vem, Clara. Vou te mostrar onde você vai ficar.

Eles caminharam juntos pelo interior da mansão, passando por corredores decorados com obras de arte e móveis elegantes. Ao chegarem ao quarto de Rafael, ele abriu a porta, revelando um ambiente espaçoso e aconchegante.

— Esse é o meu quarto. Você pode deixar suas coisas aqui e se acomodar.

Clara entrou no quarto, admirando a decoração e a vista da janela.

— Seu quarto é lindo.

Clara continuava admirando a paisagem pela janela do quarto de Rafael, encantada com a vista deslumbrante dos jardins bem cuidados e da piscina luxuosa.

Cada detalhe do quarto, desde a mobília elegante até os toques de decoração, transmitia um nível de conforto e luxo que Clara nunca havia experimentado antes.

Ela respirou fundo, absorvendo o momento. Sentia que, de alguma forma, sua vida estava tomando um rumo completamente diferente.

***

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The Last Day | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora