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                        I wanna make you mine

                     Make You Mine, Madison Beer


Clara Pov

Meus olhos percorriam as pétalas das flores, percebi que esse gesto de César complicava ainda mais a situação. Ele estava, de algum modo, se abrindo para mim, expressando sentimentos que eu ainda não sabia como lidar.

Senti um aperto no peito, uma mistura de medo e... outra coisa, algo que eu não queria admitir.

A única coisa que eu queria era ligar pra ele. Ouvir aquela voz rouca, que sempre parecia ter o poder de me acalmar e ao mesmo tempo me desestabilizar.

Puxei o celular do bolso e olhei para o número dele na tela, hesitando. Era como se uma parte de mim estivesse pedindo para seguir em frente e ligar, enquanto a outra parte tentava lembrar das consequências dessa decisão. Meu coração estava em conflito, lutando entre o desejo de ouvir suas palavras e o medo de complicar ainda mais as coisas.

Finalmente, respirei fundo e apertei o botão de ligar, esperando que a voz do César me trouxesse alguma clareza, ou pelo menos, uma forma de entender melhor o turbilhão de sentimentos que agora invadiam meu peito.

Fico cada vez mais ansiosa enquanto o telefone continua chamando. Meu coração bate forte a cada segundo que passa, e a esperança de ouvir a voz dele se torna quase insuportável. Finalmente, depois de uma eternidade, ele atende.

— Alô? — César atendeu, e a voz rouca dele ecoou pelo telefone, fazendo meu coração dar um salto.

Eu respirei fundo, tentando manter a calma e evitar que minha voz saísse trêmula.

— Oi, César... É a Clara. Eu... eu só queria agradecer pelas flores. Elas são lindas! E os girassóis foram uma escolha perfeita. — Dei uma risadinha nervosa, sentindo minhas bochechas esquentarem, embora ele não pudesse ver.

— Que bom que gostou, Chanel. Fico feliz. — ele responde com um tom suave.

— E o poema... — continuei, mordendo o lábio enquanto as palavras se formavam. — Você realmente me pegou de surpresa. Eu não sabia que você tinha esse talento escondido. Foi... foi lindo, César. — As palavras saíram mais suaves do que eu esperava, quase como um sussurro.

Ele fez uma pausa antes de responder, como se estivesse pensando cuidadosamente no que dizer.

— Acho que você me inspira, Clara. Não costumo escrever, na verdade, mas quando penso em você, as palavras simplesmente vêm. — Sua voz estava mais baixa, quase íntima, como se estivesse me confessando um segredo.

— César, eu... — hesitei por um momento, minha voz um pouco trêmula enquanto segurava o telefone. — Eu sei que você sempre manda e eu obedeço, mas hoje... — dei uma risada nervosa, tentando não soar tão vulnerável. — Hoje, sou eu que queria te ver.

— Ah, é? — ele respondeu, disse ele, com um tom provocador.
— A senhorita quebrando as regras e tomando a iniciativa... isso é novo. — Ele riu suavemente antes de continuar, e eu senti minha respiração ficar presa. — Me diz uma coisa, Chanel... você tá com saudades de mim?

Eu mordi o lábio, lutando para manter a calma. O jeito como ele fez a pergunta, como se soubesse exatamente o efeito que tinha sobre mim, era uma mistura de diversão e um flerte descarado.

— Talvez... — respondi, tentando soar casual, mas minha voz saiu mais suave do que eu gostaria.

— Infelizmente, agora não dá. — César responde, com um tom de desculpas na voz. — Estou na empresa e ainda tenho uma porção de coisas pra resolver.

— Poxa... — Tento não deixar a decepção transparecer.

— E se a gente se encontrasse depois? Tipo, de noite?

— Ah, não vai dar, Chanel. — Ele parece meio hesitante.

— Eu e a Renata já temos um jantar marcado. Não posso
desmarcar com ela, você sabe né?

— Sei sim... — Minha voz sai mais baixa do que eu gostaria.

— Vou te mandar uma mensagem assim que eu tiver um tempinho livre, e a gente se encontra, pode ser?

— Ok, Vou esperar sua mensagem.

— Combinado. — Ele responde, a voz um pouco mais leve. — Até mais, Chanel.

— Até. — Digo, e desligo, sentindo que pelo menos a situação está um pouco mais clara, mesmo que ainda cheia de incertezas.

Eu vou ficar aqui, contando os minutos para ver ele, como se minha vida dependesse disso. Cada notificação no celular vai fazer meu coração acelerar, e a ansiedade vai só aumentar até que finalmente a gente possa se encontrar. É como se tudo que estou sentindo agora só pudesse ser resolvido com essa conversa cara a cara. Até lá, vou tentar me distrair, mas sei que vou estar pensando nele o tempo todo.

***

César Pov

Chanel me liga no meio do trabalho, e eu atendo discretamente, tentando não deixar o som da linha de fundo chamar a atenção dos meus colegas. A conversa começa bem, e eu sinto que a conexão entre nós está se aprofundando.

Finalmente, está dando tudo certo. A quantia de dinheiro que mandei, o buquê de flores... tudo está contribuindo para que eu consiga fazer a Chanel se apaixonar.

Eu sei que isso pode parecer egoísta, mas a verdade é que eu quero mais. Quero que ela esteja tão envolvida, tão disposta a fazer qualquer coisa para estar perto de mim, que sinta como se estivesse se rastejando por mim. Essa ideia, embora possa parecer dura, é exatamente o que me motiva. Ver a Chanel reagir às minhas ações e perceber como ela está cada vez mais cativada é algo que eu valorizo profundamente.

Durante a conversa, eu inventei rapidamente que tinha um jantar com a Renata, tentando criar a impressão de que estava preso a um compromisso. A ideia era que Chanel não se sentisse exclusiva, que entendesse que eu também tinha outras responsabilidades e não poderia simplesmente correr para vê-la.

Essa desculpa tinha o propósito de fazer com que ela não se sentisse única e especial demais, mas, ao mesmo tempo, despertar nela a urgência de querer estar comigo. A sensação de que eu estava ocupado com outras coisas, ao invés de apenas esperando por ela, pode fazer com que ela se sinta mais atraída e disposta a se esforçar mais para estar ao meu lado.

Desligo o telefone e fico olhando para a tela por um momento, pensando na última troca de palavras com Chanel. A maneira como ela disse "sei sim" me deu uma pista de que ela sentiu o impacto da minha resposta. Era exatamente o que eu queria.

Chanel é inteligente, perceptiva, mas ainda assim, vulnerável ao jogo que estou jogando. Mas há algo em ver alguém como ela, com todo aquele brilho e independência, se dobrar aos poucos sob o meu controle, que é indescritivelmente satisfatório.

Eu me lembro da primeira vez que a vi, tão cheia de sonhos e energia, e como isso me intrigou. Ao longo do tempo, percebi que, por mais que Chanel seja uma mulher forte, existe uma parte dela que anseia por aprovação, por atenção. E é exatamente essa parte que eu estou explorando.

Quando ela disse que queria me ver, quase cedi. Há algo tentador em estar com ela, sentir sua presença, ver aquele olhar que ela me lança quando pensa que estou prestes a ceder. Mas eu sabia que, ao recusar, ao me manter distante, estava plantando algo mais profundo nela. Uma necessidade que ela talvez nem tenha percebido ainda.

Enquanto volto a me concentrar no trabalho, não consigo deixar de pensar na próxima vez que nos encontraremos. Como ela vai reagir? O que vai dizer? Será que vai se mostrar mais desesperada para ter minha atenção, ou tentará disfarçar, fingir que não se importa?

Sorrio para mim mesmo, sabendo que, de uma forma ou de outra, o controle ainda está nas minhas mãos. E por mais que Chanel tente resistir, ela está cada vez mais dentro desse jogo. E eu, no comando, decidindo cada passo, cada palavra, cada ação.

***

Obrigadaaa por ler até aqui! :)

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The Last Day | Wagner MouraOnde histórias criam vida. Descubra agora