Capítulo 15

30 4 0
                                    

Já era noite quando Aretha e seus fiéis acompanhantes, chegaram na cidade de Anhanguera, com tanta saudade de seu pequeno, ela pediu que o Dr. Machado a levasse direto para a casa da amiga, pois precisava ver, cheirar e pegar seu Allary, afinal desde que tinha se tornado mãe, os dois nunca tinha passado tantas hora separados um do outro, o que ela estranhou, ele não ter chorado, já que nas vezes que ligou para saber se ele estava se comportando direitinho, se surpreendeu com as gargalhada gostosa que ouviu do seu toquinho de gente do outro lado da linha ao ouvir sua voz, chamando-o e dizendo: “filho, a mãe te ama viu, logo, logo, eu chego para brincarmos de fazer besourinho”.  — lembrou Aretha rindo enquanto descia do carro do Dr. Machado e seguia para a entrada da casa onde a amiga morava com o marido e um casal de filhos que Aretha achou que tinha sido por causa das crianças que seu pequeno não tinha chorado, já que além de está acostumado com Yara sua amiga, também estava acostumado a interagir com os filhos dela. Logo que adentraram e depois de lavar as mãos e passar álcool gel, Aretha e a senhora Dulce já higienizadas se aproximaram do gorducho Allary e aí sim, pegaram, e apertaram-o e o encheram de beijos, ante de se sentarem para um delicioso lanche que a amiga já tinha preparado junto a filha de 13 anos. 

Enquanto Aretha estava se deliciando sentada à mesa com os amigos.

  Em Jaguara, no apartamento onde ela herdou, o Dr. Conan, depois de muitas lembranças e lamentações, adormeceu em meio às muitas lágrimas, Adele sua esposa, já o tinha ligado inúmeras vezes, contudo, o aparelho do esposo, só dava desligado ou fora de área. Sem obter retorno e respostas, nem mesmo em mensagem, ela já estava desesperada sem saber onde e a quem recorrer. 

                     ఌఌఌ

De volta à Anhanguera, Aretha e a senhora Dulce aproveitaram a linda e calma noite, mesmo estando no inverno, o tempo estava seco, pois julho costumava chover pouquíssimo naquela região, como a casa de Yara era próxima do prédio onde Aretha residia. As duas, optaram por caminhar e mostrar ao pequeno Allary o quanto a noite estava bonita, a senhora Dulce apontou para o céu mostrando a linda lua que brilhava lindamente no alto, fazendo o menino no colo da mãe, sorrir achando que era uma bola igual a que ele tanto havia apreciado na árvore de natal.  As duas riram felizes ao presenciara tamanho alegria no rostinho de Allary, até que ao passar diante de um prédio, que apesar de ser antigo, mostrava-se bem conservado, algo chamou a atenção de Aretha, que ao olhar para cima, ela avistou no alto da fachada do prédio, uma enorme placa de vende-se. 

A princípio ela achou ser só um dos apartamentos, mas logo que leu as letras menores se conscientizou, de que se tratava do prédio todo.   

    “Alguém está doido!”  —  Pronunciou perplexa já que aquele prédio estava localizado em uma ótima área, então, quem seria doido para vendê-lo? O prédio era ao lado da praça onde ela levava o pequeno Allary às vezes para brincar com outras crianças, Aretha nem tinha percebido que tinha pronunciado aquilo em voz alta, até ouvir a senhora Dulce perguntar:
 — O que querida, que está doido? —  perguntou a senhora olhando-a surpresa. 
— Olha pra isso, Dulcinha —  falou Aretha apontando para a grande placa.

“Dulcinha” nome carinhoso a qual Aretha passou chamar a senhora desde que a mesma pediu-lhe que parasse de chamá-la de “dona” ou “senhora”, o que às vezes Aretha ainda a chamava, como quando estavam no restaurante para não ser interpretada mal pelos os outros funcionários, inclusive os recém contratados. 
— Eu estou vendo direito e o prédio todo ou só um apartamento que estão iniciando? —  indagou olhando para a senhora.   
— Não minha querida, você está vendo certo, o dono deste imovel já faleceu há três anos! —  revelou a senhora com o semblante triste. 
—  Os herdeiros estavam brigando na justiça, e a pouco eles ganharam, e por concordância estão vendendo para dividir o dinheiro entre eles que são quatros irmãos, e nem deles moram mais aqui na cidade! — esclareceu já com os olhos marejados.
— Então com certeza querem se desfazer o mais rápido possível do patrimônio que meu amigo lutou tanto para construir. — disse com pesar. 
— Parece que eles nem imaginam o que o pai teve que suportar naquela época que as coisa era tão difícil a serem conquistadas — falou a senhora com amargo lembrando-se de como todos seus conhecidos lutaram para manter suas famílias e ainda construir algo para deixar para os seus que em um piscar de olhos procuravam em se desfazerem de tudo que era deixados a eles com esmero.  Para eles, era como se aquilo não valesse nada. 
           Ao perceber tamanha tristeza nos olhos e semblante da bondosa senhora, Aretha se compadecendo, imediatamente enfiou a mão no bolso traseiro da calça que usava pegando seu celular, tirou um foto da placa e depois, abraçou a senhora ao seu lado, depositou um beijo em sua bochecha,  lembrando-a.
— Não se emocione desse jeito, lembre-se que seu lindo e bondoso coração, não é mais jovem como a senhora gostaria que fosse, deixe que o destino se encarregue de cuidar das coisas que achamos que podemos, mas que no fundo só achamos mesmo, já que tem um soberano que tem total poder e controle em fazer isso por nós, então, só vamos continuar vivendo nossa vidinha tranquilamente, ok? —  disse Aretha sorridente. —  pois em seus pensamentos ela já tinha matutado tudo.  Logo ela puxou a senhora para dentro da padaria que era localizada no mesmo prédio que estava à venda, seguiu a um senhor de meia idade e com a mão apoiada em uma vitrine perguntou:
— O pão doce, está fresquinho?  —  perguntou olhando todo o estabelecimento ao seu redor, pois ali ela viu uma grande oportunidade de  investimento, já que além da padaria, ao lado tinha também uma cafeteria, sem falar nos três andares acima com apartamentos que pareciam não serem pequenos. Sorrindo ela deixou a senhora sentada esperando enquanto o senhor de cabelos grisalhos dava atenção a senhora, Aretha se afastou e mandou uma mensagem para o senhor Machado, dizendo que o queria vê-lo no dia seguinte logo cedinho.  

                       ఌఌఌ

O sol entrou pela janela clareando todo o ambiente, o Dr. Conan, despertou, passou a mão no rosto, limpou os cantos da boca, ainda desnorteado olhou ao redor se dando conta que tinha dormido fora de casa, e o pior no sofá do apartamento do amigo, Allary. Pegou o telefone para ver a hora, foi quando percebeu que o mesmo estava desligado desde da tarde do dia anterior quando uma das recepcionista lhe informou que a senhorita Thomsen tinha chegado. 

A ÓRFÃ GRÁVIDA REJEITADA                                             Onde histórias criam vida. Descubra agora