Capítulo 17

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Enquanto Aretha estava no escritório do Dr. Machado, tratando sobre seus projetos e desejos futuros.

Em Jaguara, logo que havia entrado em seu carro, o Dr. Conan ainda atordoado com os pensamentos e lembranças que lhe afligiam, decidiu não ir ao escritório naquela manhã, pegando um celular reserva no porta luvas, ficou abismado ao ver que já se passavam das 8:40 hs.

“Nossa, como eu dormi tanto assim?!” — perguntou-se espantado. Em seguida ligou para sua secretária particular que retornaria ao trabalho naquela manhã depois de alguns dias afastada para resolver questões pessoais, a primeira coisa que ele a pediu quando a ligação foi atendida, foi que ela refizesse toda sua agenda, pois só retornaria ao escritório na parte da tarde! Sem esperar por resposta, ele simplesmente encerrou a ligação, em seguida tomou mais uma decisão e seguiu ao destino.  Depois de um tempo dirigindo, o Dr. Conan chegou à clínica em que o filho se encontrava mais uma vez para se desintoxicar depois de adicionais overdoses, que mesmo depois de mandar investigar, o Dr. Conan não tinha descoberto com quem o filho conseguia as tais drogas.  Depois de passar pelo grande e alto portão de ferro, se sujeitando a uma rigorosa e meticulosa revista, seguiu pelo já conhecido caminho de pedras em direção ao amplo jardim onde tinha sido informado que o filho estava naquele momento pegando sol, coisa que ele só fazia quando estava naquele lugar já que enquanto estava em casa não saia de seu quarto para nada a não ser quando era levado desacordado para a clínica, o que fazia o Dr. Estranhar de como o filho tinha acesso às drogas que o deixou impossibilitado daquela forma, já que os relatos da esposa eram sempre que o filho estava em seu quarto e não saia para nada.
— Oi, filho —  disse ao se aproximar e sentar-se ao lado de seu precioso filho, a qual sempre o viu como um menino de ouro. Mas que depois de vê-lo no que se tornou, não podia deixar de se culpar por estar sempre trabalhando e não tendo tempo para ele, deixando-o aos cuidados da esposa, a qual a via como amorosa, mesmo com todo o excesso de proteção que ela tinha com o filho.
— Pai! —  expressou Jaime em espanto ao ver o pai ali naquele dia e hora, já que sabia que por ser dia de semana, o pai deveria estar em seu escritório se dedicando para ganhar mais um processo.
—  O que lhe traz aqui? Aconteceu alguma coisa? É com a mamãe? — bombardeou o pai com perguntas, mostrando-se aflito. 
— N-Não, não filho, eu só senti saudades e queria lhe ver, e saber como você está! Só isso, então como tem passado? —  perguntou sem jeito de abordar o assunto que tanto odiava.  “O vício do filho”.   
—  Pai, não precisa ficar assim, eu sei o quanto isso é errado, mas eu não consigo evitar, é mais forte que eu, eu até tento, mas aí… — Parou de falar.
—  Mas aí, você se lembra dela, e para esquecê-la, volta a usar, não é? —  falou surpreendendo o filho que achava que o pai estava alheio a sua paixão por Aretha.         
—  C-Como você… 
—  Não importa — disse olhando para o filho com compaixão.
— Jaime, por que você nunca falou sobre ela, comigo? Filho, ela foi seu primeiro amor? Ou foi a que realmente você gostou de verdade?
— Pai, ela, foi o meu primeiro e único amor… mas eu errei feio com ela, e com minha atitude, eu a afastei pra sempre, ela foi embora para bem longe, só para se manter longe de mim. Eu nunca mais a vi, ninguém sabe dela.
— Eu sei! Eu sei quem ela é, e onde a encontrar —  afirmou, fazendo o filho, olhá-lo perplexo. 
— O-O quê?! C-Como? —  indagou pasmo presenciando o olhar carinhoso do pai que direcionava em sua direção. 
— Pai, como você descobriu? E como a encontrou?... 
— Jaime, vamos fazer um trato, um acordo entre só nós dois, vamos deixar sua mãe fora disso, eu nem quero que ela saiba desse nosso acordo, se você aceitar é claro. —  disse olhando firmemente para o filho sentado ao seu lado que o olhava sem acreditar no que estava ouvindo, mas o olhava com atenção pronto para ouvir sobre do que se tratava o trato a ser pronunciado. 
— Então, o que você me diz? Quer saber o que eu tenho para lhe propor? 

           Depois do filho consentir com um leve aceno de cabeça, o Dr. Conan começou.
— Certo, certo, então, primeiro me conte tudo sobre como vocês se conheceram e como foi que você errou com ela a ponto dela não querer mais lhe ver, mas eu te peço, seja sincero, e não oculte nada de mim, aliás, nunca mais, tudo poderia ter sido diferente se você e sua mãe não tivesse escondido o que aconteceu de mim. 
— Pai, eu não posso lhe contar o que eu fui capaz de fazer com ela, pois até eu me envergonho de tal coisa… 
— Ótimo! Isso é sinal que você se arrependeu, e nunca mais vai agir do mesmo jeito com mais ninguém. Certo? —  proferiu calmamente. 

Assentindo com a cabeça, Jaime, abaixou o olhar para as mão entrelaçando os dedos em nervosismo, logo começou a narrar desde quando viu Aretha pela primeira vez no campus. Seus olhos encheram de lágrimas ao se deparar com o semblante horrorizado e os olhos lacrimejando do pai, Jaime achou que o pai estava compadecido por ficar ciente do filho ser daquele jeito, o que ele realmente não sabia, era que o pai estava em sofrimento, não só pelo fato do filho ter sido capaz de ser um mau caráter, mas ainda por cima ter sido com a preciosa menina que ele conhecia desde os testículos e ovários dos pais, pois antes mesmo dela ser gerada os três já comemoravam a tão chaga de um herdeiro na família Thomsen, seu amigo sempre falava do desejo que tinha em ser pai, e quando se apaixonou pela doce e calma Miranda Parmas, ele logo, disse:  “Meu amigo, vou fazer dessa mulher, a mãe dos meus filhos!”.   

   “Miranda Parmas, era uma das recepcionista do prédio que Allary visitou em uma excursão de uma de suas pesquisas de plantas, no início ela não deu confianças nas investidas dele, ela tinha um semblante triste, não ria, uma das moças que trabalhavam com ela, chegou a comentar com eles, que ela era daquele jeito desde que haviam se conhecidos.  — enquanto estava ao lado do filho, o Dr. Conan não pode deixar de lembrar do passado, quando o amigo só falava na linda e doce Miranda. A moça que parecia carregar consigo, um fardo, uma dor, ou um trauma do passado, algo que alguém a fez passar que a machucou profundamente, o que ele nunca soube o que tinha sido, e se o amigo Allary descobriu, nunca compartilhou com ele. Mas o surpreendente foi que meses depois, tanto que insistiu, o amigo conseguiu fazer com que a tímida Miranda, saísse com ele em um encontro, e depois daquela noite, nunca mais se separaram, e pouco tempo depois, casaram-se e formaram família, ele nunca tinha visto o amigo Allary tão feliz como no dia que se casou e no dia que sua menininha nasceu, e naquele momento ouvindo o filho contar-lhe o absurdo, que tinha cometido com a menina dos olhos, não só do seu melhor amigo e esposa, como até mesmo dele que sempre a apreciou muito, e o que ele estava ouvindo naquele momento, o estava deixando sem ar.  

             O Dr. levou a mão ao nó da gravata afrouxando-a e respirou fundo, antes de dizer:
— J-Jaime, como você foi capaz de fazer uma barbaridade dessas com uma moça tão doce, aliás com todas aquelas moças, Jaime, estou muito decepcionado com você —  expressou-se com pesar. 
— Contudo, vou seguir com o acordo entre nós, que é o seguinte, se depois que você tiver alta desse lugar, conseguir, se manter limpo por um determinado tempo, e voltar aos estudos e se formar, eu te falarei onde ela se encontra, e tem mais, prometo até intervir a favor de vocês, mas você terá que me prometer nunca mais usará essas coisas, pois só estando bem e sendo alguém, que você vai poder vê-la ou quem sabe até conquistá-la, entendeu filho?
— S-Sim! —  Concordou com a voz embargada temendo não conseguir se tornar a pessoa que o pai esperava. 

A ÓRFÃ GRÁVIDA REJEITADA                                             Onde histórias criam vida. Descubra agora