𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 4

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CAPÍTULO 4

Eu estou terminando o meu café da manhã quando sinto dois bracinhos se enrolaram em volta do meu pescoço. Ela me abraça um pouco, pulando para o seu lugar na mesa e preparando seu pão com geleia.

— Mary, sabia que hoje eu vou apresentar um trabalho na escola sobre como foi a captura de Osama Bin Laden? Passei a semana inteira fazendo.

— Não brinca? Você fez sozinha? — Eu falo, de boca cheia, me interessando.

— É, eu e meu grupo. Mas eu dei a ideia. Eles sabem que eu quero ser um agente da CIA igual a você — Sophia fala, sem saber que aqueceu o meu coração de uma maneira avassaladora. — Eu me inspiro muito em você.

— Você é tão inteligente, Sophia. Vai longe. Certeza que não vai reprovar nos testes e vestibulares como eu fiz. — Eu me levanto da mesa, pegando minha bolsa próxima da porta. — Quer que eu te leve pra escola? Dá tempo.

— Sim! Me espera.

Ela corre para o seu quarto, buscando a mochila enquanto mastiga o que sobrou do pão. Ela vai ficar alguns minutos adiantada, mas às vezes ela aceita pegar carona comigo mesmo assim, só para conversarmos no caminho.

Eu a deixo no portão da escola, desejando uma boa aula, e então dirijo para a Agência Central. Passo o meu crachá, bocejando pela noite mal dormida, e vou direto para o refeitório. Enquanto aguardo pelo café preto e sagrado de Hargreeves, me deixo levar e escutar a conversa dos meus colegas ao lado. O que, em partes, não é culpa minha, eles falam exageradamente alto para ser oito da manhã.

— Ele aprovou de primeira. Disse que é um dos casos mais relevantes que tem. Ele autorizou a missão e liberou o orçamento — um rapaz jovem, talvez mais do que eu, diz ao colega.

— Sério? De quanto? — Chase, assistente de Frank, pergunta, se aproximando.

— Por enquanto cem mil. Mas disse que até metade da missão ele libera mais. Sabe como tá a crise, né?

— Pois é. É por isso que vou me mudar. Aqui está ficando pequeno para mim, preciso crescer em outro lugar. — Ele comenta, e lá no fundo sempre quis saber a razão de ele largar um trabalho tão bom, com um chefe tão competente. Pode ser que eu tenha acabado de descobrir.

— Vou sentir sua falta, cara.

— Relaxa, você vai fazer novas amizades. Marilyn vai tomar o meu lugar e você terá com quem tomar o café da manhã. — Chase diz, logo em seguida virando o seu tronco para mim como se não soubesse que eu escutei a conversa inteira. — Não é mesmo, Mary?

— Oi?

— Você vai ficar com a minha vaga, não é?

Dou um sorriso.

— Ah. Sim, se tudo der certo… Frank já disse que gostaria de me ter em seu time.

— Isso se o Hargreeves deixar, né? — Chase brinca, rindo enquanto dá uma cotovelada no amigo. — Esse aí é ruim pra liberar os assistentes… Não sei como você aguentou tanto tempo.

— Eu também não faço ideia — Dou uma risada nervosa, e me sinto como um personagem animado com pássaros rodeando minha cabeça. Na mesma hora, o copo, do maior disponível, fica pronto com o café de Cinco. — Bom, deixa eu ir lá. Se eu não entregar isso, vamos escutar os gritos dele pelo resto do dia.

— Até mais tarde, Mary. Bom trabalho — Chase acena, e eu retribuo.

— Pra vocês também.

Atravesso o refeitório e vou de encontro ao elevador, esperando-o que chegue no meu andar. Quando a porta se abre, o susto me faz sentir como se meu estômago congelasse. Também conhecido como o efeito de encontrar Cinco de repente. Me preparo para qualquer coisa rude que irá sair da sua boca logo cedo, mas ele incrivelmente age diferente.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora