𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 31

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CAPÍTULO 31

O meu monitor de frequência cardíaca disparou, revelando o quanto fui pega de surpresa. Eu achei que minha falta de memória momentânea havia feito eu acreditar que eu não tinha nenhum bebê, mas na verdade, eu não sabia que eu tinha.

— A senhora disse… bebês? — Cinco, pálido, perde sua força até se sentar na poltrona ao meu lado.

— An, um momento…. Vocês não sabiam? — A enfermeira pergunta, incerta, se deveria dar a notícia de uma forma tão corriqueira. Eu mordo o meu lábio inferior, balançando a cabeça em negação lentamente enquanto a realidade se molda na minha frente.

Enfim encontrei um culpado pela mudança da minha saúde nos últimos dias. Ou culpados.

Caramba, eu não sei o que pensar.

O que eu estou fazendo?

Eu deveria exigir algum exame e ver com os meus próprios olhos? Por que está sendo tão fácil de acreditar, mas tão difícil de aceitar?

Compreendendo a minha reação e a de Cinco, o enfermeiro pega a ficha para ler corretamente as informações.

— Marilyn Wood, certo? — Diz ele, e eu concordo com a cabeça. — O exame de sangue deu positivo para gravidez, sete semanas, e pela lesão na cabeça nós precisamos conferir se também não houve sangramento interno.

Bebês? — Cinco repete, a voz mal saindo, ainda abismado.

— Sim, Sr. Hargreeves. São dois.

— Puta merda.

— Cinco!

— Eles estão perfeitamente bem — A mulher dá um sorriso, se encaminhando para a porta junto com seus colegas de trabalho, querendo nos dar privacidade. — Parabéns, papais!

A frase me faz arregalar os olhos, e minhas cabeça pensa mil coisas diferentes enquanto eu encaro os meus pés sobre a maca. Escuto a porta se fechar, e um silêncio avassalador toma conta do quarto. As únicas coisas possíveis de se ouvir são as nossas respirações e os bips do monitor, agora menos frenéticos.

Eu não sei o que pensar.

Não entrei neste hospital pensando que voltaria para casa sabendo que vou ser mãe.

Puta merda.

Eu vou ser mãe.

Eu não me preparei o suficiente para isso.

Ainda mais para dois? Só pode ser brincadeira.

Isso é culpa do Cinco.

Eu me viro para ele, tentando decifrar sua expressão enquanto eu mal consigo lidar com a minha. Ele está de queixo caído, o olhar também distante, e quando percebe que eu estou o encarando, ele devolve o olhar. Nós dois estamos em silêncio esperando pela primeira palavra a ser dita depois da notícia, acho que sentimos que isso irá ditar toda a nossa vida nos próximos meses.

Eu respiro fundo, tomando coragem, e antes de falar até senti minha garganta falhar.

— Não era você que queria um time de vôlei?

Os olhos verdes dele se abrem, absorvendo minhas palavras enquanto sai de seu mundo de questionamentos. A boca dele lentamente traça um sorriso, contraindo o seu queixo e enfim soltando uma risada. Sou contagiada pela sua voz e também rio, mas a cada risada que dou, mais lágrimas surgem em meus olhos. Pode ser estranho dizer isso, mas elas são muito boas.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora