CAPÍTULO 17
2° ano em exílio.
A primavera desse ano foi incrível. Os morangos e as árvores na floresta perto da casa deram frutos grandes e saborosos. Nós continuamos saqueando o mercado da cidade como fizemos da primeira vez, assim como as lojas de roupas e a farmácia.
Nesse último ano não pensávamos em encontrar algum emprego. Apesar de tanto tempo morando aqui, não conhecemos a vizinhança por completo, e já estamos traumatizados o suficiente com New Grumpson para não confiarmos nos moradores aqui. Conversamos igualmente, mas nunca damos detalhes pessoais.
Alguns meses atrás, Cinco trocou algumas caixas de morangos por uma galinha. Era o nosso método de pagamento, até então, e depois disso, o dono do hortifruti quis fazer uma parceria com Cinco, dizendo que morangos como aqueles não encontrava em lugar nenhum.
E agora cultivamos os morangos com cuidado, porque os vendemos por um alto valor devido todas as suas qualidades. Com o dinheiro, Cinco comprou mais animais, sem a minha aprovação, pois até hoje tenho raiva dele pelo galo cantando todos os dias quando o sol nasce.
Nossos dias são bem tranquilos. Quando Cinco não está no canto da estufa onde fez de oficina, ele está deitado em meu colo pedindo para que eu acaricie o seu cabelo. E quando eu não estou regando os morangos e alimentando os animais, fico sentada na varanda da casa, recebendo o sol do fim de tarde lendo mais um livro empoeirado que encontrei.
- Mary, vem ver! - Cinco grita, sua voz ecoando no lado esquerdo da casa. É onde fica a fazendinha que ele está criando.
Eu fecho o livro com uma folha seca marcando a página que eu estava, e sigo sua voz para saber o que é tão importante para interromper minha leitura. Eu abro o cercado de madeira, que ele mesmo fez, e o procuro entre as casinhas, desviando das galinhas que correm do meu lado.
- Olha, nasceram - Cinco mostra, alguns ovos chocados dentro do galinheiro e quase uma dúzia de pintinhos gritando.
- Ah, que fofos - Eu chego mais perto - Mas são tão feios.
Ainda não estão parecendo uma bolinha de algodão, só estão... pelados. E gritando. Muito feio.
- Fica aqui com os bebês, eu vou procurar mais ferro. - Cinco diz, se levantando do chão e caminhando para a saída do galinheiro.
- Eu me recuso a ficar vendo os olhos esbugalhados deles.
- Coitados, Mary.
- Eu vou com você. Nunca procurei ferro com você.
Ele toma fôlego, prestes a me contrariar, mas sabe que se fazer isso, eu vou questioná-lo até eu me sentir satisfeita com a decisão. Então Cinco só fecha os olhos e balança a cabeça, abrindo espaço para eu passar na frente.
Não sei para quê tanto ele usa ferro. Eu vejo suas criações com madeira por todo canto, principalmente depois que os animais chegaram, mas não consigo me lembrar de nenhum objeto feito com o ferro que ele acumula.
Cinco prepara a mochila com um pouco de comida, em dobro, dessa vez. Nós saímos de casa e eu apenas acompanhei Cinco por onde ele ia. O caminho que ele fez foi até a estação, descendo todas as escadas para chegar à plataforma.
- Você procura ferro em outras linhas do tempo?
- Não, meu bem. Eu não me arriscaria assim. Mas bem ali... - Cinco pega a lanterna na mochila, apontando para fios desencapados das lâmpadas da plataforma. - Ali tem.
Ele dá alguns pulos, tentando alcançar a ponta do fio, e quando consegue, o puxa o máximo que consegue até arrebentar. Cinco enrola o fio em sua mão, sequer guarda na mochila e em seguida sobe as escadas. Eu vou atrás, pensando que talvez ele conheça outro lugar onde encontrará mais recursos.
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O Exílio - Cinco Hargreeves
FanficMarilyn decide que a melhor escolha para passar mais tempo com a família é saindo do emprego atual, sendo assistente de um oficial de operação extremamente rigoroso na CIA. Entretanto, com promessas e promoções tentadoras, ela decide continuar, part...