𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 11

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CAPÍTULO 11

𝙰𝚋𝚎𝚛𝚝𝚞𝚛𝚊 𝚍𝚘 𝚍𝚒𝚊 80 𝚗𝚊 𝚊𝚐𝚎𝚗𝚍𝚊 - 24/12/2024

Cada dia que passa, menos encontramos mundos inteiros. Uma comparação de 1 para 40. E, dessa vez, conseguimos estocar bastante alimento. Roupas, itens de higiene, e outras coisas necessárias para a sobrevivência.

A quase três meses vivendo nesse metrô, eu me acostumei com a rotina. De vez em quando, me dá um choque de realidade e então começo a chorar e me desesperar, tentando voltar para casa. No restante do tempo, eu mantenho uma esperança silenciosa dentro de mim, tentando não criar expectativas.

De acordo com o nosso calendário, estamos na véspera do Natal. Cinco e eu decidimos fazer algo diferente no jantar de hoje, só para resgatar o restante de humanidade que há entre nós.

Em uma linha do tempo, Cinco fez o maior roubo em um supermercado, trazendo para nós mais comidas. Dessa vez, com alta rapidez de decomposição, só para podermos ter um jantar diferente.

Ele assou alguns bifes de carne na grade, em cima de blocos de tijolo, como o fogão improvisado. Eu lavei as folhas de alface e fiz uma salada. Na pressa, Cinco havia roubado todos os tipos de comida, mas aqui embaixo percebemos que massa é o melhor alimento para armazenar.

Se escondermos dos ratos, a validade é enorme, e é simples de preparar. Então essa noite eu fervi água em outro fogão improvisado, despejando metade de um dos pacotes que ele trouxe. Esperei o cozimento e misturei ao molho de tomate, sentindo a minha barriga roncar com o cheiro.

- Eu terminei. E você?

- Tá pronto também - Cinco diz, tirando as carnes de cima do fogo.

Colocamos as comidas no centro, ao lado das velas. Demos o azar dessa estação ter apenas uma lâmpada funcionando corretamente, então, querendo ou não, é um jantar à luz de velas.

- Estou morrendo de fome, senta logo aí - Cinco fala, cruzando as suas pernas no chão.

Eu me sento ao seu lado, distribuindo nossos pratos e talheres que achamos a algumas estações atrás. Cinco deixa eu me servir primeiro, e depois ele enche o seu prato. Ainda bem que fiz macarrão para dois leões famintos.

- Meu Deus! Tá maravilhoso - Ele diz, de boca cheia, jogando a cabeça para trás.

- É porque estamos com fome. - Digo. Em outras circunstâncias, eu acharia esse macarrão sem gosto.

Eu pego o meu pedaço de carne, brigando contra a rigidez para conseguir arrancar um pedaço com os meus dentes.

- Como acha que tá na Agência? - Eu pergunto, ainda mastigando. - Quer dizer, estamos desaparecidos há quase três meses.

- Eles com certeza abriram uma investigação. Eu sou o melhor oficial, eles não querem me perder.

Eu empurro o joelho dele com o meu, rindo do seu egocentrismo.

- E como acha que estão seus irmãos?

- Pra falar a verdade, acho que eles nem deram falta. - Cinco diz, os olhos baixos focados em seu prato. - E a sua família? Sua mãe e irmã.

- Devem estar desesperadas.

- Como elas são?

Eu abro um sorriso fraco só de pensar na resposta.

- Sophia diz que quer ser como eu quando crescer, um agente da CIA. Ela é esperta, tenho certeza que vai conseguir. É um poço de doçura. E minha mãe é mais brava, o que ela diz é ordem. E ela faz os melhores bolos do mundo.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora