𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 6

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CAPÍTULO 6

Eu fui para a Central. Busquei o café de Cinco no refeitório. Ouvi as notícias. E fui para a sala dele. Um dia normal, até então. Porque nada mais depois disso foi normal.

— Bom dia, Hargreeves — Eu falo, deixando seu café sobre a mesa.

— Bom dia, Wood.

— O que tem pra hoje? — Pergunto, indo direto para a minha mesa ligar o computador.

Cinco está concentradíssimo no telão, passando fotos da fachada da Lavandaria do Sy Grossman, e provavelmente nem me ouviu falar.

— Pesquisa pra mim os donos dessa lavanderia. Funcionários, colaboradores… Eu quero até os eletricistas que passaram por lá. Não tô acreditando muito na história daquele homem. — Cinco diz, pegando seu copo para dar um gole.

— Sim, senhor.

Eu abro o navegador e começo a minha pesquisa, deixando anotado em um rascunho todos os sites que encontro uma informação válida. Acredito que Cinco queira encontrar algum membro dos Keepers tendo uma correlação com essa lavanderia, então filtro por essa forma.

Depois de uns dez minutos, com só o básico das informações colhidas, eu escuto sons diferentes do outro lado da sala. Olho por cima do monitor, e é Cinco quem está fazendo uma careta estranha e gemendo, deixando o café de lado. Eu tento ignorar, de início, mas está mesmo me atrapalhando.

— Não tomou nenhum xarope ontem? — Pergunto.

— Não.

— Um chá?

Não — Ele faz mais barulhos estranhos.

— Remédio?

— Marilyn…

— Precisa de ajuda?

— Por favor…

Eu rapidamente me levanto da minha cadeira, indo até ele e sentindo a temperatura da sua pele com a minha. Ele está fervendo. E suando por todos os poros. Busco sua toalha pessoal no banheiro e pressiono contra o seu rosto.

— Quer água?

— Eu não quero tomar nada.

— É enjoo?

— Sim. Tontura, dores… Me ajuda a chegar até o banheiro.

Eu o pego pelo braço, assustada com o quanto ele está fraco. Como ele conseguiu vir pra cá desse jeito? Consigo sentir seus músculos tremendo e buscando sustentação em mim. Eu o acompanho assim e, já dentro do banheiro, Cinco se ajoelha diante o vaso sanitário e começa a vomitar. Eu olho para a direção contrária, porém o som permanece.

Quando termina, depois de minutos, Cinco se levanta do seu estado deplorável e lava a boca na pia. Parece um pouco melhor agora, mas seus lábios ainda estão pálidos, assim como o restante do rosto. As olheiras estão fundas e escuras como ele nunca teve, mesmo quando madrugava no escritório. Ele tá muito doente mesmo.

— Pode buscar um aparelho de pressão? Tenho certeza que a minha tá nas alturas, assim eu posso pegar um calmante.

— Você precisa é ir ao hospital.

— Marilyn, faz o que eu estou te pedindo — Cinco fala, de olhos fechados, uma voz baixa e ameaçadora.

— Sou sua assistente, não sua enfermeira. Já viu a sua cor?

— Porra, mulher… — Cinco dá um passo em minha direção, irritado e talvez sem controle das suas ações.

Eu, apesar do medo, adoraria saber o que ele estava prestes a fazer. Mas nunca terei uma resposta porque Cinco simplesmente sumiu diante dos meus olhos. Num passo ele estava, e no outro não mais. Evaporou. Num piscar de olhos.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora