𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 20

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CAPÍTULO 20

4° ano em exílio: Parte II

— O que tem aqui? Você conseguiu montar uma maleta? — Eu pergunto para Cinco, escondendo minha empolgação.

Sei que ele pediu para eu não criar expectativas, e eu tentei. Durante esses três anos que ele começou a trabalhar na fabricação da maleta, eu perguntei sobre o progresso três vezes. O que é muito pouco para quem está ansioso e sem notícias do projeto. Em todas as vezes ele me deu uma cara feia, dizendo que estava tentando.

Acho que ele se sente pressionado. Então parei de perguntar, mesmo querendo muito saber.

— Não, Mary. A maleta ainda está em estudo. É algo diferente — Hargreeves deixa a sua mochila sobre uma cadeira e me leva até um dos paineis da sala.

Há uma cópia dele sentada de frente para a tela, usando óculos e bebendo uma xícara de café. Cinco apoia suas mãos na cadeira dele, se abaixando para falar:

— Consegue colocar aquela imagem de linhas do tempo incorruptas?

— Claro que consigo — o homem tecla o botões abaixo de seus dedos, de onde há símbolos no lugar de letras.

Em segundos, aparece uma lista imensa com dados repetidos, mas que deve haver diferenças entre eles das quais desconheço. As abas não param de abrir com dados novos, uns atrás dos outros, com seus nomes; academias e símbolos próprios.

— Isso, Mary, é a lista em tempo real das linhas do tempo que ainda estão de pé. As que são perdidas por uma catástrofe significativa para a extinção da humanidade, seja derivado das academias ou não, vão para outra lista. Bem maior que essa.

— Números, amor. — Eu peço.

— São… — Cinco se aproxima para enxergar o visor. — 13.028 linhas do tempo inteiras para 132.384… apocalipses.

Meu Deus. Eu perderia a cabeça anotando tudo isso com o meu caderninho.

— Tem a possibilidade dessas linhas do tempo que sobraram… morrerem também?

— Sim, sempre há essa chance. E é por isso que o número tá sempre diminuindo — Cinco aponta com o seu dedo para a informação na tela, que antes estava verde, mas agora desce para o final do visor com a cor vermelha, indicando que aquele mundo acabou de morrer.

— Tá, isso dá medo.

— Agora olha só isso — Hargreeves, um exemplo de educação, arrasta a cadeira giratória da sua cópia, tirando ele da frente da tela para me colocar no seu lugar.

As mãos dele digitam algo usando aqueles símbolos, e depois ele volta, descansando uma dessas mãos em minha cintura.

— Eu filtrei apenas por linhas do tempo onde há Umbrellas, que no momento são 1.292, e na metade desses mundos você existe.

Eu olho para trás, encarando Cinco para saber onde ele quer chegar. Ele novamente digita algo naquele teclado e imagens minhas aparecem na tela. Mas não sou eu. São várias fotos em lugares onde eu nunca estive, cabelos diferentes e todas as fotos são tiradas em momentos em que eu estou distraída.

— Marilyn Wood… 2028. Aqui. Tá vendo, em algumas realidades você trabalha em um escritório de advocacia, em outros numa clínica veterinária, em outros tem filh… Quê? — Ele se interrompe fazendo uma careta. — Não importa. Na maioria deles você tem uma irmã.

— Sophia…

— Ela mesma.

— Eu posso ver? — Meu coração acelera, e meus olhos ficam úmidos. Eu tinha receio que eu fosse esquecer das características dela ao longo dos anos, e é o que aconteceu. Algumas eu esqueço e outras tenho dúvidas se eram reais ou não. A única coisa que me lembro era do jeito doce dela.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora