𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 30

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CAPÍTULO 30

Meus olhos estão muito pesados. Vejo que já é dia, mas eu sinto que dormi segundos. Acordei pela movimentação no quarto, e como Cinco está abrindo e fechando os armários com pressa. Eu não me lembro de ter levantado do sofá para dormir na cama, e saber que Cinco fez isso por mim, só me mostra o quanto meu sono foi pesado.

Mesmo assim, quero dormir mais. Eu giro para o outro lado da cama e coloco um travesseiro sobre a minha cabeça. Vou providenciar cortinas que bloqueiam a luz do dia, e provavelmente arranjar uma discussão com meu marido que gosta de acordar no primeiro raio de sol.

— Levanta, amor.

Eu solto um gemido cansado. Um lado mal e egoísta meu amaldiçoando Ben por tudo isso. Se não fosse por ele, eu dormiria mais.

— Eu estou cansada.

— Mary, você capotou ontem a noite. Já dormiu demais — Cinco chega perto, tirando o travesseiro do meu rosto. Mesmo eu estando furiosa, meu marido tem coragem para me beijar na testa, discretamente tirando o cobertor de cima de mim. — Vamos, não vai ser demorado. Quando chegar você dorme.

Eu solto um grunhido, levantando contra a minha vontade. Estou com tanto sono que meus olhos estão secos. Eu troco de roupa e uso o banheiro dele, conseguindo despertar melhor quando tomamos o café da manhã.

— Olha, Diego e Luther vão com a gente. Só… ignora eles, tá?

— Tá bom.

Cinco pode ficar despreocupado. Estou focada o bastante em manter a comida em meu estômago para notar a presença de seus irmãos. Felizmente, hoje consegui tomar o café da manhã inteiro sem interrupções.

Nós fomos para o carro, onde as lombadas e as curvas me testam para ver se vou mesmo resistir à tontura. Cinco buscou os seus dois irmãos e depois seguimos a estrada. Eu não sei o que eles combinaram em sua reunião de irmãos, mas não deve ser algo muito trabalhoso. Do contrário, acredito que todos eles estariam aqui.

— Aqui diz que é propriedade privada. Vocês têm um mandado? — Diego diz, entregando o endereço para Cinco. Ele contou que encontrou o endereço no meio das papeladas do Gene e da Jene, enquanto invadia uma das sessões deles.

— Claro que não — Eu respondo, apertando minha cabeça.

— Não vamos dificultar. Chegamos lá, pegamos o Ben, e voltamos. É só isso — Cinco fala.

Os seus irmãos assentem no banco de trás. A viagem não foi tão longa, mas cada vez que minha visão escurecia e se distorcida, parecia levar uma hora a mais.

Ao adentrar uma estrada de grama congelada, avistamos a casa ao longe. Ao lado, o que parece ser um celeiro. Se lá tiver pintinhos, a missão já vai ter valido para Cinco. Nós descemos do carro. Os irmãos de Cinco foram na frente, discutindo sobre a missão, e meu marido ficou porque percebeu que estou encarando o chão, me apoiando no retrovisor.

— Tá tudo bem, querida?

— Mais ou menos. Só espera o chão parar de girar — Eu peço, piscando várias vezes, meu estômago dando voltas junto com o chão. Estou começando a cogitar dar entrada num hospital.

— Amor, espera no carro. Voltamos rápido.

— E quem é que vai ficar com o senso lógico do grupo? Eu vou com vocês. — Digo, ignorando minhas próprias dores para Cinco relevar também. Esses três homens juntos só vão fazer besteira, eu preciso estar presente para intervir.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora