𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 9

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CAPÍTULO 9

𝙰𝚋𝚎𝚛𝚝𝚞𝚛𝚊 𝚍𝚘 𝚍𝚒𝚊 8 𝚗𝚊 𝚊𝚐𝚎𝚗𝚍𝚊 - 13/10/2024

Já estamos a mais de uma semana nesse metrô interdimensional e teste grátis do inferno.

Cada dia é uma nova esperança, e cada noite é a mesma frustração. Vai ver eu me iludo demais, pois todas as vezes que eu acordo, sinto que esse é o dia que nós finalmente encontraremos nossa casa. Nossa linha do tempo. Mas já tive essa sensação oito vezes, então aos poucos ela perde a credibilidade.

Eu entro num ciclo de aceitação, de que nunca mais vou voltar, e um otimismo, de que vai ser temporário e estou cada vez mais perto. Todos os dias. O mesmo ciclo.

Oito dias sem notícias da minha família.

Oito dias sem dar notícias a ela.

Oito dias que passaram como décadas para mim.

— Sabe, toda vez que aparece um mistério assim na minha família, o mundo acaba. Normalmente de sete a dez dias. — Cinco fala, esperando as portas do trem se abrirem para desembarcarmos.

— Acha que nossa linha do tempo está destruída como a maioria? — Eu me preocupo. Pior do que não voltar para casa, é voltar e não encontrar mais o mesmo mundo e seus entes queridos.

— Não sei. Agora eles estão com os poderes deles de volta. Podem ter feito merda de novo.

Ah, eu não precisava de mais essa preocupação para encher minha cabeça antes de dormir.

Nós descemos na nova estação, e Cinco manda eu anotar os detalhes, como em todas as estações anteriores. Não se parece nada com a nossa linha do tempo, mas temos que subir à superfície para tirarmos a prova. E catalogar se é mais um apocalipse para entrar na lista.

Já não sei quantos foram. Cinco disse que a maioria dos mundos não durou depois de 2019, e deve ser por isso que custamos a encontrar uma linha do tempo ainda regular.

Subimos todas as escadas, nos dando de cara com uma cidade. Uma cidade grande e bem movimentada. Eu facilmente confundiria com Nova Iorque, e escutar buzinas, pessoas, e máquinas até me faz sentir viva por um momento. É um mundo vivo. Eu sinto falta disso.

Me deixa curiosa como em vários prédios há propagandas em outdoors sobre uma academia de elite. Com aranhas por todos os lados e sete adultos posando para a foto, embaixo há o título Spider Academy. De todos os sete rostos, só reconheço o de Allison.

— Certo, também não é nossa linha do tempo — Cinco risca na folha do seu caderno. — Quer passear? Levar algumas roupas? Fazer compras…

Apesar do sarcasmo, eu respondo:

— As roupas eu até quero, mas nem vão nos deixar passar da porta. — Sujos e largados do jeito que estamos somos facilmente confundidos com pessoas em situação de rua.

— Então assista, querida — Cinco diz, satírico. Um tom que combina muito com seu novo visual: a barba por fazer.

Ele anda na minha frente e ajeita o paletó, entrando com naturalidade na loja de roupas ao nosso lado. Eu só observo tudo pela vitrine, vez ou outra enterrando minha cabeça com vergonha quando o vejo levantar uma peça acima de sua cabeça, me mostrando para saber se eu aprovo.

Não muito tempo depois, escuto gritos e um apito vindo de dentro da loja, e em seguida o meu chefe correndo com duas sacolas nas mãos. O segurança da loja vai atrás dele, prestes a alcançá-lo.

Cinco agarra o meu braço, nos teletransportando para o metrô antes do segurança encostar o aparelho de choque nele. Nós tomamos o fôlego de volta, atentos para saber se estamos mesmo seguros. Descemos a plataforma de embarque, e eu fico curiosa para saber o que há dentro daquela sacola, e se custou quase sermos pegos.

O Exílio - Cinco HargreevesOnde histórias criam vida. Descubra agora