CAPÍTULO 15
𝙰𝚋𝚎𝚛𝚝𝚞𝚛𝚊 𝙳𝚘 𝙳𝚒𝚊 421 𝙽𝚊 𝙰𝚐𝚎𝚗𝚍𝚊 - 29/11/2025
Cinco disse que não precisaríamos mais continuar viajando de metrô, já que encontramos o caminho para casa. Mas que poderíamos escolher umas das linhas do tempo para descansar e passarmos pelo luto. Eu disse que gostaria de ficar naquela casa de campo, onde havia uma estufa com morangos maravilhosos, e ele concordou com o lugar.
Nós seguimos o caminho de metrô até lá, que agora que conhecemos os atalhos do mapa, chegamos em dois dias. Nos acomodamos na casa, tomando um banho e fazendo uma refeição generosa. Jogamos algumas comidas estragadas fora e tiramos o pó, deduzindo que os donos não frequentam aqui há muito tempo.
Passamos uma semana cabisbaixos, sem tanta vontade de fazer piadas ou melhorar o clima. Boa parte do tempo ficamos em silêncio, só aproveitando a companhia um do outro. Não sei na dele, mas na minha cabeça eu só penso o que teria acontecido se tivéssemos descoberto antes.
Me pergunto em quanto tempo aquele mundo acabou, e se nós tínhamos chances de voltar a tempo. Me pergunto se eu realmente dei o meu melhor todos os dias nesse último ano, ou se eu deixei os dias passarem um atrás do outro, preocupada só com o meu cansaço.
São milhares de perguntas e de falsos cenários onde eu teria chegado a tempo. Onde eu estaria em casa, com a minha família, e que tudo não passou de uma fase. Mas não foi só uma fase. É o meu destino.
Estou destinada a passar um tempo indeterminado nesta casa com Cinco até eu conseguir conviver com a dor, e buscar outra vocação. Meus diplomas, além de estarem destruídos em outra linha do tempo, não servem de nada numa casa de campo.
Eu vou ter que aprender tudo do zero.
Talvez conseguir uma profissão na qual nunca me interessei na vida, ou que não tenha experiência.
E acordar todos os dias sabendo que não estou na minha linha do tempo, que estou na casa de um estranho, e que minha família não existe mais.
Vai ser assim daqui em diante. E eu vou ter que me acostumar.
Quando o sol se pôs, Cinco e eu fizemos nossa última refeição do dia, e voltamos para o quarto. Normalmente conversamos um pouco antes de dormir, assuntos sobre o dia ou planejando as tarefas do dia seguinte. Nós desejamos boa noite um para o outro e viramos para lados diferentes.
Esse é o pior momento do dia.
É quando a escuridão e o silêncio da noite invadem o quarto e eu me sinto mais sozinha do que nunca, mesmo com Cinco do meu lado. As perguntas em minha cabeça ficam mais vorazes e profundamente depressivas. Tanto que é o sétimo dia consecutivo que eu me levanto da cama e vou para a área externa da casa. Apenas para chorar.
Chorar sem acordar Cinco. Chorar e soluçar o tanto que meu corpo e mente precisar.
O frio extremo me faz tremer, cansando meus músculos até ficarem doloridos, mas sinto que preciso sentir essa dor. Ela precisa estar em outro lugar que não seja o meu coração, e se for nas costas ou nas pernas, por mim tudo bem.
Eu me sento no banco acolchoado da varanda, úmido pelo clima, e enterro meu rosto entre as mãos. Choro tanto que cada soluço é uma falta de ar maior. Eu não possuo nenhuma foto, muito menos vídeo, da minha mãe e irmã. Eu não quero me esquecer dos rostos e das vozes delas.
Eu não quero me esquecer dos cabelos curtos e o sorriso largo de Sophia. Não quero continuar envelhecendo enquanto ela terá para sempre quinze anos. E que nunca se formou no ensino médio. Nunca entrou para CIA como ela sempre quis.
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O Exílio - Cinco Hargreeves
FanfictionMarilyn decide que a melhor escolha para passar mais tempo com a família é saindo do emprego atual, sendo assistente de um oficial de operação extremamente rigoroso na CIA. Entretanto, com promessas e promoções tentadoras, ela decide continuar, part...