Recordações

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Narrador: Ao chegar em casa, Daniela estava destruída! Ouvir da mulher que ama, que essa ama outra pessoa, não é fácil! É preciso ter muito amor próprio para não dividi-la, como poderia acontecer nesse relacionamento a três. Mas batia no peito e insistia que:

- Nunca! Nunca! Apesar de toda liberdade que eu creio do ser humano, no amor, não dá pra tolerar certas coisas! Pelo menos, não com ela - apertava as mãos - eu a amo, a amo Deus! - escorregou até o chão, sentindo o ar faltar em seus pulmões.

Ficou ali agachada no chão do seu quarto por um bom tempo, escorada na sua cama.
Agora, teria que desarrumar suas malas, cancelar as passagens, traçar uma nova rota na sua vida depois daquela decepção amorosa. Estava tão decepcionada, que iria se fechar ao amor por um longo tempo, até sarar essa ferida aberta no seu peito.

Quando constatou que a outra não estava mais no seu apartamento, Malu voltou pra cama. Sentiu o cheiro doce da amada no seu travesseiro, nos seus lençóis, na sua pele... tinha certeza que agora, tinha conseguido a afastar de vez de sua vida!

- Não era isso o que você queria, Malu? - falou consigo mesmo - parabéns! Excelente atuação! Você conseguiu - e chorou, chorou, chorou, até sentir sua cabeça latejar mais uma vez!

Rapidamente, entrou no chuveiro e deixou cair a água pra tentar aliviar a dor. Terminou seu banho e tomou dois remédios para que pudesse fazer logo o efeito e aquela dor sumir ou diminuir.

Depois que cancelou todos os seus planos com a jornalista, Daniela refez seu planejamento, mas agora com suas filhas, que era o que importava pra ela naquele momento. Esperaria a poeira baixar e veria o que fazer de definitivo na sua vida.

O tempo passou. Já tinham 15 dias do ocorrido. Malu ainda continuava com algumas dores na cabeça, mas tentava não dar muita importância pra isso. Vivia a base de fortes remédios para que pudesse aliviar a pressão que sentia insistentemente.

Já Daniela, voltou a ensaiar seu novo disco. Não tinha como parar sua vida. Tinha que dar prosseguimento à ela. Se não fosse por si mesmo, mas que fosse por suas filhas.

Um dia, se arrumando pra ir a um evento à noite, em que fora convidada, deu falta de um vestido preto que amava usar. Automaticamente, lhe veio à mente, o lugar que a peça estava: no apartamento de Malu, assim como outras peças que também estavam lá. Deixaria pra lá, se fosse qualquer outra roupa, mas não abriria mão do seu vestido predileto. Pegou o celular e mandou uma mensagem para a ex - namorada:

- Boa noite, Malu - foi bem formal - preciso pegar algumas roupas na sua casa... roupas minhas que ficaram no seu armário. Como faço?

Enviou a mensagem e partiu para o evento. Ao chegar lá, sentiu seu celular vibrar com a resposta da outra:

- Oi, Daniela. Pode vir buscar amanhã, se você quiser. Não estarei em casa, mas deixo a chave na portaria.

Ao ler aquilo, seu sangue gelou. Logo pensou onde a outra poderia ir. Certamente, estaria com a namorada. Todo o ânimo que estava para o evento, se esvaiu ao ver a mensagem da outra. Mas era convidada de honra, tinha que manter a pose e a sua presença ali.

No outro dia, quando chegou ao apartamento da ex, tudo estava do mesmo jeito. O perfume dela ainda estava lá no ar, o que significava que tinha saído a pouco tempo. Era um dia de domingo e certamente estavam na casa dos pais da jornalista, no tradicional almoço de domingo. Sentiu sua garganta travar com a lembrança, mas partiu pra juntar suas coisas e sair o mais depressa possível dali. Quando terminou de pegar tudo, avistou um buquê de rosas amarelas na bancada da cozinha. Embaixo, tinha um cartãozinho. Sabia que era da namorada da sua ex ou para ela, a sua rival, mas sua curiosidade estava a matando pra ir lá e ver o que tinha escrito. E assim fez. Se aproximou e devagar, abriu o bilhete, que dizia:

Obrigada por mais um mês, meu amor!
Motivo da minha felicidade e do meu riso solto!
Que sejamos sempre assim, uma da outra, sem pressa pra nada nessa vida.
Eu te amo, minha jornalista!
Da sua, Jennifer!

Jennifer... então esse era o nome dela... e estavam comemorando mais um mês de relacionamento. Aquilo doeu tanto no seu coração, mas depois, o ódio a invadiu e ela quis rasgar o papel, mas se conteve e o colocou novamente no lugar.
Se ela ainda tinha alguma dúvida que aquela história toda fosse mentira, acabava ali as suas desconfianças.
Deixou cair uma lágrima e se arrastou até a porta, indo embora com o arrependimento de ter se importado em ir pegar aquelas malditas coisas.

Malu sabia que ela ia ver o bilhete e fez de propósito. Não queria que a outra, depois de um tempo, a procurasse mais. E com essa ida dela até seu apartamento, poderia tentar algo novamente, então, teve a ideia de comprar as flores e mandou o menino da floricultura escrever aquilo. Ela estava na casa dos seus pais, mas podia sentir de lá, a decepção mais uma vez, assolar a amada com aquele gesto.

Assim que chegou em casa, Daniela foi pegar uma caixinha que tinha vários recadinhos de amor de Malu pra ela, assim como bilhetes de buques de flores que a outra tinha lhe enviado durante esses dois meses que namoravam. Na raiva, rasgou um, dois, três, mas não teve coragem de rasgar o resto quando começou a ler as declarações da jornalista pra ela:

- Porque?? Porque você fez isso comigo, Malu? - perguntava ao vazio - eu não consigo entender!

Juntou tudo o que tinha sobrado e guardou a caixa novamente em seu armário. Demoraria, mas um dia, teria coragem de jogar tudo aquilo fora e esquecer que um dia, esteve nos braços da mulher que mais amou nessa vida!

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora