Tentando Te Encontrar

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Narrador: O dia passou rápido e ao final dele, Daniela tentou novamente falar com sua namorada jornalista. Nem tinha se dado conta que passou tanto tempo longe dela. E acreditem, pra quem está apaixonada como ela está, isso é muito!
Pegou o celular e apertou no número da amada. Quando a outra atendeu, se limitou a dizer:

- Oii, estou ocupada agora, te ligo mais tarde - e desligou o celular, nem dando tempo da outra falar pelo menos, um oi.

A cantora ficou estática onde estava e não teve reação pra ligar de novo. Como estava cansada do dia, dos ensaios, das milhões de coisas que teve que resolver, subiu ao seu quarto pra tomar um banho. Desceu e comeu algo. Foi conferir se as meninas já estavam dormindo e deu um beijinho em cada uma delas. Enquanto aguardava a ligação da outra, pegou um livro pra ler e acabou pegando no sono. Quando despertou já de madrugada, ao olhar seu celular, não tinha nenhuma ligação da amada.

- Oxenteee, Malu não me ligou? - se espantou.

Não estava entendendo nada, mas assim que amanhecesse, iria ao encontro da jornalista, já que seria sábado e essa não trabalhava nesse dia.

No outro dia, Malu saiu cedo de casa. Tinha um compromisso e aproveitaria pra ficar o resto do dia na casa de seus pais. Como ainda não queria encontrar com a cantora, desligou seu celular, pois sabia que ela poderia entrar em contato daquele jeito. Também, tomou a decisão de ficar aqueles dias na casa dos pais, porque pra todo caso, ela estava resolvendo um problema familiar.
Entrou no prédio onde era seu compromisso com o coração aos pulos, mas não tinha como fugir daquilo.

Ao acordar pela manhã, Daniela se arrumou e partiu com seu carro pra encontrar a namorada em seu apartamento. Agora, não teria como fugir dela. Mas ela estava fugindo? Pensou alto e sacudiu a cabeça espantando aquele pensamento doido que teve.

Chegou à portaria, mas foi informada que a jornalista não estava.

- Droga, ela ainda deve estar na casa dos pais - falou consigo mesmo - mas não posso ir até lá sem falar com ela - falou novamente e saiu dali.

Quando retornou pra sua casa, ao longo do caminho, tentou ligar para a namorada, mas só dava desligado.
Sabia que era algo da família, mas porque ela não dava sinal de vida?

Malu saiu do prédio arrasada, mais do que já estava! Em vez de ir pra casa, foi até à praia pra ver o mar... pra refletir tudo o que estava acontecendo com ela. E agora, o que faria?
Ficou lá sentada por muito tempo e depois, quando acalmou um pouco seu coração, voltou ao seu carro e ligou seu celular. Sabia que teria inúmeras ligações de Daniela, mas... pensou por um momento:

- O que vou dizer à ela? - bateu a mão fechada na porta do carro, mas assim que o aparelho ligou totalmente, recebeu uma ligação dela.

- Malu!!! - falou com ênfase - o que está acontecendo que não consigo te encontrar?

- Oi, Daniela - ignorou a frase e continuou - bom dia pra você também.

- Porque você está me tratando assim?

- Assim como, Daniela? - já suspirava.

- Não me atende, não me liga... quando falo contigo, você fala assim comigo? - já estava chateada com tudo aquilo.

- Como é que você quer que eu fale contigo, minha dona? - se irritou.

- Eiii - puxou o ar e tentou se acalmar - Malu, eu sei que você está com problemas na sua família, mas - foi cortada pela outra.

- Mas você não consegue entender isso, né?

- Eu estou tentando te entender, mas se você não me fala nada, como vou conseguir? - começaram uma pequena discussão.

- Se eu não lhe falei, é porque não quero compartilhar, será que é tão difícil entender isso?

- Me desculpe! Eu pensei que fôssemos parceiras, além de namoradas, que podíamos confiar uma na outra, mas acho que me enganei - foi baixando o tom da voz - me desculpe mais uma vez quanto a isso.

Malu não falou nada no outro lado da linha. Daniela também não, apenas disse, depois de um tempo:

- Vou desligar.

- Ok.

E desligaram o telefone.

Depois de 30 minutos, Malu já estava na casa de seus pais e viu seu telefone tocar novamente. Era a cantora.

- Alô - falou como se não soubesse quem estava ligando.

- Posso ir aí te ver? Deixa eu te ajudar, meu Amor.

- Melhor não. Eu ainda estou na casa dos meus pais e não vou poder te dar atenção.

- Tá certo - sentiu o nó na garganta.

- Tchau - desligou e quase jogou o celular na parede, tamanha era a raiva por estar fazendo aquilo com ela.

Lá, ficou o resto do dia. Tinha muito o que conversar com seus pais e suas irmãs. Talvez, só voltasse pra seu apartamento quando fosse segunda, de lá, iria trabalhar.

O domingo passou lentamente... Daniela, em seu consciente, se convenceu que estava sendo possessiva quanto a cobrar explicações à sua namorada sobre os problemas que ela estava tendo com sua família. Mas elas eram namoradas e já compartilhavam muitas coisas de suas vidas, inclusive, Daniela lhe falava de muitas coisas de sua carreira. Porque ela não agia da mesma forma? Assim que se encontrassem, ela arrumaria essa questão. Em uma relação, é preciso que ambas estejam na mesma sintonia quanto a isso. Daria esse tempo, mas amanhã, a procuraria novamente.

Na segunda, pela manhã, Malu foi ao seu apartamento, se trocou e foi ao trabalho. À tarde, estaria no comando do Salto Alto, mas sabia que teria que falar algo com sua namorada. Tinha dias já que não a via, que não se encontravam... mas deixaria pra fazer isso de noite.

Pela tarde, Daniela sintonizou na rádio para ouvir sua amada. Pelo menos assim, sabia o paradeiro dela. E assim que começou o programa, ouviu a voz rouca e linda da amada:

- Que saudades, meu Amor - falou pra si mesmo quando Malu deu o oi para os ouvintes.

Já à noitinha, quando voltou pra casa, ao abrir a porta do seu apartamento, encontrou Daniela parada, olhando o horizonte pela janela:

- Daniela? - se espantou ao ver a figura da amada ali.

- Oi, Malu, boa noite.

Malu não respondeu. Fechou a porta e jogou a bolsa no sofá. Sabia que teria uma conversa longa e difícil com a amada.

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora