A Primeira Batalha

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Narrador: Daniela partiu do hospital com um misto de sensações. Ao mesmo tempo que estava morrendo de raiva por tudo que a jornalista a fez passar, por outro lado, estava abalada com a descoberta da doença dela e com a revelação de Zilma sobre ela não querer fazer o tratamento.

Tinha três alternativas: esquecê-la de vez, mudando de estado ou até país, com suas filhas; ficar na sua cidade, mas seguir sua vida sem ela ou perdoa-la daquilo tudo que ela a fez passar, devido ao motivo ser aquela maldita doença.
Não sabia ainda o que faria, mas deixou seu medo aflorar quando pediu que ela fizesse o tratamento, ainda lá no hospital, pois não queria perdê-la.
Ficaria reclusa e daria tempo ao tempo. Talvez, não tomasse nenhuma decisão agora. Precisava respirar e pensar um pouco nela e em suas filhas... mas sabia que não seria fácil. Só lhe vinha à mente a ex-namorada, a doença dela, o fato dela ter pouco tempo de vida... com isso, resolveu que ficaria uns dias em sua casa no litoral para espairecer um pouco.

Uma semana se passou... Malu havia tido alta há 3 dias e já pensava em iniciar as sessões de quimio para tentar matar o resto daquela doença que ainda tinha em seu corpo. Como a cantora não tinha dado mais notícias, não a procurou. Já tinha feito ela sofrer demais e não queria que ela se sentisse na obrigação de ficar com ela, por causa da doença. De verdade, agora não estava sendo birrenta. Só não queria machucá-la mais.
Sendo assim, se afastou dos empregos e se preparou para a batalha mais importante da sua vida.

Depois que voltou do litoral, Daniela resolveu buscar notícias de Malu:

- Zilma? - falou receosa - tudo bem?

- Oi, Daniela - a outra atendeu entre um plantão e outro.

- Queria saber de Malu... está tudo bem? Ela já teve alta? - mordiscou o lábio inferior.

- Ah sim... graças a Deus! - suspirou - ela já está em casa, quer dizer, tá na casa de meus pais.

- Ahh certo - ficou muda e depois falou - ela já voltou ao trabalho?

- Não não. Ela se afastou de lá. Ela vai começar o tratamento com a quimio.

- Ela piorou? - disse assustada.

- Não, só tomou consciência e resolveu tentar se ajudar - sorriu - e eu estou agradecendo tanto a Deus por isso!

- Ah, que bom - sorriu também - que bom! Tomara que dê tudo certo!

- Vai dar, vai dar! Eu tenho fé!

Trocaram mais algumas palavras e no final, Zilma disse:

- Você não vai vê-la? Quer dizer, o que vocês resolveram?

- Não resolvemos nada, mas o que melhor que ela tem a fazer é seguir o tratamento e dar prosseguimento à vida dela.

- É uma pena que tenha acontecido isso tudo e minha irmã tenha sido tão cabeça dura!

- Sim, poderíamos ter evitado tudo isso, mas não há mais o que fazer - disse desanimada.

- Espero que um dia, vocês possam conversar e se acertar... se quiser, posso te mandar depois, o endereço da clínica que ela vai fazer o tratamento. Ela começa na próxima semana.

- Eu agradeço Zilma, mas não será necessário. Desejo do fundo do meu coração que ela fique livre dessa doença e possa ser feliz. Obrigada por me atualizar.

Se despediram e Daniela ficou refletindo um pouco sobre aquilo, mas depois pegou no sono, já que estava em sua cama para dormir, mas antes, sentiu seu celular vibrar. Era a ex-cunhada que estava te mandando o endereço como havia dito na ligação.

Quando chegou à clínica, Malu era só aflição e medo. Tinha ido com sua irmã médica e com sua mãe para essa primeira sessão. Teria que fazer 4 ciclos primeiro, de 3 vezes na semana, durante 1 mês. A proporção que fosse vendo os resultados, aumentaria ou diminuiria.
Sentou na cadeira trêmula e sentiu a agulha com os remédios serem injetados na sua veia:

- Nesse primeiro momento, você sentirá muita ânsia de vômito e enjoos, Malu - a enfermeira ia falando - mas depois da terceira aplicação mais ou menos, você vai ver que vai diminuir - ainda segurava a agulha na pele da outra - e vai se acostumando.

Malu balançou a cabeça afirmando que sim e sua irmã médica a acalmou também:

- Vai ficar tudo bem, Malu! O grande passo já demos, que foi ter tirado grande parte do tumor na cirurgia.

- E você ter aceitado fazer o tratamento, minha filha - embargou - já é uma grande vitória.

- Eu sei que sim, mãe - se mostrava confiante - mas estou com um pouco de medo.

- É normal, viu? - disse a enfermeira - mas tenho certeza que você vai tirar de letra. Você tem uma alimentação saudável, seus exames estão regulares, seu corpo físico também - sorriu - é só manter a fé.

Depois de 40 minutos recebendo as drogas na veia, Malu já estava sonolenta e já tinha tido ânsia de vômito por duas vezes, mas ainda não tinha vomitado. Sua irmã ainda estava lá com sua mãe e quando já se preparavam para sair da clínica, Daniela chegou à sala que a jornalista estava:

- Dam? - Malu falou um pouco zonza, sendo amparada pelas outras duas.

- Oi, Malu - sorriu de mansinho - já estão indo embora?

- Sim, acabou a primeira sessão - a senhora deu graças.

Nesse momento, a enfermeira chamou a mãe da paciente para lhe passar algumas orientações quanto aos cuidados do pós. Como Malu tinha sentado na cadeira, Zilma acompanhou dona Josinete, deixando as duas sozinhas, de propósito:

- Está muito enjoada? - Daniela se aproximou.

- Estou, demais - passou a mão no rosto.

- Posso te levar em casa? Quer dizer, você vai pra casa ou vai ficar em seus pais?

- Eu vou ficar em casa - colocou um cacho do cabelo pra trás - não quero ficar dando mais trabalho a meus pais.

- E vai ficar lá sozinha?

- Minha mãe vai ficar comigo esses primeiros dias, depois eu vou me acostumando e minhas irmãs vão revezando.

- Posso ficar contigo essa semana, você aceita?

- Eu não quero te dar trabalho e eu sei que você deve ter inúmeras coisas pra fazer da música, das meninas... - estava sendo sincera.

- Foi por isso que eu demorei tanto pra te conquistar né? - sorriu de mansinho, vendo a outra sorrir timidamente.

- Eu só não quero dar trabalho, de verdade.

- Eu vou falar com sua irmã, que vou te levar - ia saindo de encontro à elas, mas Malu a puxou devagar pela mão:

- Isso é um sim pra nós duas?

- Eu não estou aqui?

- Dam... - falou receosa.

- Vamos ter bastante tempo pra conversar e acertar tudo.

Malu não disse nada, apenas ficou a observando. Não negaria mais a ajuda dela. Não queria mais chatea-la e se ela estava ali, era porque queria e não porque estava com pena ou se sentia na obrigação de cuidar dela.

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora