Me Perdoa?

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Narrador: A segunda semana foi parecida. Malu foi todos os dias, mas os efeitos das drogas estavam diminuindo. Os enjoos, os vômitos, as fraquezas, não foi tão presente, mas na terceira semana, Malu se sentiu muito mal:

- Não tô entendendo porque estou com tanta dor, Dam - se lamentava ainda na clínica.

- Aumentamos a quantidade da droga, Malu - foi a enfermeira que respondeu.

- Mas porque? Não estava fazendo efeito? - Daniela e Malu falaram quase ao mesmo tempo.

- Não é isso, mas esse aumento já estava na sua prescrição médica - a acalmou.

- Que droga! - se aborreceu.

- Eiii, calma - Daniela sentou ao seu lado - você vai tirar de letra essas coisas que está sentindo.

Malu não disse nada. Esperou que acabasse a sessão para poder ir pra casa, mas não estava nada satisfeita com a onda de sensações ruins que estavam invadindo seu ser.

Ao chegarem em casa, encontrou com a mãe da jornalista que já não ia para sessões porque Daniela a acompanhava:

- Oi, minha filha. Foi tudo bem? - falou assim que abriu a porta.

- Tudo péssimo, mãe - passou rápido por ela pra ir vomitar.

- O que aconteceu? - a mãe falou espantada.

- Malu recebeu uma quantidade maior de remédios na veia... os efeitos colaterais estão mais aguçados e ela está sentindo muita dor no estômago - colocou a bolsa de lado - eu vou lá ver ela.

Chegou ao banheiro e Malu estava um caco... vomitava sem parar e sentia os olhos arder, e a testa estava ardendo de tão quente. Certamente, estava com febre por causa de alguma infecção. Daniela ao constatar isso, ligou imediatamente para o médico, marcando uma consulta.

Depois que voltaram da consulta, estavam mais relaxadas. A febre tinha cessado com um medicamento que Malu recebeu no consultório mesmo. Ela era decorrente de uma pequena infecção no estômago, devido à queda da imunidade de Malu.
Seguiram todas as recomendações do médico e Malu já estava melhor, mas um pouco abatida com aquela mudança repentina do que vinha sendo seu tratamento:

- Me iludi - falou quando deitou e viu Daniela ficar sentada na sua frente, já em casa.

- Pare com isso, Malu - colocou o cabelo atrás da orelha - você vai ver que é só uma fase. Aguente firme.

- Fica aqui comigo - falou meio que delirando, baixo.

- Eu fico, meu Bem - acariciou o cabelo da outra.

- Estou com tanto medo - se desesperou no choro.

- Não chore, não chore. Eu estou aqui com você, não precisa ter medo - se consertou e a trouxe pro seu colo.

- Dam, Dam - fungava forte o nariz - e se eu não aguentar?

- Olhe aqui pra mim - trouxe o seu rosto pra frente - você vai sair vitoriosa dessa batalha, confie em Deus, confie que vai dar tudo certo.

Deixou-se cair no choro novamente e acabou adormecendo nos braços da amada.

Já era madrugada e dona Josinete queria saber como a filha estava, já que mais cedo ela estava tão arredia e descrente do tratamento. Devagar, empurrou a porta do quarto e viu que ela dormia serenamente. Ela não... elas dormiam, uma nos braços da outra. Ao ver a cena, se emocionou e pôde constatar que ela estava bem, estava no colo de quem tanto amava.

No terceiro dia, do penúltimo ciclo, os efeitos já estavam amenos e Malu mais acostumada. Voltou a sorrir e pensar que daria certo tudo aquilo. No final de semana, Daniela foi pra casa, mas na terça-feira, estaria de volta ao apartamento da ex para acompanhá-la nesse último ciclo e aí, depois que passasse, faria os exames para verificar o estado atual da doença. Sabia que seria uma semana difícil e que Malu estaria muito ansiosa para verificar o resultado.
Na clínica já, as duas estavam esperançosas com o resultado. Tinham na cabeça que algo positivo sairia depois daquele primeiro mês de tratamento.

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora