Detalhes

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Narrador: As quatro mulheres saíram da clínica, mas Malu veio com Daniela e as outras duas, no outro carro. Zilma preferiu assim, porque queria manter a irmã mais tempo com a cantora e porque também, a mãe precisava passar em casa pra buscar algumas coisas que iria precisar.

No carro, Daniela vinha dirigindo, enquanto Malu estava recostada no banco com a mão esquerda tapando qualquer luz de entrar em contato com seus olhos:

- Dam - chamou baixinho - estou muito enjoada, não vou conseguir chegar em casa - tirou o cinto repentinamente.

- Deixa eu parar o carro - moveu o automóvel para o passeio, vendo Malu rapidamente abrir a porta.

Daniela também tirou o cinto e tocou as costas da outra:

- Vai vomitar?

- Estou enjoada demais, mas não consigo colocar pra fora - se lamentou.

- Estamos perto da sua casa. Aguenta mais um pouquinho.

Malu balançou a cabeça e voltou seu corpo pro carro, vendo Daniela dar partida novamente:

- Assim que chegar em casa, você toma um banho e descansa um pouco.

- Sim - limpou o rosto com um lenço que tinha na mão.

Ao chegarem em casa, as outras duas ainda não estavam lá. Ajudou Malu a tirar a sandália e a jaqueta que estava, mas quando disse que ia preparar alguma coisa pra ela comer, viu Malu correr para o banheiro. Lá, colocou tudo pra fora. Vomitou, vomitou por longos minutos, até não ter mais nada no estômago pra sair.

- São só os efeitos colaterais, Malu - tirava o cabelo da outra da face para não melar - já já passa.

A jornalista não disse nada. Sabia que aquilo era só o início de tudo que passaria para tentar se livrar daquela doença. Continuou enjoada, mas o vomito tinha cessado um pouco:

- Preciso de um banho - falou fraco, tentando tirar sua blusa.

- Vem cá, que te ajudo - Daniela a amparou, mas quando foi tentar tirar a peça, Malu voltou a vomitar.

Já tremia com a fraqueza no seu corpo e já não tinha mais nada para sair do seu interior. Sentou no vaso e se agarrou à cintura da cantora, já chorando.
Mais uma vez, foi amparada pela cantora e pela mãe e a irmã que já tinham chegado:

- Primeiro dia e eu já quase fiquei sem o estômago - falou entre o riso e o choro.

- Tudo vai ficar bem, Malu - alisou suas costas - vem, vamos aliviar essa tensão no corpo, vem.

- Se lembre do que a enfermeira disse - a mãe a incentivou.

- Exatamente, com o tempo, esses efeitos vão passando - a irmã médica incentivou também - mas agora, preciso ir para o hospital.

Se despediram e Daniela continuou com as outras duas no banheiro. Malu ainda tinha tido outra ânsia, mas agora, já tirava sua blusa pra entrar no box. Se despiu totalmente e entrou pra debaixo do chuveiro, deixando cair a água morna, da cabeça aos pés.
A mãe observava a filha, mas via como a ex-nora a tratava. Ajudava a estabiliza-la para tomar o banho e depois, buscou uma toalha pra que a outra pudesse se enxugar e sair do banho. Estava impressionada como a filha não tinha vergonha de estar na frente da outra assim. Com esse pensamento, saiu do banheiro e foi separar uma roupa pra Malu:

- Consegue comer alguma coisa? Beber um suco ou um mingau, Malu?

- Estou morrendo de fome, mas não sei se conseguirei manter qualquer coisa no estômago.

- Eu vou na cozinha, preparo e você tenta comer nem que seja um pouquinho - sorriu e deixou as duas no quarto.

- Malu - a mãe falou, a ajudando a desforrar a cama - você e Daniela voltaram?

- Não, mãe - puxou os travesseiros - não conversamos sobre isso ainda.

- E você fica assim, na frente dela? - disse surpresa.

- Assim como, mãe? - parou o que estava fazendo por um momento.

- Nua, minha filha!!! - quase gritou espantada.

- Ué - riu gostosamente - ela é a Daniela, mãe.

- Sim... e vocês não tem mais nada.

- Não temos, mas já tivemos - não estava entendendo o posicionamento da outra.

- Ah, sei lá... é um pouco estranho.

- Pra mim, não - entendeu onde a mãe queria chegar - criamos um vínculo de muita intimidade nesse tempo que namoramos, mãe - parou por um momento - foi tudo muito intenso, verdadeiro e conjugal, a ponto de não termos esse tipo de vergonha uma da outra agora que estamos separadas.

- Acho que é porque eu sou de uma outra época - sorriu.

- Deve ser... mas me sinto totalmente à vontade com ela - se deitou na cama, vendo a ex chegar com um mingau de milho quentinho.

- Eu sei que você adora esse - colocou a bandeja por cima de Malu que já estava recostada nos travesseiros - tenta tomar umas colheradas.

- Parece estar muito bom - se ajeitou e piscou pra mãe, que estava entendendo o vínculo das duas, mesmo estando separadas.

- Não quer que eu dê, né? - Daniela brincou, vendo Malu balançar a cabeça negativamente e dizer que não, entre uma risada e outra.

- Bom, vou preparar o almoço - dona Josinete resolveu deixá-las a sós.

- Já vou te ajudar - ouviu a cantora dizer.

- Vai depois, fica aqui me fazendo companhia - Malu pediu com dengo.

- Tô achando que você tá querendo que eu te dê na boca, esse mingau - gargalhou.

- Queria outra coisa... - a ficou olhando e se consertou na cama, mas não teve coragem de dizer, o que realmente queria.

Ficaram se olhando, mas a cantora quebrou o silêncio:

- Você não tem jeito, Malu Verçosa - foi se levantando - termina seu mingau e descansa um pouco - saiu sorrindo, mas ainda ouviu da jornalista:

- Eu vou te reconquistar, Dam - falou entre uma colherada e outra.

Saiu do quarto e Malu continuou tomando o líquido. Estava fazendo isso por ela, mas também, porque queria ter uma chance de viver. Agora que tinha a mulher ali, queria continuar a viver a história de amor delas.

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora