Pandemia - Parte VI - Raios e Trovões

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Narrador: E assim, passaram-se mais dois ou três  dias e com eles, chegou uma frente fria para aquela região. Como moravam próximo à praia, toda vez que tinha tempestade com raios e trovões, Malu ficava amedrontada por causa do perigo de estarem próximas ao mar.
Ainda não tinham voltado ao convívio amoroso, mas já se entendiam melhor e até faziam atividades diárias com as filhas. Ao anoitecer e a chuva engrossar, os raios e trovões se fizeram presentes:

- Do nada essa chuva, meu Deus - Malu estava debaixo do edredom.

- É Oxum mandando água pra onde precisa - sorriu abrindo a janela pra ver lá fora.

- Dam! Fecha essa janela, pelo amor de Deus!

- Não vai acontecer nada, Malu - sorriu e fechou a janela.

- Você sabe que não gosto dos trovões - ia continuar falando, mas ouviu um bem forte acometer aquela parte da cidade - aiiii meu Deus!

- Eiii, calma - chegou perto dela - larga de ser medrosa, a casa não vai cair não.

- Você não tem medo, mas eu tenho Dam - estava amedrontada mesmo.

- Ué, mas você não é filha de Iansã? - estava brincando com ela.

- Sou!!!! Mas não gosto quando ela está assim chateada - gargalhou.

A chuva caía torrencialmente e os raios também caíam de vez em quando e as mulheres continuavam na cama conversando:

- Vai lá ver as meninas, vai! - Daniela pediu - ver se elas estão precisando de alguma coisa.

- De jeito nenhum que vou andar por essa casa com esses trovões!

- Como tem medo essa minha mulher - balançou a cabeça a repreendendo.

- Elas estão bem - se agarrava ao edredom.

- Eu vou lá então - fez menção de se levantar, mas foi segurada pela esposa.

- Não, vai não, Amor!!! Não me deixa aqui sozinha não.

- Malu!!! As meninas são menores e não estão com esse medo todo, nem mesmo Bella!

- Se elas estivessem com medo, tinham vindo até aqui - ouviu mais um trovão e a porta do quarto se abrir com as meninas entrando.

- Mãe, mãe! - vinham rindo uma da outra, por causa do estrondo forte - deixa a gente dormir com vocês - se jogaram na cama fazendo farra.

- Estão com medo também, suas medrosas? - Daniela as abusava, pegando nas suas cinturas, dando-lhe cócegas.

- Deixa mãe, deixa - Bella estava com medo de verdade.

- Vem aqui, minha filha - Malu a abraçou - pode dormir aqui com sua mãe.

- Hahahaha, alguém vai ficar sobrando nessa cama - Alice se jogou e pegou logo seu lugar.

- Nada disso, eu quero dormir no meio - Márcia também falou.

- Vocês dormem aí, que eu e Malu dormimos nas pontas pra vocês não caírem - piscou pra jornalista.

- Uhuuuuu - as meninas fizeram um alvoroço e ficaram jogando conversa fora e gargalhando das histórias que Daniela contava e dos medos de Malu, todas vez que se ouvia o baralho do trovão.

A noite passou e ao amanhecer, a chuva tinha dado uma trégua. Malu tirou Bella do seu peito e viu quando Daniela abriu os olhos também, tirando a perna de Alice do seu corpo. Levantaram e foram até à cozinha preparar o café delas:

- Você dormiu bem? - Malu perguntou pra outra - porque eu... tô toda quebrada.

- Dormi um pouco, porque essas meninas tem um mal dormir horrível - sorriu.

- Logo ontem que eu queria ficar nos seus braços pra você me proteger dos raios e trovões - fez uma carinha de saudade.

- Você sabe que eu não preciso te proteger de nada... - ia juntando os quitutes pra levar para as meninas no quarto.

- Dam... - chegou perto dela - você vai ficar  fazendo greve? - tocou seu rosto.

- Eu? Eu não - sorriu - mas que você mereceria, merecia sim!

- Se é assim, você também merece, porque teve culpa no nosso desentendimento.

- Eu já me desculpei e prometi fazer diferente - beliscou um pedaço de uma fruta.

- Me desculpe por ter sido tão intransigente naquele período - pegou as xícaras - eu prometo também que vou tentar me controlar mais e resolver esse problema que me acomete todas vez que estou nesse período.

- Que bom, assim, não temos mais discussões por conta disso, nem por sua causa e nem pela minha - lambeu o dedo com a geléia.

- Então tá bom - ajeitou o resto das coisas na grande bandeja de café e roubou um selinho rápido da mulher - vamos fazer um programinha hoje à noite, vamos?

- Vou pensar no seu caso, minha esposa - deu as costas e pegou a bandeja, subindo pro quarto.

Malu não disse nada. Ficou a observando sair da cozinha. À noite, a pegaria de jeito e acabariam com aquela briguinha de uma vez. Saiu do transe e a acompanhou para ir tomar café com as filhas, na cama.

Extras - Daniela e Malu 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora