Meu Amigo Erick

Capítulo 18 - Contexto

Eu tinha passado o dia inteiro pensando em teorias que explicassem o que realmente estaria acontecendo, mas não consegui pensar em nada. Nada pelo menos que fizesse sentido.

Eu não conseguia acreditar que possivelmente, O Erick, ou a mãe do Erick matou o seu marido, e que nesse momento, aquela mulher pode estar sofrendo agressões do próprio filho! Não se faz essa conclusão de uma hora para outra, preciso de mais contexto.

Eu passei bastante tempo no quarto, sozinha com meus pensamentos, tentando entender como aconteceu, mas por um momento, me permiti esquecer um pouco tudo aquilo, tentar respirar algum outro ar que não fosse o investigativo.

Sai do quarto, me reconciliar com meus pais, conversamos, agora estamos bem, fizemos a noite do filme, comemos pipoca, bebemos refrigerante, foi muito legal. Amo os meus pais.

Já era onze horas da noite, eu fui dormir, o sono pesou os meus olhos, até poderia ficar um pouco mais com meus pais, que estavam ansiosos para maratonar naquela televisão. Mas eu quis descansar minha mente, era tudo o que eu precisava após pensar bastante.

Tomei um banho, me arrumei, me perfumei, fui dormir.

Então eu me vi na casa do Erick de novo, eu estava bêbada, e ele me oferecia mais e mais cálices de vinho. Eu estava vomitando nele, as lembranças do Vitor, contando a ele que o Vitor era um cafajeste, canalha e idiota por fazer o que fez com a Jane.

Então ele disse novamente o que eu já me lembrava: - Acho que ele deve morrer.

Eu me espantei, mesmo bêbada, algo em mim tinha entendido o que eu havia escutado. Só que eu não lembrava que ele tinha continuado o discurso:

- Que tal você pegar gasolina, ir para a casa dele quando todos estiverem dormindo, e acender fogo? - Disse pra mim.

- Não, Não quero fazer isso! - Eu dizia bêbada.

- Ele deve pagar pelo que ele fez, não acha? - Perguntou a mim. E eu não respondi.

Então eu acordei, desesperada, era apenas um pesadelo, meu coração estava disparado, eu olhei para o relógio ao lado da minha cama, eram onze e cinquenta e cinco. Me deitei novamente, tentando regular minha respiração, e os batimentos do meu coração.

Depois de um tempo eu me levantei, abri as cortinas na minha janela, olhei para o céu. A noite estava linda, era uma lua cheia, que clareava todo o ambiente. Dava para ver a rua, as casas dos vizinhos, o nosso carro, por aí vai.

Só que eu olhei para o passei do outro lado da rua, lá tinha uma mancha escura e estranha, eu me esforcei para ver, fiquei esperando enxergar o que tinha ali, talvez minha mente estivesse pregando uma peça.

Mas não era peça nenhuma, tinha um homem, um homem do outro lado da rua, vestido a preto, todo encapuzado, olhando para mim! Aquilo não era uma alucinação, eu tinha certeza do que eu estava vendo.

Aquele homem estava olhando para a janela da minha casa, onde eu estava! Então minha mente me lembrou...

O Erick sabia por onde eu estava andando, mesmo sem eu dizer a ele onde era a minha casa.

O Erick sabia que eu era a Marnie, mesmo antes de falar comigo pela primeira vez, depois de muito tempo, depois de muitos anos.

ELE ME LEVOU DE VOLTA PARA A MINHA CASA, QUANDO EU ESTAVA BÊBADA, DORMINDO NO CARRO DELE, EU NUNCA DISSE A ELE ONDE ERA A MINHA CASA!

Não é possível, eu devo ter dito a ele, eu devo ter dito a ele onde eu morava, quando eu estava bêbada, e não me lembro! Droga Marnie, lembra Marnie!

Eu olhei para o local novamente, ele estava lá, parado. Eu me desesperei, então da minha alma veio a expressão necessária, O GRITO.

Eu gritei desesperadamente, no mesmo momento, a porta do meu quarto de abriu, eram os meus pais, preocupados.

- O que foi Marnie?! - Meu pai me perguntou, me segurando pelos ombros.

- Ele tá aqui!! O Erick tá nos observando do lado de fora da casa!! Ele vai nos pegar pai, socorro!!

- Calma filha! - Minha mãe tentou me acalmar.

- Eu vou olhar da parte de baixo. - Meu paí saiu do quarto.

- Toma cuidado meu amor! - Minha mãe disse ao meu pai.

Minha mãe me puxou para a cama, me pondo no seu colo, me abraçando.

- Calma filha, você não precisa ver isso...

Depois de um tempo meu pai voltou.

- Não tinha ninguém lá. - Ele falou.