Cisplatina: o primeiro passo para a independência

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A brisa fria da noite acariciava os cabelos de Cisplatina, enquanto ele olhava para o céu estrelado, perdido em pensamentos. Estava farto daquela sensação de ser sempre uma extensão de algo maior, sem a liberdade que tanto desejava. De repente, o som de passos atrás dele o tirou de seu devaneio. Ele se virou rapidamente, apenas para encontrar Argentina, que se aproximava com um cigarro entre os dedos.

Argentina: "Olá, irmão. Como você está?"

Cisplatina se sobressaltou, mas logo relaxou, reconhecendo a familiar voz.

Cisplatina: "Olá,  Argentina..."

Argentina deu uma tragada profunda em seu cigarro antes de se sentar ao lado de Cisplatina, sem pressa.

Cisplatina: "Você não devia fumar tanto."

Argentina: "Velho hábito... Não se preocupe, sei o que faço." Ele soltou a fumaça, observando-a se dissipar na noite. "Agora me diga, o que está pesando em sua mente?"

Cisplatina suspirou profundamente, sabendo que essa era sua chance de desabafar. Ele olhou para Argentina por um momento antes de falar.

Cisplatina: "Eu já estou cansado de ser uma colônia. É exaustivo, sabe? Brasil tem sido gentil comigo, mais do que eu esperava, mas... eu quero minha própria liberdade. Quero ser independente."

Argentina deu mais uma tragada no cigarro, o olhar agora mais sério.

Argentina: "Entendo. Não é fácil viver sob a sombra de alguém, mesmo que esse alguém seja gentil. Você sente que é hora de traçar seu próprio caminho."

Cisplatina assentiu, frustrado.

Cisplatina: "Sim, é exatamente isso. Ele não é ruim comigo, mas não é meu. Eu não quero continuar sendo uma extensão dele, quero ser eu."

Argentina sorriu de lado, balançando a cabeça em concordância.

Argentina: "Eu passei por isso. Sei como é. Se você quer realmente se libertar, vou te apoiar. Mas, me diga, como quer que eu ajude?"

Cisplatina olhou para Argentina, grato por sua compreensão.

Cisplatina: "Eu quero expulsar Brasil do meu território, mas... ao mesmo tempo, não quero magoá-lo. Ele foi um bom irmão, mas essa não é a vida que eu quero."

Argentina: "Você não precisa magoá-lo, apenas deixar claro que está na hora de seguir em frente, de ser seu próprio dono."

Cisplatina: "Mas será que ele vai entender? E se ele lutar contra isso?"

Argentina deu uma última tragada e apagou o cigarro no chão, antes de responder.

Argentina: "Ele pode lutar no começo, pode não entender logo de cara. Mas se ele realmente se importa com você, ele vai aceitar. Todos nós, eventualmente, temos que deixar o ninho."

Cisplatina e Argentina entraram na mansão, com o peso de uma conversa importante pairando entre eles. Caminharam até o escritório de Brasil, onde o encontraram absorto, assinando papéis, visivelmente cansado, mas ainda focado.

Cisplatina: "Oi, Brasil... podemos conversar, ou você está muito ocupado?"

Brasil levantou o olhar das pilhas de documentos, percebendo a seriedade no rosto de Cisplatina Argentina.

Brasil: "Oi, Cisplatina... oi, Argentina. Claro, podem falar. O que está acontecendo?"

Ambos se sentaram diante de Brasil, o ambiente silencioso enquanto Cisplatina reunia coragem para expressar o que vinha pensando há tempos.

Cisplatina: "Brasil, eu... eu venho pensando muito sobre o meu futuro. E... eu quero ganhar minha independência. Sinto que chegou a hora de seguir meu próprio caminho, não quero mais ser uma colônia."

Brasil ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Cisplatina. Ele o olhou, e em seus olhos havia compreensão.

Brasil: "Eu entendo perfeitamente o que você está dizendo, Cisplatina. Eu já estive no seu lugar, e sei como é esse desejo de liberdade. Mas você sabe que eu não sou o único que exerce controle sobre você. Há mais forças envolvidas. No entanto, se você realmente quer isso, eu não vou te impedir."

Brasil fez uma pausa, o olhar firme mas gentil.

Brasil: "Eu deixo você seguir seu caminho, e saiba que, mesmo à distância, sempre vou te apoiar. Você tem todo o meu respeito e meu carinho."

Cisplatina sorriu agradecido para Brasil e se retirou do escritório, deixando um silêncio suave no ar. Argentina também começou a se levantar para sair, mas antes que pudesse dar um passo, Brasil estendeu a mão, segurando seu braço gentilmente.

Brasil: "Espera, Argentina... Podemos conversar um pouco?"

Argentina parou, intrigado, mas assentiu calmamente.

Argentina: "Claro."

Sem dizer mais nada, Brasil se levantou e caminhou até ele. Com um gesto carinhoso, colocou a mão na cintura de Argentina e o puxou para um abraço, apoiando a cabeça no ombro dele. Seus olhos se fecharam, como se buscasse algum conforto naquele momento. Argentina, inicialmente surpreso, sentiu o peso daquela aproximação, mas não disse nada.

Brasil: "Está tudo bem?" – murmurou, a voz baixa e cansada, como se estivesse carregando uma carga emocional há muito reprimida.

Argentina respirou fundo, sentindo o calor do abraço. Ele hesitou por um segundo, mas logo envolveu Brasil com os braços, retribuindo o gesto.

Argentina: "Eu deveria ser o único a perguntar isso..." – respondeu suavemente. "Você parece exausto, Brasil. Não deveria estar se sobrecarregando tanto assim."

Brasil não respondeu de imediato, apenas respirou fundo, o aperto de seus braços se afrouxando um pouco, mas ele não se afastou. Argentina, agora mais relaxado, começou a acariciar suavemente as costas de Brasil, tentando trazer algum conforto.

Argentina: "Eu ainda me importo com você, sabe?" – sussurrou, seus olhos olhando para o vazio à frente. "Mesmo depois de tudo."

Brasil: "Eu realmente queria muito descansar..." – murmurou contra o ombro de Argentina, sua voz carregada de cansaço. "Mas isso é difícil... com tantas responsabilidades, tanto trabalho acumulado... parece que nunca vou conseguir respirar direito."

Argentina sentiu a tensão no corpo de Brasil enquanto ele falava. Seu abraço ficou um pouco mais firme, como se quisesse transmitir segurança.

Argentina: "Eu sei, Brasil... mas você não pode carregar o mundo inteiro nas costas. Você tem que aprender a delegar, confiar mais nos outros, sabe? Não precisa fazer tudo sozinho."

Brasil suspirou profundamente, ainda sem se mover.

Brasil: "Eu queria... mas às vezes sinto que, se eu parar, tudo vai desmoronar. E ainda tem toda a questão com Portugal, os negócios que nunca acabam, os estados que precisam de mim... é muita coisa."

Argentina deu um pequeno sorriso, ainda acariciando as costas de Brasil.

Argentina: "Eu entendo que você tenha medo de soltar o controle, mas até os mais fortes precisam de um tempo para si. Você não vai desmoronar, e o mundo também não. Pelo menos, não enquanto você tiver pessoas ao seu lado, como eu."

Ele fez uma pausa, tentando medir o impacto de suas palavras antes de continuar.

Argentina: "Eu sempre estive ao seu lado, mesmo de longe. Talvez você não tenha percebido, mas eu me preocupo com você, Brasil. E sempre vou me importar."

Brasil se afastou levemente, apenas o suficiente para olhar nos olhos de Argentina, visivelmente tocado pelas palavras dele.

Brasil: "Você sempre foi... diferente, Argentina. Obrigado por estar aqui, mesmo quando eu nem sabia que precisava de alguém."

Argentina: "Não precisa agradecer. Só me prometa que vai cuidar de si mesmo. De verdade."

Brasil sorriu levemente, um sorriso cansado, mas sincero.

Brasil: "Eu vou tentar."

~Reencontro de infâncias: Entre Rivalidades e corações ~ Braarg Onde histórias criam vida. Descubra agora