Era a última noite de Rodolffo na casa e Juliette estava muito nervosa.
- Senhora Maria, pode ser a Eugénia a ir à sala de jantar? Estou tão nervosa que ainda deixo as bandejas caírem.
- Estás nervosa porquê? Já sabias o que te esperava.
- Deixa Juliette, eu vou. - disse Eugénia ao ver o nervosismo dela.
- Obrigada Eugénia.
Veio a noite e quando todos estavam recolhidos, Rodolffo bateu na porta de Juliette.
Está veio abrir e depois dele entrar correu a chave. Estava de olhos vermelhos por ter chorado.
- Não chores. O tempo passa depressa e logo estarei de novo aqui.
- Eu sinto que não vai ser fácil assim, mas lembra-te que eu estarei sempre à tua espera.
- Olha, comprei um presente para que te lembres de mim. Rodolffo retirou da caixa um fio de ouro com um coração onde um J e um R de brilhantes sobressaía.
- Tão lindo. Será meu companheiro para sempre.
- Qualquer coisa que precises pede à Maria. Ela prometeu que te ajudava.
Juliette beijou-o e depressa os carinhos passaram a sexo já com sabor a saudade. Rodolffo abraçava-a e tentava que ela parasse de chorar.
- Eu não quero levar a tua imagem a chorar. Quero ver os teus olhos lindos mas sem lágrimas. Os mesmos olhos que me prenderam assim que te vi pela primeira vez.
- Rodolffo não tenho nada para te dar para que te lembres de mim.
- Nem precisas. Deste-me o melhor de ti nestes últimos dias. Essa recordação é melhor que muitos e quaisquer objectos.
- Tenho este fio que era da minha avó e tem a medalha de Senhora de Fátima. Leva para te proteger.
- Deixa. Era recordação da tua avó. Eu posso perder e não me perdoaria.
- Mas eu quero que leves. Devolves-me no dia em que regressares para mim.
- Eu prometo que ele voltará a brilhar no teu pescoço. Agora preciso ir. Está na hora e já ouço movimento ali fora.
- Não quero.
- É necessário, Ju. Dá-me um beijo.
Os dois beijaram-se e depois ficaram abraçados em silêncio.
- Pronto, agora tenho mesmo que ir. - disse ele beijando-a novamente.
Espreita a ver se tem alguém no corredor.Juliette espreitou e depois de outro beijo Rodolffo saiu e dirigiu-se à cozinha.
Bebeu um copo de àgua e quando voltou deu de caras com o pai.
- Já aqui?
- Estou com dor de cabeça e vim tomar um comprimido. Espero conseguir dormir no avião porque não dormi nada.
- É a ansiedade.
- Vou ver se a Isabel está pronta tomar um duche rápido e descer com as malas.
- Vai lá. Vou falar com o Tomás.
Juliette voltou para a cama desfeita em lágrimas e a partir daquela hora não conseguiu dormir mais. Foi a primeira a levantar-se e quando Maria chegou para fazer o café, já ela tinha quase tudo pronto.