XII

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Era a última noite de Rodolffo na casa e Juliette estava muito nervosa.

- Senhora Maria, pode ser a Eugénia a ir à sala de jantar?  Estou tão nervosa que ainda deixo as bandejas caírem.

- Estás nervosa porquê?  Já sabias o que te esperava.

- Deixa Juliette, eu vou. - disse Eugénia ao ver o nervosismo dela.

- Obrigada Eugénia.

Veio a noite e quando todos estavam recolhidos, Rodolffo bateu na porta de Juliette.

Está veio abrir e depois dele entrar correu a chave.  Estava de olhos vermelhos por ter chorado.

- Não chores.  O tempo passa depressa e logo estarei de novo aqui.

- Eu sinto que não vai ser fácil assim, mas lembra-te que eu estarei sempre à tua espera.

- Olha, comprei um presente para que te lembres de mim.  Rodolffo retirou da caixa um fio de ouro com um coração onde um J e um R de brilhantes sobressaía.

- Tão lindo.  Será meu companheiro para sempre.

- Qualquer coisa que precises pede à Maria.  Ela prometeu que te ajudava.

Juliette beijou-o e depressa os carinhos passaram a sexo já com sabor a saudade.  Rodolffo abraçava-a e tentava que ela parasse de chorar.

- Eu não  quero levar a tua imagem a chorar.  Quero ver os teus olhos lindos mas sem lágrimas.   Os mesmos olhos que me prenderam assim que te vi pela primeira vez.

- Rodolffo não tenho nada para te dar para que te lembres de mim.

- Nem precisas.  Deste-me o melhor de ti nestes últimos dias.   Essa recordação é melhor que muitos e quaisquer objectos.

- Tenho este fio que era da minha avó e tem a medalha de Senhora de Fátima.  Leva para te proteger.

- Deixa.  Era recordação da tua avó.  Eu posso perder e não me perdoaria.

- Mas eu quero que leves.  Devolves-me no dia em que regressares para mim.

- Eu prometo que ele voltará a brilhar no teu pescoço.  Agora preciso ir.  Está na hora e já ouço movimento ali fora.

- Não quero.

- É necessário, Ju.  Dá-me um beijo.

Os dois beijaram-se e depois ficaram abraçados em silêncio.

- Pronto, agora tenho mesmo que ir. - disse ele beijando-a novamente.
Espreita a ver se tem alguém no corredor.

Juliette espreitou e depois de outro beijo Rodolffo saiu e dirigiu-se à cozinha.

Bebeu um copo de àgua e quando voltou deu de caras com o pai.

- Já aqui?

- Estou com dor de cabeça e vim tomar um comprimido.  Espero conseguir dormir no avião porque não dormi nada.

- É a ansiedade.

- Vou ver se a Isabel está pronta tomar um duche rápido e descer com as malas.

- Vai lá.  Vou falar com o Tomás.

Juliette voltou para a cama desfeita em lágrimas e a partir daquela hora não conseguiu dormir mais.  Foi a primeira a levantar-se e quando Maria chegou para fazer o café, já ela tinha quase tudo pronto.

Teus olhos negrosOnde histórias criam vida. Descubra agora