XXIII

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Rodolffo ia partir para cima do pai, mas Isabel pôs-se na frente e impediu.

- Não percas a razão  Rodolffo.   Ele não vale a pena.

- Imundo.  Espero que ardas no fundo dos infernos.

- Santinho. No que és mais que eu?  Meteste-te na cama de uma menina de 15 anos.

- Eu não a forcei.  E pretendo casar com ela.

- Elas dizem não,  mas querem dizer sim.  Não se sabem expressar.

-  O senhor é um canalha sem escrúpulos.  Quantas jovens não devem ter sofrido nas suas mãos.

- É só no início.  Depois com algum dinheiro tudo se resolve.

- Nem tudo se resume a dinheiro.  - disse Eugénia que vinha a chegar.

- Falou a puta mor.  Tu não recebeste dinheiro?

- Recebi,  mas porque me era devido pela empresa.  Eu fui despedida quando o confrontei com a gravidez.  Os meus pais morreram de vergonha pela que fez.  Achei justa a compensação.

- Acolhida nesta casa foste mais que compensada. - disse Maria.

Eugénia virou-se e pregou dois valentes estalos em Maria.

- Isto é por todas nós.  Porque eu sei que a senhora sabia de tudo o que se passava e acobertava o patife.

- Tornas a bater na minha irmã e vais sentir a minha mão também.

- IRMÃ?????

- Irmã sim.  A Maria está comigo desde sempre.  É a única que me entende.

- Irmã e não passa de uma serviçal do patrão.

- Por opção dela, mas agora vamos lá esclarecer o que se passou aqui.

- Passou que os podres da familia foram expostos.

- Eu quero todos fora da minha casa.
Só vai ficar a Maria comigo.

- Não podes fazer isso Francisco.

- Posso e vou fazer.  Todos para a rua.

- Eu vou procurar a Juliette, mas pretendo voltar para ajustarmos contas.

No exterior da casa ouvia-se um grande alarido.  Rodolffo veio espreitar e viu uma jovem querendo entrar e Tomás não deixando.

- Quem é a moça?  Pode deixar entrar Tomás.

- Quero falar com o senhor Francisco.

- Mas a senhora está  toda machucada no rosto.  Não é melhor ir ao hospital?

- Irei depois.  Agora por favor deixe-me falar com ele.

Francisco ouviu o seu nome e saiu de casa.

- Laura, o que está aqui a fazer?  Esquecemos alguma coisa na empresa?

- Esquecemos isto.
Ban Ban

Laura trazia a mão no bolso do casaco, retirou uma arma e disparou dois tiros na cabeça de Francisco que caiu por terra.

- Nunca mais has-de violar ninguém.

Ao dizer isto deixou cair a arma no chão e ajoelhou-se a chorar.
Todos estavam em pânico.  Rodolffo era o mais calmo e pediu uma cadeira para a moça se sentar.

- Podem chamar a policia.  Eu espero aqui. - disse ela.

Rodolffo pediu a Tomás para o fazer e foi falar com ela.

- Conte-me o que aconteceu.

- Comecei a trabalhar há uma semana.  Hoje fui manietada e agredida.  Tentei resistir e ele foi muito violento.  Isto que vê no rosto também tenho no corpo.  Violentou-me de toda a maneira e feitio.  Foram 3 horas de sofrimento atroz.  Veja os meus braços.  Até cigarros apagou em mim, nas costas está igual.
Vou para a prisão,  mas ele não fica cá para contar.  O senhor é o filho?

- Sim.

- Desculpe e peça desculpa por mim à sua família.

- Não se preocupe.  Vou arranjar um advogado para a defender.

- Mas era seu pai?

- É uma longa história.  Fique calma.

Apenas Maria estava ajoelhada a chorar ao pé do irmão.  Filomena Eugénia e Isabel estavam dentro de casa.

A polícia chegou,  tomou conta da ocorrência,  pediu a comparência do médico legista e de seguida levaram Laura.

- Tomás,  conheces o advogado da empresa?

- Sim.  O Doutor Augusto.

- Liga para a empresa e pede para vir aqui ainda hoje.  Não digas nada, deixa que eu falo com ele.

Assim que levaram o corpo, Rodolffo entrou em casa e quis falar com todas.

N/A

Querem mais drama ou tá bom?

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