XXV

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Acordei no dia seguinte bem cedo e senti o cheiro de café.
Tomei banho, vesti-me e quando
Cheguei à cozinha, Eugénia tinha a mesa posta.

- Dormiu bem Rodolffo?

- Dormi.  Custei a adormecer por causa da ansiedade, mas assim que peguei no sono consegui dormir bem.

- Então coma, porque o café está quentinho.  Tem pão fresco e bolo.
Encontrei a minha vizinha Adelaide e perguntei pela Juliette.   Ela disse para perguntar no comércio aqui perto onde ela trabalhou um tempo.

- Então vamos agora?

- Calma.  Só abrem às 9 horas.  Tem tempo de comer descansado.

- Descansado eu só fico quando a encontrar.  A minha Ju!
Deve estar a pensar tão mal de mim.
Quem recebeu as cartas que eu mandei?

- Deve ter sido a Maria.  Ela é que normalmente atendia o carteiro.

- Também preciso descobrir quem falsificou a letra dela na carta que eu recebi.

- Isso deve ter sido alguém da empresa.   Lá em casa ninguém tinha habilidade para isso.

Às 9 horas em ponto estavam na porta do comércio da senhora Alda.

- Bom dia.  A minha vizinha Adelaide disse-me que uma menina Juliette trabalhou aqui.  Nós andamos à procura dela.  Sabe dizer onde a podemos encontrar?

- Ah a Juliette!  Boa menina.  Só sei que quando saiu daqui disse que ia trabalhar na casa de um médico.   Não sei se aqui ou fora da cidade.

- Médico do hospital ou particular?

- Deve ser do hospital porque ela sentiu-se mal e foi a uma consulta ao hospital.   Não sei mais nada.

- Estava doente? - perguntou Rodolffo.

- Foi só um mal estar, mas quem são os senhores?- Alda teve receio de dizer que ela estava grávida.

- Eu sou dona da casa onde ela estava.  Este aqui é o meu patrão.  Precisamos muito encontrá-la.

- Pois é a unica informação que posso dar.  Se soubesse mais eu diria.

Saíram dali e Rodolffo deixou Eugénia em casa e foi ter ao hospital. Chegou na recepção e mesmo sabendo que as informações são confidenciais ousou perguntar.

- Menina desculpe, mas podia dizer-me se tem alguma ficha de doente com o nome de Juliette da Costa?

- Senhor, não posso dar essa informação.   É confidencial.

- Por favor.  E caso urgente.  Eu preciso encontrar essa jovem.  É muito importante.  - a esta altura Rodolffo apelava para tudo e de olhos rasos de àgua suplicava para que a recepcionista lhe desse a informação.

- Calma senhor.  Vou ver o que posso fazer.  Espere aqui.

Ela saiu e voltou com uma folha de papel.  Nela constava a morada da Eugénia,  o nome da Ju e ainda do médico que a atendeu.

- Este médico é de cá?

- Sim.  Ele é a esposa trabalham cá no hospital.

- Sabe se ele está cá agora?

- Mariana, o doutor Rafael está no consultório?

- Está sim.

- Siga este corredor, no final vire à direita e a seguir à esquerda 3° consultório.  Deve estar lá a enfermeira assistente, veja se ele o recebe.

Rodolffo agradeceu e percorreu o enorme corredor com a sensação de que estava no bom caminho.

Esperou um bom bocado até que ele terminasse o atendimento e foi reparando que a maioria das pacientes era mulher e grávida.

Um misto de alegria, dúvida e remorso foi-se instalando até que finalmente a enfermeira o chamou.

Teus olhos negrosOnde histórias criam vida. Descubra agora