Um mês depois e Rodolffo vivia desesperado. Os exames nunca mais acabavam e a angústia da falta de notícias só aumentava.
Andava nervoso, agressivo e pouco atento. Essa falta de atenção levou a que num dia, a caminho da faculdade sofresse um acidente. Distraído, atravessou a via fora da passadeira e foi atropelado por um colega que não o viu.
Apesar de não ser muito grave, teve um pé fracturado e por isso precisou ficar imóvel.
Depois de operado, Isabel levava-o e buscava todos os dias. O humor dele se não estava bom ficou bem pior.
- E agora como vou para Lisboa. Se ela já não está lá em casa como vou procurá-la?
- Primeiro vais tratar desse pé e depois vais. O médico diz que é questão de dois meses.
- Dois meses que podem significar uma vida.
Enquanto isso, Juliette seguia plena com a sua gravidez. Depois de todos os exames feitos e de constatar que tudo estava bem seguia auxiliando Inês com os bébés. Nas horas livres lia. Lia muito.
- Não tens vontade de voltar a estudar?
- Tenho, mas não tem como.
- Basta quereres. Onde estás? Coimbra, terra dos doutores. Disseste-me que gostavas de ser enfermeira. Luta por isso.
- Não completei o liceu. Falta-me o último ano.
- Começou à pouco tempo o ano escolar. Se quiseres podemos ver isso.
- E a gravidez. Eu vou ser julgada.
- E vais deixar que a opinião dos outros comande a tua vida? Não me parece que sejas assim.
- Não sou.
- Então vamos tratar da matrícula como trabalhador estudante que tem outros benefícios.
Inês conversou com o marido sobre o assunto e este foi totalmente a favor. Juliette teria um dos períodos do dia para ir às aulas e auxiliar Inês no restante.
Feita a matrícula, começou de imediato a aulas. Estava algumas semanas atrasada, mas depressa recuperaria com esforço e dedicação.
Não fossem a falta de notícias e as saudades de Rodolffo e ela estaria muito feliz. Ainda assim fazia um esforço por se mostrar contente e principalmente muito agradecida.
Agora mesmo estava a dobrar a roupinha que Inês lhe tinha dado e que já não servia aos gémeos.
Dos seus pais não recebeu mais notícias nem ela queria depois da bronca que lhe deram por ter cortado relações com a prima. Entretanto continuava a enviar algum dinheiro todos os meses.