Estava na hora de regressar. Rodolffo pegou uma roupa extra, escova de dentes e despediram-se de Eugénia.
- Quantos dias ficas aqui?
- Dei férias a toda a gente até ao dia dois de Janeiro. A Isabel vai tratar da minha transferência. Pelo menos até ao Natal, mas Juliette, não sei se me sinto confortável em ficar sempre na casa da Inês e Rafael.
- O meu quarto é na parte de baixo ao lado da sala. Eles dormem no primeiro andar, não incomodamos.
- É sempre um estranho em casa, mas eu entendo que não possas ir para a casa da Eugénia.
- Eu trabalho ali. Vou para o liceu de manhã e de tarde e noite sou o apoio dela.
- E não é muito trabalho?
- Não. Eu ajudo nas refeições e com as crianças. A faxina é feita por uma senhora que vem três vezes por semana.
- Mas precisas cuidar da nossa princesa.
- E cuido muito bem. Ela está perfeitinha aqui no forninho.
Pegaram o jantar e quando chegaram Rafael já tinha vindo do trabalho.
- Então vamos lá conhecer melhor o famoso Rodolffo.
Companheiro, cá em casa era Rodolffo o dia inteiro.- Que exagero doutor Rafael.
- Outra vez doutor? Aqui sou só Rafael. Para ti também Rodolffo.
- Rafael, a Inês disse que o Rodolffo pode dormir aqui, mas ele está com vergonha.
- Não é vergonha. Não quero abusar.
- Bom. Quem de verdade poderia importar-se eram os teus pais Juliette. Como eles não estão cá, eu autorizo-os a dormirem juntos. Até porque o perigo de engravidar já passou.
Rodolffo soltou uma gargalhada e Juliette acompanhou-o. Sentaram-se todos à mesa com os gémeos ali ao lado nos carinhos e Rafael quis saber sobre a Suíça.
- É tudo bom excepto o frio. Quer dizer, tudo bom se tivermos ao nosso lado os que amamos. No meu caso e de Isabel estamos lá sózinhos desde os meus 11 anos.
- Duas crianças sózinhas num país estranho. Não entendo o pensar de certos pais. Onde ficam as relações familiares?
- A minha mãe achava que uma boa educação e instrução chegava.
- Deve ter sido duro.
- Eu tinha a Isabel, no colégio. Depois tivemos o nosso apartamento e ficou melhor.
- E agora, Lisboa ou Coimbra?
- Esse é outro problema. Tenho que seguir o negócio da família e terminar o curso. Falta-me um ano.
- Estás em gestão não é?
- Acho que gestão só tem em Viseu. Não sei se o Politécnico tem esse curso.
- Tenho até ao fim do ano para decidir.
- E casamento? Quando vamos assistir ao casório?
- Por mim amanhã. - respondeu Rodolffo.
- Não é assim tão fácil e rápido.
- Porquê Inês?
- Rodolffo, a Juliette é menor precisa de autorização dos pais para casar.
- Vamos lá buscar a bendita autorização.
- Eu não vou. Só querem o meu dinheiro. Fiz 16 anos em Dezembro, posso esperar mais dois e depois caso.
- Rodolffo sabes que esta menina fez anos e não disse nada?
Por acaso o Rafael descobriu dois dias depois.- Podemos fazer a festa agora.
- Não preciso de festa. Estou contente assim.
- Bom, vou deitar-me. Estou cansado. Vens Inês?
- Depois de arrumar a cozinha.
- Vai lá Inês. Eu arrumo.
- E eu ajudo. Estou habituado pois lá na Suíça não tínhamos empregada.
Inês e Rafael subiram com os gémeos e eles dois terminaram de arrumar a cozinha antes de se recolherem.