XXVII

51 15 8
                                    

Era muita informação de parte a parte.

- Amor, eu fiquei muito mal quando o teu pai me atacou. Depois ninguém me ajudou, só a Eugénia.

- Ela veio comigo.  Eu estou na casa dela.  Não imaginas o que aconteceu lá em casa.  O meu pai foi assassinado.

- Quê?  Por quem?

- Uma outra vítima lá da empresa.  Tu não foste a primeira nem a última.

Rodolffo contou todos os últimos acontecimentos e Juliette estava em silêncio sem saber o que dizer.

- E agora como vai ser?  Eu não quero sair daqui.  Sabes que eu voltei a estudar?  A Inês incentivou-me.

- Que bom.  Vamos ver o que é melhor para os dois.  Eu vou pedir transferência da Universidade para Portugal, mas devo estar em Lisboa para tomar conta dos negócios ou nomear um gestor.

Por agora preciso pensar, mas eu só sei que não me quero separar de ti e da nossa princesa.

- Foi no último dia.  Tu não usaste camisinha.

- Sério?  Não lembro.  Acho que estava tão angustiado com a despedida que me esqueci.  E tu a passares por isso sózinha.   É isso que eu não perdoo.

- Estás aqui agora.  Nada mais importa.

- Desculpem interromper, mas preciso ir à cozinha preparar as mamadeiras.

- Deixa que eu ajudo, Inês.

- Deixa-te estar.  Eu faço sózinha.  Rodolffo hoje janta connosco?

- Se não incomodar.

- Não incomoda e também pode cá dormir.

- Aí já é abusar da vossa boa vontade.

- Não é.  O Rafael vai dizer o mesmo.  Essa menina sofreu muito com a sua ausência.

- Eu também com a ausência dela e a falta de notícias.  Posso ver os seus bébés?

- Vamos subir que eles daqui a pouco reclamam.

Subiram os três.   Inês deu a mamadeira a Artur e Juliette a Carolina.

Rodolffo observava o quanto Juliette estava linda com a bébé no colo e porque estava numa fase mais emotiva deixou cair umas lágrimas.

- São lindos, mas são gémeos diferentes.

- Sim.  São gémeos falsos.   A Carolina é mais lourinha.  O Artur é mais parecido comigo.  A Carolina é uma mistura dos dois.

- Ju, eu preciso ir falar com a Eugénia e dizer que te achei.

- Eu vou contigo.  Preciso agradecer-lhe também.  Posso Inês?

- Claro que sim.  Voltem para jantar.

- Voltamos sim, mas trazemos jantar do restaurante.  A Ju já sabe o que vocês gostam e vamos já encomendar.  Buscamos no regresso.

Os dois saíram de casa abraçados.  Rodolffo apertava-a tanto como se tivesse medo dela fugir.  Encomendaram o jantar e partiram para casa de Eugénia.

- Eu gé nia!!!  Olha quem eu achei. - gritou ele quando abriu a porta.

Ela apareceu e Juliette correu a abraça-la.

- Finalmente uma coisa boa acontece.  Deixa-me olhar para ti.  Estás grávida?

- Vou ser pai Eugénia.   Tens noção da minha felicidade?

- Obrigada pela ajuda Eugénia.   Os dois estamos muito gratos.

Juliette teve que contar de novo a sua trajectória desde a chegada e Eugénia ouvia muito atenta.

Não foi à toa que ela escolheu uma cidade pequena para comprar casa e viver a sua velhice.  Não que ela fosse velha, pois ainda pretendia trabalhar bastante antes de se aposentar.
Sempre teve consciência de que nas cidades pequenas as pessoas são mais humanas.

Teus olhos negrosOnde histórias criam vida. Descubra agora