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CAMILLE NARRANDO
10 de junho, 2024.
Acordei no sofá da casa dele, ainda com os olhos inchados de tanto chorar. Tavin estava ao meu lado, mexendo no celular, mas assim que percebeu que eu tinha acordado, me olhou preocupado.
- Tá se sentindo melhor? - ele perguntou, a voz baixa, como se não quisesse me pressionar.
Suspirei fundo, tentando organizar meus pensamentos. Mas a confusão e o aperto no peito ainda estavam ali.
- Mais ou menos - respondi, a voz rouca e fraca, enquanto me ajeitava no sofá. Meu corpo parecia pesado, e minha mente, um caos.
Tavin se inclinou um pouco mais para mim, deixando o celular de lado.
- Cê sabe que eu tô aqui, né? Não precisa carregar isso sozinha.
Assenti, tentando sorrir, mas o sorriso morreu rápido. Ainda estava doendo, ainda estava confuso.
- Eu sei... só... ainda tô tentando entender tudo. Tipo, como que eu fui parar nessa situação? - soltei, passando as mãos pelo rosto.
Tavin me observava, esperando que eu continuasse. Eu sentia que precisava desabafar, mas ao mesmo tempo, era difícil colocar tudo em palavras.
- Eu nunca imaginei que ia me sentir assim... - comecei, com a voz baixa. - O Apollo sempre foi aquele cara que eu evitava, aquele tipo de pessoa que me irritava só de olhar. Mas, depois daquele beijo, foi como se tudo tivesse mudado de lugar. E aí... ver ele com a Júlia...
Minha voz falhou um pouco, e Tavin balançou a cabeça, como se entendesse.
- É normal se sentir assim, Milla. Cê não tem culpa. E, pelo que cê me falou, ele tá jogando, né? - ele disse com uma mistura de preocupação e raiva por mim.
- Não sei, Tavin. Eu só... não consigo entender. Por que ele faria isso? Primeiro ele me beija, depois tá lá com outra garota, e logo a Júlia.
- Ele é um idiota, Milla - Tavin respondeu firme, me puxando pra mais perto. - E você não merece esse tipo de coisa.
Tavin me puxa para mais perto, me envolvendo em um abraço reconfortante, enquanto eu tentava controlar as lágrimas que insistiam em voltar.
- Sabe o que cê precisa agora? - ele começou, com a voz mais suave. - Dar um tempo pra sua cabeça. Não precisa pensar no Apollo, nem na Júlia, nem em nada disso agora. Vem, vamos dar uma volta, tomar um ar. Vai te fazer bem.
Eu balancei a cabeça, tentando seguir o conselho dele. Levantei do sofá devagar, ainda me sentindo pesada, mas a presença do Tavin me dava um pouco de paz.
Tavin pegou as chaves e saímos de casa. O sol estava começando a nascer, e a brisa fresca me ajudou a clarear a mente. A gente andava em silêncio pelas ruas, mas não era um silêncio incômodo. Era como se só de estar ali ao lado dele, já fosse o suficiente pra me acalmar.
