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CAMILLE NARRANDO
5 de setembro, 2024.
Às vezes, eu sinto como se estivesse ficando um pouco afastada das batalhas de rima. A correria do dia a dia tem me consumido, e a saudade daquele clima, da tensão do improviso, tem apertado meu peito. Hoje eu decidi dar um tempo da rotina e fui colar no Ana Rosa. Não costumo aparecer lá com frequência, mas sempre que vou, o rolê tem uma energia única, algo que me chama de volta. Acho que é isso: a saudade batendo forte.
O dia tava tranquilo, mas dentro de mim, a agitação tava a mil. Quando cheguei, a praça já tava lotada, e a galera já tava se organizando, mas ainda não rolava aquele pico de energia. A batalha ainda não tinha começado, e eu sabia que o maior peso ia vir mais tarde, mas a tensão no ar era palpável. Me sentei em um canto e fiquei observando, curtindo aquele momento antes do caos, pensando no quanto faz tempo que não sentia aquela adrenalina.
Fui me aproximando do palco improvisado, onde alguns MCs já estavam se preparando. Vi os caras se aquecendo, ensaiando uns versos, enquanto outros estavam trocando uma ideia rápida. A galera tava nervosa, com a adrenalina subindo, se aquecendo mentalmente pro que vinha. Eu estava ali, só observando, tentando absorver tudo e me lembrar do que é estar no centro da parada.
Foi então que o Kairos e o Grecco chegaram do meu lado, junto com o Black Panther, que tava filmando tudo com o celular, registrando o clima da praça.
— E aí, Camille! — Grecco falou, com aquele sorriso de sempre, se aproximando e colocando o celular na minha cara. — Salve, rapaziada! Estamos começando mais um giro nas batalhas! E quem a gente tem aqui, hein? A nossa musa das rimas, Camille! Como é que tá, minha parça? — Ele jogou a mão por cima do meu pescoço de forma descontraída, e Black Panther continuou filmando com o celular, capturando toda a cena.
Eu dei uma risada, um pouco sem jeito, mas não podia negar que esse tipo de atenção me fazia sentir algo bom, como se estivesse voltando ao lugar onde sempre estive, no centro de tudo.
— Ah, nem é tudo isso, Grecco — eu respondi, brincando, mas sabia que ele tava fazendo a pergunta mais por zoeira do que por curiosidade. A vibe dele era sempre essa, leve, sem compromisso.
— Mentira, Camille! A galera aqui já sente falta de você nas batalhas, tá ligado? — Kairos disse, dando um soco amigável no meu ombro. — Tá na hora de você voltar pro jogo, porra! Não dá pra ficar longe por muito tempo, não.
Eu ri, meio desconcertada, mas a ideia parecia me agradar. Fazia tempo que não me sentia tão empolgada com uma batalha. Talvez eu precisasse realmente disso. Talvez a resposta pra essa saudade fosse essa mesma: voltar àquele lugar.
— Eu rimar hoje, caralho! — eu gritei, empolgada, e o pessoal começou a pular junto comigo, sentindo a energia do momento. Era bom estar de volta, mesmo que por um dia.
